No hospital, 2020 teve mais 30% de resíduos perigosos com risco biológico
O Hospital Senhora da Oliveira (HSO) registou, em 2020, um “aumento de cerca de 30% nos quantitativos de resíduos produzidos de Grupo III, relativamente a 2019”, segundo informação recolhida junto da unidade hospitalar de Guimarães; esse grupo inclui todos os resíduos hospitalares perigosos com risco biológico.
Esse aumento, informou o HSO, deveu-se à alteração na gestão dos resíduos provenientes de suspeitos ou infetados com covid-19, conforme a orientação da DGS número 003/2020 de 30/01/2020. Essa orientação refere que todos os resíduos produzidos em quartos ou serviços com casos suspeitos ou confirmados passaram a ser classificados como resíduos de risco biológico do Grupo III (à exceção dos resíduos corto-perfurantes e fármacos rejeitados, que são classificados como resíduos do Grupo IV); esse último grupo inclui todo os materiais de incineração obrigatória.
Os resíduos classificados como do Grupo III são posteriormente encaminhados para processo de tratamento por autoclavagem – processo de esterilização à base de calor.
À margem de uma iniciativa de sensibilização para a reciclagem, ocorrida no HSO durante a tarde de segunda-feira, com a presença dos jogadores do Vitória, André Almeida e André Amaro, e do relações públicas do clube, Neno, o gestor ambiental da unidade de saúde explicou aos jornalistas que materiais habitualmente inseridos no Grupo II – resíduos hospitalares não perigosos – passaram a ser inseridos no Grupo III, devido ao contacto com o novo coronavírus.
“Com a pandemia tornaram-se resíduos perigosos, porque estavam em contacto com doentes contagiosos. Tivemos de os destinar como Grupo III. Obviamente, houve esse crescimento de quantitativos anuais em 2020 e 2021”, disse Adriano Silva, engenheiro do ambiente que trabalha no HSO há dez anos.
Ciente de que são produzidas “várias toneladas diárias” de resíduos, o gestor admitiu também que esse peso dos resíduos em ambiente hospitalar “tende a crescer”, por causa das necessidades associadas ao controlo de infeção e à “diminuição dos reutilizáveis”. Adriano Silva entende assim que as “ações de sensibilização têm de ser cada vez mais efetivas”, com “um alargamento do público-alvo”, para se “inverter a tendência de aumento de produção de resíduos”, fruto da “própria natureza assistencial”.
Responsável pelo controlo de infeções no hospital, Sara Cardoso reconheceu a importância de se “sensibilizar” profissionais de saúde e utentes para a “correta separação de resíduos” e o papel da reciclagem na salvaguarda do planeta. “Diariamente, produzimos toneladas de resíduos dentro de um hospital, onde circulam milhares de pessoas. Somos uma janela para o que de boas práticas devemos mostrar à comunidade”, disse a médica.
Para a especialista em infecciologia, a visita da comitiva vitoriana teve “impacto” no HSO, por reconhecer o “impacto brutal” do clube na comunidade servida pela unidade de saúde.
A gestão dos resíduos começa no local da produção
“A premissa fundamental para uma correta gestão de resíduos é que a triagem e o acondicionamento sejam feitos no local da sua produção”, descreve Adriano Silva, ao explicar o seu trabalho. Esses procedimentos viabilizam um acondicionamento distinto dos vários tipos de resíduos, consoante a composição que têm, a “perigosidade que representam” e o “fluxo que têm de seguir”.
A gestão ambiental do HSO tem assim de garantir que o fluxo de resíduos “desde a produção até à expedição e ao tratamento” é “feito corretamente por empresas licenciadas para o efeito”. Outra das exigências é a realização de auditorias regulares, verificando-se se os “resíduos estão a ser acondicionados nos locais certos”.
Quanto aos resíduos menos perigosos, é sobretudo necessária “uma triagem correta”, para que não sejam misturados com os de maior perigo.