"Resultados animadores" aproximam Caldelas de ter água balnear classificada
Os resultados são “promissores” e o “percurso ascendente” que Caldas das Taipas tem mostrado na preservação do rio nos últimos anos pode fazer com que a vila veja a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) classificar a água da sua zona ribeirinha como água balnear. Pelo menos foi isto que ficou patente na apresentação que decorreu no Parque de Lazer por ocasião do Dia Nacional da Água.
O pedido de classificação vai ser entregue à APA até ao final do mês e a expetativa é que a agência possa proceder à classificação o mais rápido possível. Para este processo vão ajudar os resultados da qualidade da água: está na categoria “excelente” – o mais alto segundo a escala da APA – nos dois pontos analisados pela Vimágua: Parque de Lazer e Praia Seca. “Vamos obtendo melhores resultados na massa de água, são resultados animadores”, vincou a engenheira da Vimágua Sofia Bragança. “Temos vindo a melhorar com todas as intervenções, com a despoluição das linhas de água, com a ligação correta ao saneamento, e vamos obtendo melhores resultados na massa de água”, acrescentou.
O presidente da Junta de Freguesia de Caldelas, Luís Soares, vincou o trabalho feito desde 2017, mas alertou para um “risco muito grande”. “Podemos estar daqui a um ano e, apesar do esforço, não termos a classificação da água como água balnear. A entidade pode entender que ainda não estão reunidas todas as condições. Em 2021 aconteceu. Obtivemos bons resultados, chegámos ao fim e o histórico de análises não era suficiente”, disse.
O autarca local referiu ainda que as análises à qualidade de água abrangem a zona do Parque de Lazer desde o ano passado pelo significado do local – “Foi aqui que os taipenses começaram a usar a água para prática balnear”, pontuou. “Pode não ser no próximo ano, mas vamos chegar lá. Chegámos ao final do primeiro ano de análise e somos surpreendidos. Estamos num bom caminho para o resultado que queremos. Precisamos de infraestrutura, vigilância, há muito trabalho a fazer, mas temos de começar para chegar ao fim”.
Evolução "positiva" desde 2020
O Laboratório da Paisagem, parceiro da Junta de Freguesia de Caldelas no intento de conseguir transformar trechos da zona ribeirinha em praias fluviais, detalhou os pressupostos da candidatura por intermédio de Carlos Ribeiro. O diretor executivo da instituição salientou uma “evolução positiva” que pode contribuir para o processo: “Desde 2020 temos visto uma evolução positiva. Este ano com os resultados exigidos, no último ano com um ou outro apontamento fora desses níveis”.
“Há aqui sinais muito positivos, aquele que muitas vezes mais se teme, o da qualidade da água, está dentro dos padrões que a APA determina. Tem havido percurso extremamente positivo. Está-se cada vez mais próximo de se obter a classificação”, referiu ainda Carlos Ribeiro. Mas mesmo com os dados submetidos à APA, a candidatura é “complexa”, alertou.
Em abril foi feito o envio de um primeiro relatório com informação relativa aos dias de recolha, a calendarização e a localização das amostragens. O segundo seguirá agora e contém os resultados divulgados, mas também “outros pressupostos”: há que indicar a afluência média diária de banhistas atual ou prevista; o histórico de classificação da água; atestar se há zonas de risco nas imediações – a Praia Seca está junto a uma zona de captação de água, por exemplo, mas isso “não é fator eliminatório”. “Há ainda um pedido de apreciação da APA à delegada de saúde regional para atestar se tem condições para vir a ser classificada”, frisou Carlos Ribeiro.
"Má", "aceitável", "boa", "excelente"
As águas balneares são monitorizadas regularmente, sendo definido um calendário de amostragem para cada época balnear. “Com base nos resultados da monitorização é avaliada a qualidade das águas balneares e atribuída uma classificação como «Má», «Aceitável», «Boa» ou «Excelente», com base nos critérios definidos na legislação, nomeadamente a presença de Enterococos intestinais e Escherichia coli”, escreve a APA.
Há mais de um ano, em março de 2021, a Comissão Técnica de Acompanhamento da Agência Portuguesa do Ambiente não permitiu que a zona ribeirinha da Praia Seca desse passos no sentido de ser classificada como praia fluvial. "Apesar de estar classificada dentro da classe de qualidade “Boa”, durante a época balnear de 2020, a existência de um episódio de contaminação e a ausência de histórico, não permitiu a classificação daquela água balnear no primeiro ano de monitorização", informou, na altura, a Junta de Freguesia de Caldelas.
"Na época balnear de 2020”, fez saber a autarquia local, “de todas as análises”, apenas uma ultrapassou os limites da classe de qualidade de “aceitável”.
O encontro junto ao “ex-libris” da vila na tarde deste sábado arrancou com uma apresentação do “trabalho de proteção, preservação e conservação da margem ribeirinha”. O secretário da junta e responsável pela Brigada Verde das Taipas, José Fonseca, destacou a evolução positiva da separação de resíduos na Praia Seca. No entanto, alertou que “quem deposita os sacos no lixo indiferenciado não tem o cuidado de fazer a separação”.
José Fonseca salientou ainda que naquela zona ribeirinha as pontas de cigarro são “um problema sério”. “O executivo já referenciou o problema e está trabalhar numa solução e numa proposta de proibição de fumo, bem como de arranjar um local delimitado para os fumadores”, disse.
O trabalho da Brigada Verde não foi esquecido e o responsável referiu as empreitadas de recuperação do trilho que liga a zona das levadas à Praia Seca e a plantação de árvores autóctones.