SMS apresenta obra de João de Meira sobre Guimarães no início do século XX
A Sociedade Martins Sarmento (SMS) decidiu reeditar e apresentar a obra O Concelho de Guimarães. Estudo de demografia e nosografia, escrita em 1907 para a dissertação inaugural na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, instituição na qual se formou João de Meira, personalidade da vida cívica vimaranense na transição do século XIX para o século XX.
O lançamento desse trabalho em livro está agendado para as 16h30 de 10 de dezembro, um sábado, no Salão Nobre da SMS, com a presença de Jorge Fernandes Alves, docente do Departamento de História e de Estudos Políticos Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Avaliada em 20 valores pela Escola Médico-Cirúrgica, essa cartografia da população vimaranense e das suas doenças baseou-se “num estudo rigoroso dos documentos históricos disponíveis” e “não, como até aí era habitual, na repetição acrítica das lendas e narrativas dos antigos monógrafos vimaranenses”, existindo ainda conclusões que se mantêm atuais, dá conta a SMS.
A análise das doenças recorreu a áreas de conhecimento como a geologia, a climatologia, a cultura, a antropologia, bem como à recolha de dados no então Hospital da Misericórdia e a inquéritos. Entre as doenças mais comuns, encontrava-se a pelagra, que se manifesta aquando da falta de ácido nicotínico, também conhecida como vitamina B3.
“A atenção dedicada a esta doença cruza-se, de certo modo, com a perspetiva que Meira enunciava sobre a História de Portugal. O que o move é tentar compreender e auxiliar os mais pobres, o grupo social mais atingido por esta doença”, lê-se ainda na nota da SMS.
Nascido em Guimarães, a 31 de julho de 1881, João de Meira estudou no Colégio de São Dâmaso, instalado no Mosteiro de Santa Marinha da Costa, ingressou na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, na qual viria a garantir uma posição, após a tese O Parto Cesáreo: sua história, sua technica, seus acidentes e complicações, suas indicações e prognostico, de 1908, substituindo, em 1910, Maximiliano Lemos na regência da cadeira de Medicina Legal e ainda como diretor da Morgue do Porto.
Em Guimarães, escreveu textos satíricos e poemas, foi colaborador da Revista de Guimarães, com estudos sobre a história vimaranense, e foi, em 1912, nomeado para suceder ao Abade de Tagilde na organização e publicação dos Vimaranes Monumenta Historica. Responsável por dar o nome à escola EB 2 e 3 situada junto ao Parque da Cidade e a uma rua entre a Avenida Conde de Margaride e a rua de São Gonçalo, João de Meira morreu a 25 de setembro de 1913, aos 32 anos, depois de adoecer.