
Reunião de Câmara mostra nova via para Urgezes e mais dados sobre BRT
A distinção do investimento, dos custos e da rentabilidade de uma frota a bateria e de uma frota a hidrogénio no sistema bus rapid transit (BRT) e a ligação entre a Avenida D. João IV e a rua Francisco dos Santos Guimarães foram parte da reunião extraordinária da Câmara Municipal de Guimarães que serviu principalmente para recapitular a matéria dada desde 2021 e para dar conta dos progressos até agora efetuados em projetos previamente apresentados, nesta segunda-feira.
No foyer do Centro Cultural Vila Flor, Anita Pinto, da Câmara Municipal de Guimarães, realçou que “a população está cada vez mais móvel”, a deslocar-se cada vez mais, o que impulsiona a procura pelo automóvel, mas também pelos transportes públicos. “O congestionamento aumentou. Se não se alterar o paradigma, teremos cada vez mais carros na estrada. O sistema de mobilidade tem alguma capacidade de adaptação, mas finita. O transporte público e o individual não vivem por si sós”, referiu a engenheira.
O objetivo da Câmara Municipal é “o equilíbrio” entre ambas as modalidades de transporte num espaço público que é finito.
BRT a bateria é mais barato do que a hidrogénio
Uma frota de veículos para o sistema bus rapid transit (BRT) previsto para a ligação da cidade de Guimarães ao norte do concelho e ao município vizinho de Braga, onde ficará instalada a futura estação para o eixo ferroviário de alta velocidade, é mais barata a bateria do que a hidrogénio.
Os gastos por quilómetro comercial da frota a bateria são de 5,98 euros por quilómetro e os da frota a hidrogénio são de 7,56 euros. Tais números equivalem a gastos anuais de três milhões de euros no sistema a bateria e de quatro milhões no sistema a hidrogénio, revela a síntese de estudos apresentada por José Mendes, engenheiro civil da Universidade do Minho que coordena os estudos relativos ao BRT desde janeiro de 2022.
A apresentação estima ainda que o investimento total numa frota a bateria é de 159 milhões de euros, com a possibilidade de garantir 108 milhões de euros através de subsídios, e que o investimento numa frota a hidrogénio é de 172 milhões, com a hipótese de 117 provirem de candidaturas a fundos. A receita anual estimada a partir de 2028 é de 6,2 milhões de euros.
José Mendes defendeu que apenas o sistema a bateria é “sustentável do ponto de vista económico”; ao aliar as estimativas económicas aos benefícios sociais e ambientais, o estudo adianta que o valor atual líquido do sistema a bateria é de 15,3 milhões de euros e se paga a si mesmo em 29 anos, enquanto o da frota de hidrogénio é negativo, em 14 milhões de euros, não sendo possível recuperar o valor do investimento até 30 anos.
O estudo considera que a frota vai dispor de 11 veículos com 18 metros de comprimento e um com 12 metros de comprimento, 20 motoristas, a realizar cerca de 513 mil quilómetros por ano num período de 30 anos – 01 de dezembro de 2026 a 31 de dezembro de 2055 é o horizonte teoricamente definido.
A estimativa anual de passageiros para o futuro itinerário entre Guimarães e Braga é de 3,25 milhões de passageiros, a maioria a utilizar as paragens no concelho de Guimarães, o que se traduz em 13 mil passageiros diários e na retirada de 48 mil passageiros a circular em automóveis, por quilómetro.
O trabalho para a implantação da linha de BRT no troço entre a cidade de Guimarães e a Morreira está mais adiantado do que o troço entre a Morreira e o centro de Braga, num total de 20,5 quilómetros. Nessa rota, que inclui 12 paragens no concelho de Guimarães e seis de Braga, inclui-se ainda o ramal para o Avepark, com quatro paragens, cujo itinerário terá duas vias até à entrada no parque de ciência e tecnologia. Aí, o veículo seguirá em sentido único, num trajeto circular com o parque industrial da Gandra, antes de reentrar na ligação pelo sentido contrário.
“O automóvel ganha sempre na autoestrada, mas não servimos a procura intermédia. O BRT garante pontualidade do horário, ao contrário do atual sistema. Nada impede que se avance do lado de Guimarães, antes de avançar o troço pelo concelho de Braga”, referiu José Mendes.
André Remédio, da Engimind, apresentou, por seu turno, o estudo de inserção do BRT no sistema urbano de Guimarães, revelando as soluções adotadas para a circulação em alguns pontos: o projetado meio de transporte vai sair da futura estação pelas vias mais centrais da Alameda Alfredo Pimenta, incluindo o chafariz junto à esquadra da PSP, que será eliminado, por duas das vias da rua de Santa Eulália, aproveitando a faixa junto à urbanização semicircular para completar o tráfego rodoviário e pelas vias centrais junto à bomba de gasolina, no alto da Nossa Senhora da Conceição. A solução prevista para a travessia do rio Ave, entre Ponte e Caldas das Taipas, não foi divulgada. No ano passado, Domingos Bragança sugeriu a construção de um novo tabuleiro contíguo à ponte.
O estudo de inserção tem conclusão prevista para a última semana de junho ou para a primeira de julho. Em 2024, o documento relativo às sondagens geotécnicas indicava a possibilidade de dois troços paralelos à Estrada Nacional 101, em Fermentões e em Ponte.
