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Marco Silva no mundial de obediência canina: “Isto abriu-me portas”

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ terça-feira, agosto 17, 2021
© Direitos reservados
Com o "border collie" Nagarabi Grim, o vimaranense foi 92.º classificado entre 100 participantes, numa prova “acima da expetativa”. Em estreia num mundial, tomou nota do que há a melhorar em Portugal.

O sonho do mundial estava vivo desde 2015, quando presenciou ao vivo os melhores da obediência canina, e concretizou-se na quinta-feira: ganho o direito a competir entre as 100 melhores duplas do planeta, o vimaranense Marco Silva e o border collie Nagarabi Grim entraram no indoor de relva sintética de Berna (Suíça) para uma prova que esteve a um salto falhado de ser um “brilharete”, mas que, ainda assim, foi “muito acima da expetativa”.

“Falhámos dois exercícios: o primeiro e o último. O último erro foi pior, mas, no primeiro, ele teve azar. Não conseguiu apanhar o apport [um haltere de madeira] à primeira. Depois, quando foi para trás, já não conseguiu dar o salto”, descreve.

Se Nagarabi Grim tivesse apanhado esse apport e saltado logo de seguida, a única dupla portuguesa em competição teria somado “muito mais pontos” e concluído o evento acima do 92.º lugar que lhe coube. Pela primeira vez na alta roda da obediência, o educador canino de São Cristóvão de Selho soube logo no primeiro dia da qualificação que não seria último – ficaram quatro concorrentes atrás – e que não iria à final, como já esperava; passavam os 10 melhores de cada um dos dois dias de apuramento.

 

“Não estava habituado àquele ambiente fechado”

Ciente de que a ida à Suíça lhe vai permitir crescer, face ao “contacto direto com os melhores” e à “troca de ideias e de contactos” – “abriu-me portas para este mundo”, resume -, Marco Silva enalteceu o desempenho “cinco estrelas” do border collie face à difícil adaptação a um novo ambiente.

O vimaranense chegou à Suíça quatro dias antes do início do evento, precisamente para “ambientar” Nagarabi Grim, mas o cão pouco comeu no período que antecedeu a competição, exibindo “alguns problemas de alimentação” já vistos no passado. A falta de Mignollo, border collie que lhe costuma fazer companhia na Associação Vimaranense Super Cães, também o afetou, tal como a obrigatoriedade de dormir fora do sítio habitual.

Chegou a prova e a dupla teve de mostrar o que vale num espaço fechado em relva sintética, tapete que não é utilizado nas competições nacionais. Confrontado com as negas de vários espaços indoor para treinar Nagarabi Grim, Marco Silva conseguiu pelo menos a relva sintética, num dos campos do Grupo Desportivo de Serzedelo, graças à autorização do seu presidente, Joaquim Faria. “Ele não estava habituado àquele ambiente fechado”, sintetiza.

O espaço tinha ainda duas pistas, algo a que os representantes lusos também não estavam habituados. Com a plateia reduzida aos concorrentes face às restrições da covid-19, as duplas dos países mais representados eram sempre brindadas com “muitas palmas” no final da prova. O barulho acabou por distrair o seu border collie.

Para Marco Silva, esses pormenores trouxeram ao de cima o que precisa de mudar em Portugal: “Vamos ter de tornar as coisas mais parecidas com o mundial para, na próxima vez, termos mais sucesso”, reitera. Essas retificações também podem vir a acontecer na sua própria escola.

Quanto ao próximo mundial de obediência canina, está marcado para 2022, em Riga, capital da Letónia.

 

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