Sofrer, virar, controlar e cair: o ciclo que transformou pontos em ilusão
Pese os vários ciclos pausados do desafio, o Moreirense – Sp. Braga deste sábado à tarde revelou-se um carrossel de emoções: os cónegos até seguraram a vantagem com conforto na primeira meia hora da segunda parte, antes de um misto de cansaço, de perda de discernimento com a bola nos pés, do forcing do adversário, claramente superior no jogo dos bancos, derrubar todo o que fora construído em cerca de 20 minutos.
Em tarde infeliz, Frimpong cedeu num duelo com Alvaro Djaló junto à linha lateral na situação que originou o empate: o extremo espanhol cruzou atrasado para o cabeceamento certeiro de Banza. Estavam decorridos 82 minutos e adivinhavam-se mais 15, com tudo em aberto. O Moreirense ainda marcou, em fora de jogo, face ao adiantamento de 16 centímetros de Jeremy Antonisse, mas a equipa arsenalista teve sinal mais nos derradeiros instantes. Depois de um cabeceamento à trave, perto dos 90, Al Musrati teve melhor pontaria no penúltimo minuto, batendo Kewin num cabeceamento ao segundo poste. Todo o esforço, toda a precisão de um futebol ofensivo que tem Alanzinho como cérebro ruiu.
O Moreirense continua com quatro pontos após quatro jornadas em que esteve sempre na luta pelo resultado. Sem Kodisang para o duelo deste sábado – convocado para a seleção da África do Sul -, Madson ocupou a sua vaga e deu-se bem enquanto teve forças. Os primeiros 20 minutos definem-se, aliás, pelos equilíbrios: num período de raros espaços e escassas ruturas, destaca-se apenas um lance do arsenalista Alvaro Djaló, aos 17 minutos.
Coube o Sporting de Braga desfazer o nó. Um lançamento lateral rapidamente cobrado – uma das marcas da formação arsenalista – garantiu a Alvaro Djaló o espaço necessário para progredir pela esquerda, para ganhar a linha final a Maracás e para colocar a bola no coração da área; perante a desorientação momentânea de Frimpong, Rony Lopes apareceu na cara da baliza e rematou ao ângulo superior direito, sem qualquer hipótese para Kewin.
O golo foi, contudo, a porta para uma tendência de jogo completamente oposta à que o marcador indicava: os pupilos de Rui Borges pegaram no jogo a partir de trás, avançaram no terreno com precisão, em movimentos desenhados a régua e esquadro, acercaram-se da baliza arsenalista e as ocasiões surgiram naturalmente.
André Luís abriu as hostilidades num livre direto aos 34 minutos – a bola tabelou em Rony Lopes e esbarrou no poste esquerdo – e foi protagonista num lance concluído por Alanzinho, aos 37: o avançado chegou à linha final e atrasou para o remate do brasileiro, ao lado. À terceira, foi mesmo de vez: a insistência cónega deu frutos aos 40 minutos, num lance em que Gonçalo Franco aproveitou o alívio defeituoso de Bruma para cruzar para o segundo poste. Mais alto do que Victor Gomez, o ponta de lança verde e branco cabeceou como mandam as regras para o empate.
O sentido de baliza cónego permaneceu inalterável perante o novo contexto do jogo e a reviravolta surgiria antes do intervalo: em grande forma no arranque da época, Camacho ganhou espaço para cruzar perante Victor Gómez e encontrou Madson Monteiro sozinho ao segundo poste. De corpo esticado sobre a relva, como que a justificar a aposta, o brasileiro emendou para o fundo das redes, com a defesa de Matheus a revelar-se insuficiente para negar o golo.
O Moreirense controlou perfeitamente o reatamento e esteve até na iminência de ficar em superioridade numérica, após o vermelho direto atribuído a João Moutinho por entrada sobre Madson; como a entrada do internacional português foi com a coxa e não com a sola da chuteira, o árbitro Cláudio Pereira reverteu a decisão, mostrando-lhe o cartão amarelo.
As entradas de Al Musrati e de Pizzi empurraram os bracarenses para a frente, obrigando o Moreirense FC a organizar-se num bloco compacto em torno da sua área; ainda assim, os cónegos tiveram alguns contra-ataques para matar o jogo, desaproveitados. Os homens de verde e branco chegavam à área bracarense cada vez mais a custo, viram o controlo da partida escapar-se-lhes entre os dedos e, por fim, os pontos.