Ópera: um “alerta” fecha o ciclo. Mas, a oferta vai continuar em Guimarães
Está aí à porta a quarta, e última, ópera da tetralogia da V edição do Festival de Canto Lírico de Guimarães. “Um alerta” que sobe ao palco do Centro Cultural Vila Flor no dia 14 de dezembro – quinta-feira – com a peça operática “2030 – A Nova Ordem”.
“Trata-se de uma ópera diferente, por uma razão básica; enquanto que as óperas anteriores tiveram como tema três constituições efetivamente existentes, que constituem as espinhas dorsais do constitucionalismo da democracia portuguesa, a ópera ‘2030 – A Nova Ordem’ é uma ópera sobre uma constituição por vir, e que nós não queremos que venha”, introduz Francisco Teixeira.
Estamos perante uma “inovação do ponto de vista operático”, considera o presidente da ASMAV – Associação Artística Vimaranense, entidade organizadora do festival de canto lírico. “Nunca aconteceu, normalmente as óperas são sobre histórias que têm dimensão positiva, esta é uma ópera sobre o pior que nos pode acontecer. É um alerta”, sustenta.
“É uma constituição distópica, um mundo de horror, em que a extrema-direita através de lógicas conspirativas, de mentiras e de falsificações, chegaria ao poder, o que lhe permitiria construir uma nova constituição, que põe em causa a liberdade dos portugueses”, apresenta, sobre a ópera da autoria de Jorge Salgueiro.
“Nos próximos dois anos teremos novamente ópera regular em Guimarães”
Prestes a fechar-se o ciclo desta que foi, então, a V edição do Festival de Canto Lírico de Guimarães, Francisco Teixeira dá nota ao Jornal de Guimarães que “foi muito conseguido” aquilo que este festival, que se estendeu por dois anos, se propôs a fazer, nomeadamente “fornecer ópera contemporânea de forma regular aos vimaranenses, e não só”.
Algo que ganha sustentação quando a continuidade desta oferta é uma certeza para os próximos dois naos. O projeto que a ASMAV é parceiro, o projeto operático Setúbal Voz, ficou novamente em terceiro lugar a nível nacional, para o biénio 2025/2026, na Direção Geral das Artes e Espetáculos no concurso para música e ópera, “agora com um subsídio um pouco majorado”, anuncia Francisco Teixeira, lançando desde já o futuro.
“Permite-nos ter a certeza que nos próximos dois anos teremos novamente ópera de forma regular em Guimarães. Já estão inclusive aprazados, veremos até se será possível reforçar essa programação operática que já temos, o que permite confirmar essa programação regular que queremos enriquecer ainda mais essa programação em Guimarães, permitindo que os vimaranenses, e não só, se habituem a assistir a espetáculos de ópera de natureza contemporânea”, atira o agente cultural.
Mas, a ambição das ASMAV não fica por aqui, sendo a criação também uma das metas ambicionadas. “O nosso próximo passo, a nossa ambição, é começarmos a criar uma pequena estrutura de produção para algumas componentes operáticas. Esse é um dos nossos objetivos, alguma componente da produção do espetáculo, possa ser feito em Guimarães. Esse é um dos objetivos nucleares que temos”, remata Francisco Teixeira.