
Sessão Solene 24 de Junho evocou a Batalha de S.Mamede e projetou o futuro
A Sessão Solene Evocativa da Batalha de S. Mamede decorreu na terça-feira, 24 de junho, no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor.
Com início às 21h00, a cerimónia começou com o Hino de Guimarães, interpretado pela Orquestra de Guimarães, sob direção de Vítor Matos, com a participação da solista Sandra Azevedo. Seguiu-se a imposição de condecorações honoríficas, entregues pelo presidente da Câmara Municipal, Domingos Bragança, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, e pelo presidente da Assembleia Municipal de Guimarães, José João Torrinha. Foram homenageados com a Medalha de Honra do Município de Guimarães, Alberto Martins, Rui Vieira de Castro, Maria José Fernandes e Mohan Munasinghe. António Lourenço, com a Medalha Municipal de Mérito Social, Fernando Capela Miguel e Luís Mendes Almeida, com a Medalha Municipal de Mérito Cultural e Noé Diniz, com a Medalha Municipal de Mérito Profissional.
Após a entrega das condecorações, Domingos Bragança tomou a palavra, recordando que a bravura demonstrada na conquista da Batalha de S. Mamede se reflete, atualmente, na coragem de construir uma sociedade livre, participativa e inclusiva.
"O Dia 24 de junho de 1128 é o acontecimento inicial, inaugural, que fez nascer Portugal", começou por dizer o presidente do município. "Se outrora lutámos com bravura pela conquista, hoje assumimos outra forma de coragem: a de construir uma sociedade decente, fundada na cidadania ativa, no respeito mútuo e na responsabilidade partilhada. Acreditamos que uma comunidade só se realiza e se torna verdadeiramente livre quando é inclusiva - cooperante, participativa e solidária. Por isso escolhemos um caminho claro, o da educação, da cultura e da ciência.", disse Bragança.
Domingos Bragança sublinhou ainda que estes pilares moldam cidadãos "mais conscientes, mais justos e empáticos", capazes de reconhecer no outro "não uma diferença, mas a partilha de um destino comum." Referiu ainda que o futuro exige tempo e recusa soluções fáceis e efémeras, privilegiando a profundidade, a coerência e a visão de longo prazo. "Vivemos numa época em que a velocidade da informação antecede a reflexão, em que a forma se sobrepõe ao conteúdo e em que o discurso do ódio se banaliza." Por isso, os investimentos do Município, frisou, "nas pessoas, no conhecimento e no território recusam o aplauso fácil, pois preparam em silêncio os alicerces do futuro."
Referindo-se à aposta na sustentabilidade, na habitação, na mobilidade urbana, a coesão social e territorial, Domingos Bragança concluiu com palavras de agradecimento aos homenageados e com um balanço dos seus 12 anos na presidência da Câmara Municipal de Guimarães. "Cada decisão tomada, cada passo dado, foi inspirado por uma ideia maior do que eu, a de retribuir à nossa terra aquilo que ela nos dá todos os dias." Terminou apelando a "que o espírito fundador do 24 de junho de 1128, esse instante inaugural da nossa identidade coletiva, continue a ser farol e bússola no caminho que temos pela frente. Que Guimarães se mantenha como exemplo inspirado de como é possível conciliar tradição e vanguarda, identidade e abertura, memória e futuro."
Na sua intervenção, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, aproveitou a ocasião para alertar para os perigos da má interpretação da história e da perda de orgulho na identidade nacional. Sublinhou que a história deve ser relembrada, que os seus aspetos positivos devem servir de inspiração e os negativos, de lição.
"Falar de história, de nacionalidade, de identidade nacional, é hoje um exercício difícil", afirmou Carlos Amorim. "O anacronismo é a doença infantil daqueles que não compreendem a história e que rapidamente a tentam julgar com os olhos e mundovisão atualista de que não se conseguem abstrair.", disse o ministro dos Assuntos Parlamentares, destacando ainda que entre 1125, ano em que D. Afonso Henriques se armou cavaleiro em Zamora, e a Batalha de S. Mamede, decorreu o amadurecimento de um "sentido de nação com um destino próprio, e devemos afirmá-lo com orgulho".
Carlos Abreu Amorim apontou ainda para aquilo que classifica como visões distorcidas da história nacional. "Alguns mantêm reservas em enfrentar com admiração a história da nossa nação, pois estão subjugados ao imperativo moralista de repúdio pelos imaginados pecados do passado, desde os Descobrimentos ao Império, ao período colonial.", disse Carlos Amorim, afirmando ainda que uma parte "diz que construímos uma nação próspera à custa do trabalho e liberdade de outros povos", mas para si, isso "é um equívoco". "Não é aqui e agora que o vamos desmentir. Desmentimo-lo todos os dias com a nossa ação, a nossa cultura e afirmação da nossa identidade. Um povo que não tem orgulho na sua história tem poucas condições para se projetar no futuro, porque a sua história - boa ou má, aos olhos dos que vieram depois - deve servir de lição para estarmos à altura dos seus momentos maiores e aprender com os seus eventuais desacertos.”, concluiu o ministro.
