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Moradores recusam residência universitária de seis pisos junto ao Multiusos

Tiago Mendes Dias
Política \ sexta-feira, dezembro 23, 2022
© Direitos reservados
Residente na rua Miguel Torga, António Melo lamentou que a Câmara tenha alienado um espaço verde em área urbana consolidada para aprovar um projeto de seis pisos, com mais dois enterrados.

A aprovação de um prédio de “seis pisos acima do solo, mais dois enterrados, no espaço verde entre a urbanização da rua Miguel Torga e a rotunda contígua ao pavilhão Multiusos, em Creixomil, desagrada a um grupo de moradores, pelo que António Melo transmitiu na sessão de 16 de dezembro da Assembleia Municipal, numa das três intervenções que coube ao público.

Segundo o projeto, a área em causa destina-se a uma residência universitária, mas o residente duvida que a necessidade colmate o “pequeno pulmão verde que faz charneira com a circular urbana e a horta pedagógica”, útil para “limpar a poluição sonora e ambiental”.

“Essa residência de estudantes é assim tão importante na área do Multiusos que obrigue à alienação de 975 metros quadrados de património municipal, quando a universidade não está tão próxima e a escola de hotelaria é ainda uma miragem? E será o edifício uma residência para estudantes ou uma especulação imobiliária como tantas outras?”, questionou.

Se for esse o caso, António Melo sugere que se utilizem “edifícios devolutos em ruínas”, com “mau aspeto”, para a residência, sem se avançar para um projeto viabilizado por uma revisão do PDM, em que um terreno de reserva agrícola com 1.032 metros quadrados passou a ser de construção, e por uma alienação de 975 metros quadrado de património da Câmara Municipal para se responder a um plano que exige 2.007 metros quadrados de superfície.

“A defesa do município será invocar o interesse municipal e a necessidade de residência para estudantes, mas será mesmo do interesse municipal? Beneficia mesmo o município ou apenas um contribuinte que compra um terreno agrícola e vende-o a seguir como terreno de construção?”, prosseguiu, antes de exprimir o receio quanto a um eventual caso de “especulação imobiliária”.

António Melo disse ainda não compreender a aprovação de um projeto sobre um “lençol freático”, sem o afastamento habitual de 35 metros face à circular urbana – neste caso, é apenas de 25, disse -, com “altura excessiva” e mais estacionamento “numa zona já precária para habitantes e utilizadores do Multiusos”. Disposto a questionar a Câmara Municipal na próxima reunião do executivo, o morador considera que o projeto faz ainda menos sentido quando está em curso a candidatura a Capital Verde Europeia.

 

“Trocar o verde pelo cinzento do betão”

Com a Câmara Municipal legalmente impedida de responder ao público na Assembleia Municipal, coube aos deputados municipais responderem à intervenção do munícipe. Em representação do PSD, Sofia Teixeira, acusou o município de desrespeitar a “narrativa” da Capital Verde Europeia e de “trocar o verde pelo cinzento do betão”.

Já Paulo Peixoto, do CDS-PP, expressou “preocupação” com o projeto e solidariedade” para com os moradores, enquanto Sónia Ribeiro, do BE, vincou que o projeto criar riscos de inundações, e Torcato Ribeiro, da CDU, lembrou a falta de informação do município para com o que estava ali previsto, aquando da aprovação do projeto.

Pelo PS; Gabriela Nunes prometeu pedir “mais informação” sobre um projeto aprovado de residência universitária, para avaliar o “equilíbrio entre o impacto da construção e as necessidades do território”.

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