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O verde e branco de Guimarães é agora memória comunitária no Trovador

Tiago Mendes Dias
Cultura \ quinta-feira, julho 22, 2021
© Direitos reservados
Inauguração do painel comunitário de 714 azulejos, que uniu famílias e gerações, artistas e pessoas sem qualquer formação na área, marca abertura das Gualterianas de 2021.

Aquele muro granítico que encima o largo do Trovador parecia um mero suporte da ligação à alameda de São Dâmaso, mas, de há uns dias para cá, tornou-se algo mais. As referências a Guimarães e ao Minho que a envolve topam-se ao longe: há contornos de uma dançadeira de um rancho folclórico, de um homem com o bombo nicolino e do São Gualter, numa feição semelhante à da escultura erguida em homenagem ao franciscano. Um olhar mais próximo aflora outras dimensões do quotidiano deste território, mas os tons são sempre os mesmos: verde e branco. É o verde e branco de Guimarães, claro está.

Todos aqueles traços e cores estão vertidos num painel comunitário com 714 azulejos, inaugurado nesta quinta-feira para assinalar a abertura das Gualterianas de 2021. Construído por centenas de mãos, a obra de arte teve origem numa proposta do artista plástico Nuno Machado, apresentada há precisamente um ano.

“O projeto que teve o seu início no ano passado", esclarece ao Jornal de Guimarães. "Fiz esta proposta no âmbito da open call do programa Projecta! Cria! Participa!, disponibilizado pela Câmara para se festejar de forma diferente as Gualterianas em contexto de covid-19. Todos os vimaranenses foram convocados a participar”.

“Todos” é mesmo a palavra-chave: o projeto arrancou no fim de semana de 01 e 02 de agosto de 2020, com workshops abertos a quem quisesse desenhar e colorir entre um a quatro azulejos, com referências a Guimarães ou, mais concretamente, às Gualterianas. Assim foi: as oficinas receberam “avós e netos”, “pais e filhos”, habitantes de Guimarães e “pessoas espanholas que estavam de passagem”. Havia alguns artistas, entre os quais o trio responsável pelas sessões de trabalho, mas a maioria dos intervenientes “não tinha qualquer formação de desenho ou pintura”, esclarece Nuno Machado.

Após o contributo de centenas de mãos, faltava eleger um espaço para mostrar a obra de arte; chegou-se à conclusão que o muro do Trovador tinha as características ideais. “É difícil encontrar paredes com a dimensão necessária para albergar um painel com seis metros de comprimento e 2,5 de largura. O largo do Travador não tem ligação direta às Gualterianas, mas está perto da alameda”, prosseguiu o artista.

 

Concertos como novidade em festa condicionada

São Dâmaso é precisamente o coração do segundo dia das Gualterianas. Nesta sexta-feira, aquele bosque urbano vai acolher, às 17h30, a inauguração de “Floresta Criativa”, uma exposição de peças ligadas à natureza já vistas em edições anteriores da Marcha Gualteriana, e, meia hora antes, a abertura da 33.ª Feira de Artesanato de Guimarães; a iniciativa vai contar 28 stands de mostradores de Guimarães e de outras regiões lusas, precisamente o mesmo número de 2020.

“Neste ano, com todas as condicionantes, optámos por não aumentar o número de stands, mas por manter. Neste momento, temos controlo de acessos. O espaço fica limitado a 180 pessoas em simultâneo. Se atingirmos esse número, terá de sair uma pessoa para entrar outra”, esclarece Ricardo Freitas, diretor executivo da Oficina desde julho de 2019.

Na segunda edição consecutiva sem a Marcha Gualteriana, o “número mais icónico”, as festas de 2021 vão presenciar o regresso dos concertos; estava previsto que as atuações decorressem na Plataforma das Artes, ao ar livre, com a lotação a rondar os mil lugares, mas a organização teve de se cingir ao Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor (CCVF), palco de quatro concertos, e à Igreja de São Francisco, que vai receber o TetrAcord’Ensemble, às 21h00 de 30 de julho.

No caso do CCVF, a lotação máxima será de 396 pessoas (50% do auditório), com bilhetes gratuitos até ao limite definido, indica ainda Ricardo Freitas.

Outro dos números das Gualterianas é a exposição “20 anos de Guimarães Património Mundial”, com inauguração agendada para as 18h00 de 30 de julho, no Toural. A iniciativa vai exibir algumas peças referentes a espaços classificados pela UNESCO, quer expostas em anos anteriores da Marcha, quer inéditas. “A Colina Sagrada e a Casa do Arco serão algumas das novas peças”, avança o responsável máximo da Oficina.

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