Três (entre várias) razões para sorrir na ilha que atrai o golo
Nunca o Vitória navegou em águas tranquilas como neste arranque de segunda volta: a equipa de Moreno vinha de um ciclo de 13 pontos em 15 possíveis, coroado com o triunfo no dérbi com o Sporting de Braga, e, na viagem deste fim de semana à ilha de São Miguel, em pleno Atlântico, tratou de contornar todas as tempestades que pudessem abalar a nau em 45 minutos, ainda que algumas nuvens viessem a pairar sobre a rota vimaranense na segunda parte.
Ao vencer pela segunda vez no reduto do Santa Clara para a divisão maior do futebol português – a primeira fora em 2020/21, por 4-0 -, o Vitória consumou uma série de cinco vitórias e um empate a abrir a segunda volta, registo entre os melhores de sempre dos pretos e brancos, alcançou pela primeira vez neste campeonato um êxito por mais de um golo de diferença e cavou um fosso de seis pontos para o adversário mais próximo na luta pelo quinto lugar: com a vitória por 3-1, os comandados de Moreno têm agora 40 pontos, enquanto o Arouca, sexto, tem 34. Os comandados de Armando Evangelista são precisamente o próximo adversário do Vitória, em duelo marcado para as 18h00 de sábado, 11 de março.
O Vitória chegou ao intervalo a vencer por 3-0, com golos plenos de oportunidade que também convocaram alguma sorte pelo meio: numa fase em que já controlava as operações a meio-campo, Villanueva regressou aos Açores para desmarcar Afonso Freitas com um passe teleguiado; junto à linha de fundo, o lateral esquerdo vislumbrou André Silva, que falhou, em parte, o desvio. A bola ergueu e ressaltou no peito de Safira para entrar, comprovando o magnetismo do avançado para com o golo desde que a segunda volta começou.
Ao contrário de outras vezes em que esteve a ganhar, a equipa de Moreno aguentou o controlo a meio-campo, circulou a bola com serenidade e voltou a criar perigo graças à extraordinária movimentação de André Silva que abriu para o remate de Jota Silva, defendido por Gabriel Batista. No lance subsequente, Miguel Maga cruzou da direita e Safira, num movimento não tão vistoso como o do dérbi, mas pleno de oportunidade, cabeceou para o fundo das redes, com a bola a tabelar ainda no poste. Estava feito o seu quinto golo na segunda volta.
Dessa feita, o Santa Clara reagiu e ameaçou por Tagawa, num remate de longe sem oposição; na resposta, o estreante guarda-redes, Rafa, colocou a bola no meio-campo adversário, André Silva dominou de costas, virou num repente e desferiu um chapéu a Gabriel Batista, num remate com tanto de força, como de jeito, como de sorte, face ao ressalto no colega adversário.
A eficácia foi a tinta com a qual se escreveu uma primeira parte mais equilibrada que o resultado aparenta, marcada ainda pela ponderação de Rafa na baliza, a tentar sempre a decisão mais segura, pela inteligência de André André a segurar a pressão, pelas movimentações de André Silva e pela ligação de Safira com a baliza.
O sol resplandecente que pairava sobre a equipa vitoriana esmoreceu na segunda parte: o Vitória teve dificuldades em controlar o jogo com bola, limitou-se várias vezes a despachar a bola para o meio-campo adversário e permitiu ao Santa Clara jogar por vários períodos nas imediações da sua área, mesmo com escassas ocasiões de golo. Ainda assim, os comandados de Moreno foram incapazes de manter a baliza a zeros: em jogo por sete centímetros, Rildo isolou-se, fletiu para o meio e bateu o desamparado Rafa com um remate bem colocado.