Há três opções para reforçar ligação ferroviária a Lordelo
Diretor executivo da TRENMO, empresa de consultoria na área da mobilidade, que realizou o estudo para alternativas ao tráfego da EN 101, da EN 206 e da EN 105 em 2021, Álvaro Costa voltou a defender que o reforço das ligações ferroviárias entre Guimarães e Lousado, com passagem por Lordelo e Moreira de Cónegos, é possível, tendo sido estabelecido um grupo ---interno de trabalho entre a Câmara Municipal de Guimarães e a CP para “avaliar a disponibilidade dos horários ferroviários na linha Porto – Guimarães.
Na sua apresentação, o engenheiro apresentou três opções para o reforço do serviço ferroviário. A primeira é a coordenação do serviço até Lousado com a linha de Braga, o que permite o aumento dos atuais 16 serviços diários Guimarães – Lousado para 32 e dos 17 serviços Lousado – Guimarães para 33. A segunda é a criação de um serviço base de 30 em 30 minutos, em coordenação com o serviço atual, que aumenta o número de ligações diárias para 37, na ida a partir de Guimarães, e para 39, no regresso. A terceira contempla um serviço dedicado de 20 em 20 minutos, o que aumenta os serviços diários de ida e regresso entre Guimarães e Lousado para 57 em cada sentido.
O engenheiro diz que, segundo as graficagens elaboradas, as opções apresentadas são exequíveis "em 90 ou 95% das hipóteses”. A relocalização dos apeadeiros é outra prioridade, já anteriormente referida.
Bragança quer lançar concurso da ligação à EN206 neste mandato
Entre os vários projetos de mobilidade apresentados na segunda-feira, Domingos Bragança referiu que a ligação entre a variante de Creixomil e a rua Joaquim Ribeiro de Moura, troço da Estrada Nacional 206, é aquela que pode ser lançada mais rapidamente a concurso, de preferência no mandato em curso.
Líder da Direção Municipal de Intervenção no Território, Ambiente e Ação Climática (DMITAAC), Joaquim Carvalho fez a radiografia daquela área de Guimarães, reconhecendo as filas significativas de condutores no sentido entre a cidade e a rotunda de acesso a Pevidém ou a Silvares após a execução do desnivelamento pela Infraestruturas de Portugal, inaugurado em março de 2021.
Na apresentação, o engenheiro mencionou que o congestionamento se deve ao facto de haver uma única via para entrada na rotunda, à visibilidade limitada pelos muros de proteção do desnivelamento, o que obriga os condutores a parar e à ausência de ramais de acesso entre a variante e a EN 206. O projeto prevê a execução de um ramal nesse sentido, a ligar as duas estradas nas imediações do hospital veterinário, com uma rotunda na EN 206 que permite aos veículos saírem em qualquer dos dois sentidos. A solução contempla ainda outra possível entrada para a rotunda a partir de norte.
Projeto de acesso ao hospital é difícil. Salgueiral “mais estabilizado”
Quanto aos projetos para o troço da circular urbana entre as imediações da Unidade Local de Saúde do Alto Ave e o Salgueiral, Joaquim Carvalho disse que a Câmara Municipal está em contacto com a Infraestruturas de Portugal para um projeto que se está a revelar difícil.
Mais viáveis afiguram-se as soluções para a área do Salgueiral, apresentadas pela primeira vez em 25 de março de 2024, com alternativas à hipótese de desnivelar a rotunda contígua a um restaurante de uma cadeia internacional de fast food, tecnicamente inviável. O rol de alternativas inclui a saída da circular para a rotunda vizinha do Multiusos, uma nova rotunda na Cruz de Pedra para entrada na circular pelo sentido Salgueiral – hospital e a eliminação da rotunda do Salgueiral, quase sempre estrangulada pela afluência ao restaurante. “Estamos a recolher mais elementos de tráfego para melhorar as inserções na estrada da circular urbana e de saída”, vincou.
Uma nova rua adjacente à ecovia, mas “sem lhe tocar”
Sugerido em várias reuniões de Câmara anteriores, o itinerário para ligar o sul ao oriente da cidade, desde a rotunda da Avenida D. João IV à Academia de Ginástica, foi apresentado na segunda-feira. O traçado é exatamente o mesmo da ecovia, já previsto no PDM, mas Joaquim Carvalho prometeu que a obra não vai influenciar o usufruto desse canal exclusivo para mobilidade pedonal e ciclável.
Urgezes vai ter ligação mais imediata à Avenida D. João IV
Além do acesso entre a rotunda e a rua António da Costa Guimarães, a contornar a futura urbanização do Monte do Cavalinho, a Avenida D. João IV vai estar ligada ao coração de Urgezes por um outro acesso, à rua Francisco dos Santos Guimarães, entre o monte do Cavalinho e os socalcos encimados pelo eucalipto solitário, tão característico da paisagem vimaranense.
Na primeira intervenção da reunião, o presidente da Junta de Freguesia de Urgezes, território onde se encontra o Centro Cultural Vila Flor, vincou que as futuras urbanizações do Monte do Cavalinho e da Caldeiroa estão a transformar Urgezes “numa cidade dentro da cidade, com habitação, comércio, serviços e universidade”, fruto do espaço dedicado à engenharia aeroespacial na Fábrica do Arquinho, e defendeu que essa via de ligação à rua Francisco dos Santos Guimarães deve promover a “mobilidade sustentável”. “Queremos uma via comunitária que ligue as pessoas ao comércio e ao lazer, que tenha zonas 30 e ligação à autoestrada, que promova a mobilidade sustentável”, referiu.