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Sem procissões, Nossa Senhora da Oliveira celebra-se ao som do órgão
Concertos, momentos de meditação e acompanhamento na missa solene: todas estas performances cabem no órgão de tubos da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira até 15 de agosto, o último dia da festa em honra da padroeira da paróquia e do restante território vimaranense – a imagem figura precisamente no brasão do concelho.
“Como temos a festa da padroeira, procuramos utilizar a menina dos olhos desta Colegiada, que é o órgão. Apesar da pandemia, que não nos permite fazer a festa como habitualmente, com o órgão é possível”, diz ao Jornal de Guimarães o pároco de Nossa Senhora da Oliveira e prior da Colegiada de Guimarães, Paulino Carvalho.
À exceção das novenas, que começaram a 06 de agosto e se prolongam até sábado, sempre às 18h30, com terço, eucaristia e pregação do padre José Miguel Fraga, o programa da celebração católica decorre entre quinta-feira e domingo, sem abdicar do instrumento de 1831, criado pelo organeiro vimaranense Luís António de Carvalho.
O músico Nuno Mimoso vai estará a cargo de todos os instantes em que aquele órgão com 2.229 tubos, o “segundo maior do Norte de Portugal, a seguir ao conjunto da Sé de Braga”, entra em ação, a começar pelos 20 minutos de meditação musical agendados para as 12h00 desta quinta-feira. O momento sonoro repete-se na sexta-feira e no sábado, à mesma hora. Os concertos do organista, em colaboração com o coro Anima Populi, realizam-se a partir das 21h30 de sábado e das 17h00 de domingo. Antes, haverá missa solene, às 12h00 de domingo, na companhia do órgão e do Grupo Coral de Nossa Senhora da Oliveira.
Para contornar a impossibilidade da procissão de velas de sábado à noite e da procissão matinal de domingo, devido às normas sanitárias em vigor no âmbito da pandemia, a paróquia amplifica o som de um órgão que, segundo um artigo de Manuela Alcântara no quinzenário O Conquistador, datado de 20 de dezembro de 2013, constitui provavelmente a “derradeira expressão da corrente galaico-portuguesa da organaria ibérica”, difundida em Guimarães pelo galego Francisco António Solha.
“Há um desconhecimento em Guimarães sobre o órgão. Foi restaurado entre 2011 e 2013, mas, depois disso, nunca houve um trabalho estruturado para que fosse utilizado regularmente”, lamenta o padre, responsável pela paróquia desde 22 de setembro de 2019. Depois do restauro levado a cabo por Pedro Guimarãee e Beate von Rohden, da Oficina e Escola de Organaria, sediada em Esmoriz, o mecanismo tem protagonizado “concertos pontuais”, mas precisa ainda de ser devolvido à cidade, diz Paulino Carvalho. Assim tem de ser não só para valorizar o seu potencial cultural, mas também para impedir futuros danos.
“Se não for utilizado, também se estraga. No fundo, juntamos o útil ao agradável. A tónica da festa da padroeira tem também a possibilidade de, quer nas celebrações litúrgicas, quer numa proposta mais cultural, dar destaque ao histórico órgão de tubos que aqui temos”, realça.
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Uma imagem por renovar
No interior das paredes medievais do templo, a imagem de Nossa Senhora da Oliveira carece de restauro e de conservação, admite Paulino Carvalho. E também é preciso um novo andor para carregar essa imagem quando ela sair de novo em procissão. “A proposta da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira é a de termos um andor mais adequado e moderno quando voltarmos a sair à rua, no sentido até do peso, e de cuidarmos da imagem”, esclarece.
Perante tais necessidades, a paróquia vai iniciar uma angariação de fundos que confia sobretudo nas esmolas dos devotos e em doações particulares, acrescenta o padre. Sem orçamento ainda definido para os trabalhos, a instituição espera que a imagem de devoção mariana passeie pelas ruas da cidade com “nova cara”, sobre um novo andor, daqui a precisamente um ano. “Se a pandemia permitir celebrar as festas saindo-se à rua, teremos condições para termos renovado o andor e também a imagem cuidada”, sublinha.
Para Paulino Carvalho, tais obras são essenciais para valorizar um culto “arreigado” na cidade e no concelho, que, na Idade Média, acolhia católicos de outras paragens, em peregrinação, e também a memória construída ao longo de séculos. “No fundo, é sermos fiéis ao património que nos legam os nossos antepassados, cuidar dele e deixar para os vindouros”, conclui.
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