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O sinal de fumo é claro: estão aí as castanhas

Carolina Pereira
Sociedade \ quinta-feira, novembro 11, 2021
© Direitos reservados
No dia de São Martinho, elas "rendem mais um bocadinho". Como de costume os fogareiros pontuam as ruas de Guimarães.

Pelas ruas, o cheiro estende-se e faz-se sentir. São os fogareiros acesos de quem há já muitos anos volta para satisfazer apetites e memórias.

Espalhadas pela cidade, cada uma no seu cantinho, estão vendedoras com as mãos enegrecidas do carvão, a dar a volta aos tabuleiros e aos clientes para provar da sua castanha.

“Para aqui muita gente de carro, a pé, todos os dias! Temos muita clientela porque não enganamos, a nossa castanha sai sempre boa”, assegura a vendedora do passeio anexo à Escola Secundária Francisco de Holanda, Isabel Oliveira.

E há razões para saírem assim. Quem as assa, não é noviça e guarda um legado familiar desta arte. Isabel aprendeu-a com a avó, acompanhando-a rotineiramente na sua infância. Já a Ana Paula, que fica no extremo da rua de Isabel, já na Teixeira de Pascoaes, foi a madrinha e uma vizinha quem lhe passaram o gosto, por volta dos 11 anos.

“Fui criada no meio disto. Já assava nos pequenos fogareirinhos domésticos e ia vendendo as castanhas pelas tascas. A vizinha que via que as crianças estavam sem fazer nada chamava-nos para ir vender com as canastras na cabeça às tascas”, partilha.

Agora com 56 anos, não faz do assar castanhas profissão, mas por gosto. Ocupa aquele lugar apenas nas suas folgas do trabalho, faz já seis anos. Mas ainda que seja um “hobbie”, não descora da qualidade.

“Eu antes quero pagar mais um bocadinho (ao fornecedor) e saber que estou a vender uma boa castanha do que dar menos e ser má, porque eu não quero um cliente de um dia, quero um que ao longo dos anos me vem procurar. Aliás, aqui há dias um pai parou porque a filha disse “pai, vamos outra vez àquela senhora”, certifica a vendedora.

“Vão sempre rendendo” diz Isabel Oliveira, mas em Dia de São Martinho “rendem mais um bocadinho”. É assim a venda das castanhas, como canta Carlos do Carmo, no canto do outono, na esquina do inverno e a desenrolar-se até que o frio acabe.

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