A sessão encerrou com o concerto "Nessa Primeira Tarde Portuguesa", pela Orquestra de Guimarães e pelo Coro São Mamede, com direção artística da ondamarela. O momento cultural uniu música e identidade vimaranense, simbolizando e reforçando a mensagem passada pelo Município quanto à construção de um território inclusivo, promotor das relações humanas, do conhecimento e da liberdade.
Atribuição de Medalhas Honoríficas Municipais em 2025
Medalha de Honra do Município de Guimarães – Alberto Martins : Alberto Martins é distinguido com a Medalha de Honra do Município de Guimarães pelo seu notável percurso como jurista, académico e político, com uma vida inteiramente dedicada à defesa da democracia, da justiça e dos direitos dos cidadãos. Natural de Guimarães, destacou-se desde jovem pela sua intervenção cívica e, ao longo de décadas, assumiu funções de grande relevância nacional e internacional, incluindo os cargos de Ministro da Justiça, Ministro da Reforma do Estado e Vice-Presidente da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa. A sua ação política, académica e intelectual honra os valores democráticos e projeta o nome de Guimarães no plano nacional e internacional.
Medalha de Honra do Município de Guimarães – Maria José Fernandes: é distinguida com a Medalha de Honra do Município de Guimarães pelo seu contributo excecional para o desenvolvimento do ensino superior e pela liderança visionária exercida no Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. Como presidente do IPCA e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, tem promovido uma educação inovadora, inclusiva e alinhada com os desafios contemporâneos, com forte impacto no território de Guimarães. A sua ação tem sido decisiva na criação de projetos estruturantes que reforçam a identidade de Guimarães como cidade do conhecimento e da educação.
Medalha de Honra do Município de Guimarães – Mohan Munasinghe : reconhecido internacionalmente como uma das maiores autoridades nas áreas das alterações climáticas e do desenvolvimento sustentável, é distinguido pelo papel fundamental que desempenhou na afirmação da cidade como Capital Verde Europeia 2026. Vice-presidente do IPCC, galardoado com o Prémio Nobel da Paz em 2007, e criador do conceito Sustainomics, lidera desde 2015 o Comité Externo da Missão Guimarães 2030, tendo contribuído de forma decisiva para a construção da estratégia local de sustentabilidade e para a projeção internacional do território.
Medalha de Honra do Município de Guimarães – Rui Vieira de Castro : reitor da Universidade do Minho, recebe a Medalha de Honra do Município de Guimarães pelo seu contributo crucial para o desenvolvimento do ensino superior e para a afirmação da cidade como polo de inovação e conhecimento. Com uma carreira marcada pela excelência académica, científica e institucional, tem promovido uma universidade aberta à região e ao mundo, fortalecendo a ligação entre a academia e a sociedade, e colocando a Universidade do Minho como referência nacional e internacional no panorama universitário.
Medalha Municipal de Mérito Social – António Lourenço: médico cardiologista e figura incontornável da saúde em Guimarães, é distinguido pelo seu contributo notável na modernização dos cuidados cardiovasculares, liderança hospitalar e dedicação ao ensino e à investigação médica. Paralelamente, destacou-se no desporto como fundador e dirigente do Basquetebol Clube de Guimarães e do Centro de Medicina Desportiva, deixando uma marca relevante no tecido social, desportivo e empresarial da cidade.
Medalha Municipal de Mérito Cultural – Fernando Capela Miguel : distinguido pelo seu extenso percurso na promoção da educação, da cultura e da cidadania em Guimarães. Educador, autor e animador cultural, dedicou-se à valorização do património local e da memória coletiva, tendo sido figura ativa no associativismo, no teatro, na literatura e na dinamização de eventos culturais, contribuindo de forma duradoura para o enriquecimento da identidade vimaranense.
Medalha Municipal de Mérito Cultural – Luís Mendes Almeida : o seu percurso notável na promoção da cultura popular vimaranense, através do teatro, da música e da comunicação valeu-lhe a distinção. Com um profundo enraizamento comunitário, tem dedicado a sua vida à valorização das tradições orais e à dinamização de projetos culturais inclusivos e intergeracionais, deixando uma marca indelével na identidade cultural do concelho.
Medalha Municipal de Mérito Profissional – Noé Diniz: distinguido pela sua dedicação de mais de três décadas à valorização da Montanha da Penha, em Guimarães, onde desenvolveu intervenções arquitetónicas e paisagísticas de referência. O seu trabalho reflete uma visão harmoniosa entre património, natureza e funcionalidade, constituindo um contributo fundamental para a afirmação de Guimarães como cidade sustentável e preparada para o futuro.