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Monólogos da Vagina: "Não saímos indiferentes destes temas"

Carolina Pereira
Cultura \ quarta-feira, fevereiro 09, 2022
© Direitos reservados
Monólogos da Vagina vão estar em Guimarães nos próximos dias 11 e 12 de fevereiro. A peça tem alertado o público, com humor, para questões que afetam as mulheres, mas sem deixar ninguém indiferente.

Escrito pela autora norte-americana Eve Ensler, Os Monólogos da Vagina tratam-se de uma peça teatral que, como o nome indica, é composta por vários pequenos monólogos que abordam temáticas ao redor da experiência sexual feminina.

Em Portugal, com encenação de Paulo Sousa Costa, o centro das tábuas é reservado para Teresa Guilherme, Marta Andrino e Sofia de Portugal, que se pronunciam acerca de questões tabu como sexo, prostituição, imagem corporal, amor, violação, menstruação, mutilação genital feminina, masturbação, nascimento, orgasmo e outras que afetam de alguma forma a vida da mulher. Aliás, é costume da autora adicionar um novo monólogo, a cada ano, a falar de novas problemáticas, pelo que a peça vai sempre ser palco de surpresas. Em 2003, por exemplo, Ensler, escreveu um novo monólogo chamado Under the Burqa, traduzido para “Sob a Burca”, que explora o sofrimento das mulheres no Afeganistão que estão sob o domínio dos talibãs. Em 2004, escreveu sobre a identidade de género para o monólogo They Beat the Girl Out of My Boy, que se traduz para “Eles tiraram a rapariga do meu rapaz”, depois de entrevistar um grupo diversificado de mulheres trans, que falaram sobre o combate contra quem tentou impor-lhes um sexo com o qual não se identificavam.

Ao Jornal de Guimarães, Marta Andrino, uma das protagonistas da peça, explica como as histórias que vão sendo partilhadas, com realidades tão cruas, podem comover quem as ouve pela primeira vez. “Estamos ali também como defensoras das mulheres, contando as histórias mais bonitas ou mais dramáticas. Estamos escudadas pelas personagens. Nós passamos pelos ensaios e como artistas faz parte também abordar temas mais difíceis, mas também desafiantes. Para o público, essas variações é que vão sendo duras”, refere a atriz.

Ao longo dos monólogos percebe-se que a vagina é o tema recorrente em toda a peça e é a personificação máxima da individualidade, mas para Marta Andrino, a mulher é a protagonista. “Falamos muito de vaginas, mas as várias vozes que ali representamos são mulheres, reais”, aponta. No fundo, o objetivo passa por fazer com que cada espetador, através de gargalhadas e do impacto dos temas, reflita e tire a sua ilação, aliás “é essa uma das funções do teatro. Sentir e sair de lá sentindo. Deixar várias coisas que ficam a ecoar no nosso corpo o tempo que entendermos” como afirma Marta Andrino.

“Acredito que ao saírem do espetáculo os espectadores, no geral, homens ou mulheres, terão mais coragem para falar sobre si e com uma boa disposição. Não saímos indiferentes destes temas mesmo que seja a rir”, termina.

Os Monólogos da Vagina têm percorrido o país com largo sucesso e terão, também, palco em Guimarães, no Centro de Artes e Espetáculos São Mamede, nas datas de 11 de fevereiro, com lugares já esgotados e, com nova data no dia 12, às 21h30.

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