Maré alta do têxtil vale reentrada no top 10 dos municípios exportadores
Em 2021, Guimarães não só inverteu a tendência de quebra das exportações que se verificava desde 2018, como atingiu a receita mais elevada desde 2011, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística, agregados pelo Jornal de Guimarães.
O concelho mais populoso da sub-região do Ave arrecadou, no último ano, 1,56 mil milhões de euros, valor que traduz aumentos de 23% face a 2020, o ano mais afetado pela pandemia de covid-19 – a quantia de 1,27 milhões foi a menor desde 2014 – e de 10,7% face a 2019. As exportações vimaranenses corresponderam, no ano passado, a 2,46% do total nacional – 63,48 mil milhões de euros -, a 6,7% do Norte – 23,28 mil milhões – e a 18,1% do Ave. As exportações da NUTS III cresceram 24%, rumo aos 4,28 mil milhões.
O crescimento das vendas alastrou-se aos vários setores da economia vimaranense, mas foi mais notório naquele que é o seu motor central: a indústria têxtil e do vestuário. Todos os anos responsável por pouco mais de 60% das exportações do concelho, esse ramo gerou 965 milhões de euros em exportações no ano passado. Essa foi a quantia mais elevada entre os 308 municípios de Portugal, traduzindo um crescimento de 22,8% face a 2020 e de 11,7% em relação a 2019.
A maior saída para o estrangeiro de jogos de cama, produtos de malha ou artigos técnicos acompanhou a tendência nacional: as exportações de têxteis e vestuário atingiram, em 2021, o recorde de 5.419 milhões de euros, revelou a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) a 09 de fevereiro. Guimarães contribuiu com um sexto (17,8%) das receitas daquele que a ATP classificou de “melhor ano de sempre”, com Espanha, França e Estados Unidos da América a firmarem-se como os três principais destinos exportadores.
Se as exportações atingiram o pico da última década, as importações seguiram a tendência, e com um crescimento ainda mais saliente. As compras ao exterior ascenderam aos 928 milhões de euros no ano passado, representando uma subida de 45% em relação a 2020 (640 milhões) e de 24,1% face a 2019 (747,67 milhões).
Muito por influência do algodão, cujo custo aumentou dos 200 para os 306 milhões de euros, as importações vimaranenses atingiram pela primeira vez o patamar dos 900 milhões, ditando a estagnação da balança comercial face a 2020 e até a diminuição face a 2019. No ano transato, a diferença entre exportações e importações foi de 634 milhões. Em 2020, fora de 629,57 milhões e, em 2019, de 663,43 milhões.
O sétimo mais exportador de Portugal. O terceiro do Norte
O retrocesso vivido desde 2018 atirou Guimarães para fora do lote dos 10 municípios mais exportadores do país em 2020; no ano em que a pandemia mais assolou o tecido económico internacional, o município do Vale do Ave cotou-se apenas como o 11.º mais vendedor, a posição mais baixa desde 2011. A aceleração da indústria têxtil foi o antídoto para o cenário se inverter no ano passado: a quantia de 1,56 mil milhões de euros foi a sétima mais elevada entre os 308 municípios do país.
Lisboa, Palmela e Vila Nova de Famalicão, pela respetiva ordem, compuseram o pódio dos maiores exportadores, seguindo-se na tabela Maia, Sintra e Setúbal, o município com a balança comercial mais positiva (1,07 mil milhões). Com 634 milhões de saldo positivo, Guimarães apresenta a quinta balança comercial mais elevada, atrás de Famalicão (890 milhões), de Santa Maria da Feira (839,63 milhões) e de Barcelos (651,25 milhões). Atrás, Felgueiras, Évora, Marinha Grande, Oliveira de Azeméis e Sines fecham o lote dos 10 principais. Maior exportador nacional, Lisboa é também o maior importador e apresenta o maior défice comercial (10 mil milhões de euros).
Mais volumes exportados no calçado e também no setor metalúrgico
Destinadas, na maioria, ao território da União Europeia (70%), as exportações tiveram no setor têxtil o mais relevante – 61,8%; em 2020, essa fatia fora ligeiramente superior (61,9%).
O calçado é o setor que se segue, tendo recuperado o terreno perdido face a 2019: exportou 183,36 milhões em 2021, depois de ter arrecadado 155,27 em 2020 e 183,38 em 2019.
Já o setor metalúrgico obteve uma receita de 121,41 milhões de euros no ano transato, o que perfaz um crescimento de 15,3% face a 2020 e de 1,7% face a 2019. Já as exportações de máquinas e aparelhos, o outro setor com representação superior a 2%, apresentou um crescimento de 33% face a 2020; as vendas de 2021 cifraram-se nos 101,27 milhões de euros.