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PRR: Câmara quer digitalizar comércio com projeto até dois milhões

Tiago Mendes Dias
Economia \ quinta-feira, março 24, 2022
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Da Alameda de São Dâmaso até à rua Gil Vicente, o Bairro Comercial Digital quer incorporar mais tecnologia nas cerca de 500 lojas, fomentando ao mesmo tempo a coexistência de transportes.

O Governo vai disponibilizar 52 milhões de euros para apoiar a constituição de 50 Bairros Comerciais Digitais, ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e Guimarães quer obter financiamento para um deles. Ciente de que a verba máxima para cada projeto é de dois milhões de euros, a Câmara Municipal apresentou uma “manifestação de interesse”, nas palavras do vereador Paulo Lopes Silva, para a “incorporação de tecnologia” nas cerca de 500 lojas sediadas nesse bairro – inclui, de nascente para poente, a Alameda de São Dâmaso, o Toural, a Rua de Santo António, a Rua Paio Galvão e a Rua Gil Vicente.

“Estamos numa fase de levantamento de inquérito. Começámos pelas lojas de rés do chão e estamos a entrar nos postos de comércio e serviços dos andares superiores”, esclareceu o responsável pelos pelouros da Cultura e do Turismo, durante a apresentação do projeto.

Nesse universo de lojas, 57% dedica-se ao comércio, 32% à restauração e 11% aos serviços. Para qualquer um dos três campos, a iniciativa quer “perceber o que os proprietários identificam como pontos de melhoria”, a “maturidade tecnológica” dos estabelecimentos e “a sua integração com as questões de marketing digital”, acrescentou.

Caso a “manifestação de interesse” se transforme numa candidatura bem sucedida, a implementar nos próximos dois anos – horizonte de execução do PRR -, as artérias comerciais terão equipamentos nas próprias lojas e múpis no espaço público com “informações sobre comércio, estacionamento, mobilidade e agenda cultural”.

Essa presença tecnológica, sublinhou o vereador, deve aliar-se a uma crescente “coexistência dos meios de transporte” nessa área, enquadrada na intenção, já pública, de pedonalizar a circulação entre a Alameda de São Dâmaso e a rua de Santo António, em redor do perímetro da antiga muralha.

Assim a implementação do Bairro Comercial Digital cruza a “Conectividade e harmonização urbanística” – peso máximo de 25% no financiamento, dedicado “às infraestruturas, às ofertas em plataformas eletrónicas, à digitalização da experiência de consumo e à digitalização das infraestruturas adjacentes” -, a “valorização das plataformas eletrónicas”, a “experiência de consumo” e a “integração de soluções logísticas”.

Nesses eixos, incluem-se medidas como a criação de uma “identidade uniforme” para a sinalética da área, mais “vocacionada para o peão”, a “introdução de mapas táteis com representação do comércio” da área, a criação de mais “pontos de carregamento para telemóveis, para bicicletas [elétricas] e para cargo bikes”, que servem principalmente para o transporte de compras, e a “expansão da rede wi-fi”, com reforço do sistema 5G na cidade, enumerou o responsável pela Divisão de Sistemas Inteligentes e de Informação, Ricardo Machado.

O acréscimo de funcionalidades à aplicação para o comércio de rua Proximcity – “mais tiplogias de pagamento, melhor gestão de stocks, fornecimento de dados analíticos aos comerciantes e integração de serviços de mobilidade” – e a expansão das galerias em espaço público são outros desígnios.

Para Paulo Lopes Silva, o “grande sentido de pertença” dos vimaranenses, aliado ao Bairro C, em curso na área logo a sul, pode dinamizar um projeto que tenciona valorizar o “pendor comercial e industrial” que Guimarães ostenta desde o final do século XIX.

O projeto tem a colaboração da Associação de Jovens Empresários de Guimarães, da Associação do Comércio Tradicional de Guimarães (ACTG), da Associação Vimaranense para a Hotelaria e da Confederação Empresarial do Minho, bem como de entidades como a Oficina, o Laboratório da Paisagem, o Centro de Computação Gráfica, o Instituto de Design de Guimarães e a Universidade das Nações Unidas.

 

“Temos um projeto para o 4.0, quando ainda falta o 1.0”

Apesar de reconhecer valia ao Bairro Comercial Digital, Bruno Fernandes vincou que o projeto “deveria ser uma segunda fase de um projeto que garantisse ruas e comércio pujantes”. O vereador da coligação Juntos por Guimarães apontou o recente encerramento de uma loja na rua de Santo António como exemplo de um “comércio que tem definhado nos últimos anos”, estando ainda longe do cenário ideal para a proposta de índole tecnológica apresentada nesta quinta-feira.

“Este projeto é o 4.0, mas ainda não conseguimos o 1.0. Querer dinamizar um Bairro Digital quando as lojas estão fechadas é um paradoxo. Se não tenho na rua o que não tenho em espaços comerciais fechados, é difícil atrair pessoas”, realçou o candidato à presidência da Câmara nas Autárquicas de 2021.

Mais do que “os projetos de futuro”, é “importante avaliar o que não se fez no passado e o que se pode implementar no presente”, realça Bruno Fernandes. E o encerramento de lojas coloca em risco a própria existência de comércio, acrescenta. “Só pode haver projeto para o comércio, para haver comércio. O centro tem e de ter atratividade para que os investidores possam localizar aqui os negócios e os consumidores possam aqui aceder ao comércio de rua”, especifica.

O vereador social-democrata defende assim “uma estratégia global” a montante que evolua a dinâmica comercial da cidade e diz entender as reticências da ACTG para com a pedonalização da extensão entre a rua de Santo António e a Alameda de São Dâmaso, mesmo não sendo contra a medida em si mesma. “Não somos contra a pedonalização. Somos contra a que esteja desgarrada de uma estratégia. A ACTG sente que o comércio atual não é suficiente para atrair as pessoas com as ruas pedonais”, explicou.

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