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Ricardo Araújo lamenta “perda de centralidade” e pisca às Autárquicas 2025

Tiago Mendes Dias
Política \ terça-feira, junho 28, 2022
© Direitos reservados
Convencido de que Guimarães “não tem voz ativa na região nem no país”, o candidato à Concelhia do PSD sugere aposta na “inovação”, das empresas às artes, e quer preparar partido para voltar ao poder.

Perante uma sala lotada de militantes laranja, Ricardo Araújo anunciou a candidatura à liderança da Comissão Política Concelhia do PSD em Guimarães sob a premissa de “uma nova ambição”. Essa “ambição” compreende um partido “forte e coeso” capaz de reaver os destinos da Câmara Municipal de Guimarães, perdidos para o PS em 1989.

“Um PSD forte e coeso é fundamental para construir esta alternativa credível ao PS em 2025. Ao assumir esta candidatura perante vós, assumo integralmente o objetivo e a responsabilidade de preparar e conduzir o partido a uma vitória eleitoral nas Autárquicas de 2025”, realçou o vereador, no discurso proferido esta segunda-feira, na sede do PSD Guimarães, em pleno Toural, perante nomes como André Coelho Lima, deputado na Assembleia da República, Bruno Fernandes e Hugo Ribeiro, vereadores, Emídio Guerreiro, presidente do grupo laranja na Assembleia Municipal, António Xavier e Belmiro Jordão, dois militantes a que se referiu como “senadores”.

Convencido de que os sociais-democratas são a única força política “capaz de apresentar aos vimaranenses uma alternativa credível e sólida para o presente e futuro do concelho”, Ricardo Araújo reformulou o mote “passado feito futuro”, regularmente apregoado por Domingos Bragança nos discursos como presidente da Câmara, para defender que “o presente e o futuro” se devem guiar pelos “níveis de excelência e de exigência do passado”, sem viver à custa dele. “O nosso passado deve exigir que Guimarães esteja na linha da frente dos patamares mais elevados da qualidade de vida no país e na Europa que vivemos”, reiterou.

A partir dessa convicção, o candidato ao PSD de Guimarães criticou a ausência de “voz ativa na região e no país”, que se traduz na “progressiva perda de atratividade para os seus vizinhos”, nomeadamente Braga e Famalicão. “Temos assistido a uma perda de centralidade de Guimarães na esfera nacional e na esfera regional”, declarou.

Para ilustrar esse alegado atraso regional, Ricardo Araújo lembrou a diminuição da população ao longo da última década, a perda do “estatuto de uma das cidades mais jovens da Europa” e “o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrém” de 971 euros, em 2019, inferior ao de Braga (1145 euros) e ao de Vila Nova de Famalicão (1080). O poder de compra per capita foi outro dos aspetos visados: Guimarães é 67.º entre os 308 concelhos do país, abaixo da média nacional, e Braga 18.º, acima da média nacional.

O vereador social-democrata criticou ainda a desatempada “revisão extraordinária do PDM”, quando Guimarães se debate há anos com “falta de espaços para empresas ou de bolsas para construção habitacional”, e as persistentes dificuldades nos acessos rodoviários entre a cidade, as vilas e as freguesias.

Quanto à relação com o Poder Central, o político criticou a falta de progresso do Campus da Justiça, prometido para o Parque da Cidade desde 2019, o encerramento do Centro de Hemodinâmica do Hospital Senhora da Oliveira, financiado com dois milhões de euros angariados pela comunidade, e a falta de apoio do Ministério da Cultura ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães, tendo ainda lembrado a questão da alta velocidade.

“Não podemos permitir que a alta velocidade passe ao lado de Guimarães. Tal como Manuel Alves de Oliveira refere, no final do século XIX, que o troço Trofa-Guimarães veio dar uma nova projeção às fortes artérias de circulação nacional e a ligação direta à linha de alta velocidade”, disse.

 

Depois do património e da cultura, a “inovação”

Na visão de Ricardo Araújo, Guimarães tem-se afirmado pela história, pelo património, pela indústria e pela cultura. A próxima marca a forjar, defende, é a da “inovação”, transversal às várias áreas em que Guimarães se distingue.

“Precisamos de acrescentar inovação e criatividade na indústria, nos diferentes setores da economia do conhecimento, mas também a inovação e a criatividade artística e cultural, para que se aumente o rendimento médio da nossa população e torne o nosso concelho mais inteligente e sustentável, que torne a gestão pública cada vez mais racional e ofereça cada vez mais transportes públicos de qualidade”, defendeu, lembrando a geração de Martins Sarmento, o executivo municipal de 1923 a 1925, com o plano de urbanização de José Luís de Pina, e a criação da Unidade Vimaranense como exemplos de inovação rumo ao “progresso”.

Com cerca de 550 militantes em condições de votar, as eleições para a Comissão Política Concelhia do PSD realizam-se em 09 de julho. Ricardo Araújo será, tudo indica, candidato único. Bruno Fernandes, o atual presidente, não se vai candidatar.

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