O que fazer quando “a escola acaba”? O Teatro Oficina quer dar pistas
Se as noites de junho prometem ser de expressão artística e criativa, com a 34.ª edição dos Festivais Gil Vicente, os dias vão dar voz àqueles que esperam, um dia, representar sobre os palcos ou perante as câmaras. É essa a linha condutora de Depois do fim, o ciclo de formação a realizar-se de 06 a 12 de junho, dedicado aos estudantes de teatro e aos trabalhadores da área com uma curta carreira, sobretudo aos que a iniciaram durante uma pandemia da “qual o setor da cultura ainda não recuperou na totalidade”.
“Queremos estar atentos ao que está à nossa volta, nomeadamente numa cidade com licenciatura em teatro, que está a poucos minutos de uma cidade com curso profissional, Famalicão, a menos de uma hora de uma cidade com uma escola superior, o Porto”, realçou a diretora do Teatro Oficina para 2022, Sara Barros Leitão, durante a apresentação dos Festivais Gil Vicente.
A atriz e encenadora realça que, “depois de saírem da escola”, muitos jovens “vão começar reuniões para tentar coproduções” ou “tentar concorrer à Bolsa Amélia Rey Colaço”, mas devem saber, antes, como “abrir atividade”, o que é “um contrato de trabalho”, “como é que não se entra no mercado de trabalho já com dívida à Segurança Social”, bem como as diferenças entre “uma companhia, uma associação e uma cooperativa”.
“Para fazer teatro, é preciso saber como se começa”, vinca Sara Barros Leitão. “Todas essas coisas parecem-me fundamentais de explicar em três dias, com espaço para todas as pessoas conversarem sobre isso e colocarem todas as dúvidas que quiserem. O que são agências, como é que se faz um book. Vamos ter diretores de casting a explicar como funciona, como se entra no mundo da publicidade, o que é mentira e verdade”, acrescenta.
Todos esses detalhes cabem nas Jornadas de Teatro, marcadas para 10 a 12 de junho, com cinco painéis: Estudar no estrangeiro (10h00 de 10 de junho), Apoios, candidaturas, coproduções (15h00, no dia 10), Início da atividade profissional (10h00, no dia 11), Castings e agências (14h30, no dia 11) e Começar uma companhia (10h00, no dia 12).
Interveniente no painel Estudar no estrangeiro, a atriz Beatriz Batarda estará a cargo do laboratório de criação De que nos serve a ilusão?, de 06 a 09 de junho, das 10h00 às 18h00 em cada dia, dirigido “a jovens residentes em Portugal entre os 18 e os 26 anos que frequentem, ou tenham formação profissional ou superior em Teatro e/ou Dança, fluentes em português ou em inglês”. Esse workshop é gratuito, mas limitado a 14 pessoas, pelo que haverá uma pré-seleção entre as candidaturas, esclareceu a diretora do Teatro Oficina.
Numa altura em que as oficinas do Teatro Oficina estão prestes a serem apresentadas – Beautiful friend, the end, a 28 de maio -, a sua diretora referiu que o programa de junho foi desenhado de modo a que os participantes possam assistir aos espetáculos da noite, a “conversarem e a apaixonarem-se por eles”.
Para a encenadora e dramaturga, o Teatro Oficina deve ser um espaço para as pessoas se encontrarem e conversarem, havendo até um caso de alguém que nunca tinha contactado com o teatro e agora deseja seguir por esse caminho. “Nas Oficinas do Teatro Oficina, temos uma rapariga de 15 anos que nunca tinha feito teatro e que quer ser atriz. Pode ser o início de tudo”, disse, a título de exemplo.
Pós-graduaçao com selo da Oficina
Cidade com o Teatro Oficina, várias companhias de teatro amador e uma licenciatura em Teatro (Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho), Guimarães vai ter uma pós-graduação na área, numa colaboração entre a instituição de ensino superior e a Oficina.
“Está aprovado um curso de pós-graduação na Universidade do Minho, em que a Oficina está envolvida. Estamos ainda numa fase de desenho e de preparação do curso. Queremos estar implicados nesta necessidade de processos de formação e via profissional”, adiantou Rui Torrinha, programador cultural da cooperativa municipal.