Teatro Jordão encheu-se de música, poesia e teatro com timbre de outono
Música, poesia e teatro foram os pratos fortes do espetáculo cultural “Sons de Outono”, apresentado na noite de sábado, 28 de outubro, no Teatro Jordão, uma produção anual da Osmusiké - Associação Musical e Artística do Centro de Formação Francisco de Holanda, realizada com o apoio da Câmara Municipal de Guimarães no âmbito do programa IMPACTA.
Orientado por Emília Ribeiro, o grupo de teatro revisitou Gil Vicente, com uma interpretação de “Farsa de Inês Pereira”, peça estreada há precisamente 500 anos. As interpretações de Maria Terra, Alice Xavier, Rosa Carvalho, Ricardo Faria, Afonso Tadeu, Jandira Henriques, José Pereira, Francisco Simões, Olívia Freitas, Manuela Sousa, Olívia Freitas, Celeste Pinto e Luís Almeida, com figurinos de Milita Marinho e adereços de Miguel Ribeiro evocaram o designado Pai do Teatro Português e quiseram ainda recordar Joaquim Santos Simões, figura de proa da cultura vimaranense da segunda metade do século XX, que também encenou Gil Vicente.
Já a gala Osmusiké Cantares Populares, com coordenação musical do maestro Júlio Dias e da maestrina Ana Almeida, quis evocar o outono. O grupo Osmusiké Cantar Guimarães interpretou um “Medley Açores” e “Cantiga das Desfolhadas”, tendo como solistas José Maria Gomes, José Maria Silva Gomes, João Pontes, Alice Xavier, Manuela Barbosa e Fátima Araújo. Depois subiu ao palco o Chorus Anima Populi, com o acompanhamento dos solistas José Maria Gomes e Luís Oliveira, que interpretariam “Verde Minho”, “Marina” e “Va Pensiero”, de Verdi, e o Vima Chorus, que além de “Acordai”, de F. Lopes Graça, acordaria as almas com os cantos populares “Moda do chapéu ao lado” e “João Barandão”.
O grupo Osmusiké Cantar Guimarães, novamente acompanhado pelos solistas José Maria Gomes, Luís Oliveira, Domingos Araújo e Joana Cunha, regressou ao palco para um “Medley Amália” e para um “Medley Osmusiké”, com cantigas sobre Guimarães, antes de Ana Almeida encerrar esse ato, com interpretações de “Time to say goodbye”, a prenunciar o final da gala, e do poema “Perdidamente”, de Florbela Espanca, com músicos convidados – Tiago Simães no piano, Jorge Sousa na bateria e Ana Sousa no contrabaixo.
Quanto à poesia, o espetáculo “Sons de Outono” lembrou o centenário do nascimento de Natália Correia, com a declamação do soneto “Creio nos anjos que andam pelo mundo”, pela voz de Maria José Ramos, Adriano Correia de Oliveira, com “A balada de Outono” recitada por Elvira Oliveira, e dois poemas intitulados “Outono” – Beatriz Roberto interpretou Miguel Torga e Albertina Amaral declamou Mia Couto. Houve ainda tempo para Fernando Fernandes apresentar “Cântico negro”, de José Régio, e para a apresentação de uma série de poemas infantojuvenis, por Afonso Miguel, Vitória Sofia, Leonor Oliveira e Sara Gonçalves, sob orientação de Manuela Ribeiro.
No final, a apresentadora, Gabriela Nunes, anunciou o regresso dos Sons de Outono ao Centro Cultural Vila Flor em 2024, antes dos presentes concluírem o evento com a proclamação do Hino Osmusiké. Para o presidente da associação, Jorge Nascimento, o Teatro Jordão acolheu “duas horas de entretenimento e cultura que ultrapassaram as raias do amadorismo para se guindarem à esfera do profissionalismo, perante o rigor e perfecionismo demonstrado em palco por parte dos seus protagonistas”.