Para lá da indústria, Bragança defende “acolhimento urbano” para “talentos”
Após uma introdução a enaltecer a aposta de Guimarães na educação, na ciência e na cultura, traduzida, por exemplo, no alargamento da Universidade do Minho a Couros, área, por sua, vez candidata a Património Mundial da UNESCO, em unidade com o centro histórico já classificado, Domingos Bragança questionou os vários empresários numa das salas da Pousada de Santa Marinha da Costa sobre se estão em curso as “parcerias certas” para reter os “talentos” que a Universidade do Minho, nomeadamente a Escola de Engenharia, e os vários centros de investigação associados nutrem.
"Um dos grandes desafios é perceber se as nossas empresas estão a fazer a relação certa com a EEUM, com os polos de investigação. Temos Fibrenamics, Centro de Valorização de Resíduos, Centro de Computação Gráfica”, começou por dizer no âmbito de um evento sobre investimento estrangeiro sustentável, organizado pela Fundação Mestre Casais.
“Será que estamos a fazer tudo certo na área alimentar, nas embalagens biodegradáveis, na metalomecânica? Os talentos estão a ir para o estrangeiro trabalhar ou são detetados, como fazem os clubes de futebol?”, perguntou.
O autarca reconhece que as áreas empresariais de Guimarães estão a “esgotar-se” e que os parques industriais precisam de se expandir. Mas não só. Também as áreas de acolhimento urbano são necessárias para talentos que trabalhem, por exemplo, nas “áreas digitais”, até porque, a seu ver, os jovens querem “cidade”.
"Precisamos de uma área de acolhimento urbano”, realçou, considerando que a cidade precisa de ser “atrativa, onde “se é bom viver”. “Sei que estou a falar com empresários de excelência, mas porque é que não há uma parceria entre empresários para um edifício de raiz que possa ter áreas enormes para talentos nas áreas digitais e da criatividade, com open spaces. O talento quer cidade. Os jovens trabalham até às 23h00 ou às 00h00 e depois querem ir para as discotecas. É isso que acontece nas grandes cidades. Porque não podemos fazer isso?”, indagou.
O presidente da Câmara de Guimarães disse ainda que a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia são “perdas”, mas também alertas para a necessidade de a Europa manter uma “indústria de base” e “alternativas energéticas”. Para Domingos Bragança, a segurança de Portugal pode ser uma vantagem para o investimento externo nesta fase que o mundo atravessa, algo que o administrador da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal corroborou.
"O facto de ser um país seguro e dos investidores poderem estar cá em paz é uma vantagem. E o investimento é fruto de mais de uma década de aposta na ciência e na tecnologia. Há todo uma mistura que finalmente nos põe na rota dos grandes investidores", disse João Dias num trílogo moderado pelo antigo secretário de Estado José Mendes.
O responsável lembrou ainda que o investimento externo de 2021 mais do que duplicou o de 2019, que já fora de “recorde”, com Portugal a atrair “grande investimento tecnológico alemão” e as “tecnologias da informação”.