Um, dois, três pássaros na mão. Mas eles voaram e os pontos também
À meia hora de jogo, não era exagero afirmar que o Vitória SC deveria estar a vencer por mais de um golo de diferença para quem assistia ao que se passava num Estádio D. Afonso Henriques com 21.353 espetadores. André Silva marcara na recarga de um penálti e Jota Silva vira Diogo Costa negar-lhe o 2-0 por duas vezes. Apesar do golo sofrido, o guarda-redes portista esteve brilhante ao longo dos primeiros 45 minutos, dando à sua equipa o fôlego de que precisava para empatar contra a corrente do jogo, ao minuto 39.
Esse golo encerrou a avalanche de oportunidades do lado vitoriano e iniciou o período de equilíbrio que viria a ruir as esperanças vitorianas de triunfar de novo sobre os dragões, algo que não se verifica desde a época 2015/16. O golpe de misericórdia surgiria na segunda parte, por Francisco Conceição, num lance em que um corte mal direcionado de Tomás Ribeiro teve influência. A equipa de Álvaro Pacheco perdeu mesmo e está agora na sexta posição, atrás do vizinho Moreirense.
De preto e branco vestida, a equipa de Álvaro Pacheco entrou no relvado D. Afonso Henriques, brindada com cachecóis ao alto, sob a promessa de se manter fiel à identidade. Esse onze apresentava uma novidade, contudo: Borevkovic aparecia no meio do trio defensivo em vez de Manu Silva, concluindo um interregno de 18 meses sem qualquer jogo a titular ao serviço do Vitória.
O futebol, contudo, assemelhou-se àquele que a equipa tem tentado exprimir no último mês: trocas de bola ao primeiro toque entre médios, a procura por João Mendes para criar espaços ou por Jota Silva para atacar a profundidade e as costas da defesa portista. E a fórmula resultou (em parte): o Vitória adiantou-se no marcador aos 17 minutos, criou uma mão cheia de oportunidades para dilatar a vantagem, aproveitando a subida dos dragões, mas acabou castigada numa das raras vezes em que os dragões incomodaram a baliza vitoriana, fixando o 1-1 ao intervalo.
Depois de um arranque com um remate para cada lado – Jota Silva para o Vitória e Evanilson para o FC Porto -, a equipa da casa assentou o seu jogo e impôs com naturalidade a ligação entre os três setores, descobrindo quase sempre soluções para chegar ao último reduto portista. Numa dessas ocasiões, o lateral direito do FC Porto tocou com o braço na bola e Nuno Almeida assinalou penálti; chamado a bater, André Silva atirou para defesa de Diogo Costa, mas, à segunda, na recarga, fuzilou as redes.
O Vitória vencia por 1-0 e só não dilatou a margem por causa da qualidade superlativa de Diogo Costa na baliza portista; o internacional português negou o golo por duas vezes a Jota Silva, quando o extremo entrou na área enquadrado com a baliza, e fez uma extraordinária defesa a um remate portentoso de André Silva, aos 34 minutos, antes de se opor também a um remate de Ricardo Mangas.
O jogo, porém, tornou-se mais quezilento a partir do minuto 30, com várias faltas e vários jogadores caídos. Apesar da inoperância ofensiva, os comandados de Sérgio Conceição aproveitaram para respirar e, numa das raras chegadas à área vitoriana, marcou: Francisco Conceição cruzou longo da direita, para o segundo poste, onde apareceu Zaidu a cabecear de cima para baixo, para o fundo das redes.
Estava reposta a igualdade contra a corrente do jogo, e o Vitória perdeu muito do ascendente que tinha, sem perder a compostura e ceder definitivamente as rédeas do encontro ao adversário.
O Vitória nunca se rendeu, na verdade. Mas cumprida a primeira meia hora de jogo, faltou-lhe sempre escalar aquele degrau decisivo para voltar a marcar ou deixar a retaguarda portista sob severos calafrios.
O Vitória raramente foi inferior ao FC Porto na segunda parte, mas os dragões estiveram mais confortáveis em campo e precisaram apenas de um par de incursões à área para virarem o jogo a seu favor – Francisco Conceição apareceu com espaço na sequência de um corte defeituoso de Tomás Ribeiro, enquadrou-se com a baliza e atirou para o fundo das redes.
Restava meia hora para a equipa de Álvaro Pacheco correr atrás do prejuízo, algo que, de facto, aconteceu. O corredor direito, para onde descaía Jota Silva, foi o privilegiado, mas pareceu faltar sempre qualquer coisa para a equipa conseguir mais do jogo.
A dança das substituições no lado vitoriano começou à entrada para o último quarto de hora, com pouca influência no curso do jogo. Os cruzamentos sucederam-se, as trocas de bola foram inúmeras, mas só um remate de longe de Dani Silva ameaçou a baliza portista; Diogo Costa, o melhor em campo, disse mais uma vez presente.