Embalado pelo público, Vitória lutou e defendeu, mas faltou o poder de fogo
O Vitória teve brio, entrega e toda a atmosfera do Centro Cultural de Viana do Castelo do seu lado, mas esses condimentos foram insuficientes para carimbar o acesso à final da Taça de Portugal e repetir assim o feito de 2022, quando as vitorianas, já então orientadas por Hélder Andrade, derrotaram o Sporting por 3-1, perdendo depois com o Leixões na final. Perante um Benfica mais forte no ataque e no serviço, o Vitória perdeu por 3-1, com parciais de 18-25, 19-25, 25-21 e 18-25, num resultado que espelha as exibições das equipas sobre a quadra.
A discrepância entre a prestação defensiva e a ofensiva ajuda a explicar, em poucas palavras, a derrota vitoriana. Munidas da entrega e da capacidade de leitura demonstradas ao longo da temporada, as jogadoras de preto e branco foram competentes a anular vários remates encarnados à primeira tentativa, contribuindo para a sustentação de várias jogadas, mas tiveram quase sempre dificuldades em finalizar esses lances, e não só. Mesmo nos side out – a resposta aos serviços do Benfica –, a equipa de Guimarães teve dificuldades em fechar pontos, ora por erros na receção, ora pela seleção dos ataques, ora até por descoordenação entre a distribuição e o remate.
O Vitória manteve a discussão do primeiro set acesa até à desvantagem de 17-18, frente a um adversário que fez jus à potência no serviço, com escassas bolas para a rede. O Benfica teve mérito nas dificuldades criadas ao side out vitoriano, mostrando-se atento na hora de ler os ataques vitorianos, e impediu várias vezes que a bola batesse no seu solo à primeira. A turma de Hélder Andrade foi dando réplica, até pela competente prestação defensiva, mas soçobrou na reta final. O Benfica rubricou um parcial de 7-1 e fechou o set.
O segundo set teve contornos semelhantes ao primeiro, com o Vitória a manter a prestação defensiva, mas a melhor versão ofensiva das mulheres da cidade berço apareceu a espaços, o que levou a uma constante alternância de supremacias. O parcial começou equilibrado, com uma igualdade a quatro pontos e o Benfica adiantou-se até aos 12-6, mas o Vitória reagiu. Igualou a 12 pontos, viu as encarnadas somarem quatro pontos seguidos e respondeu com seis consecutivos nos serviços certeiros de Bruna Oliveira, flutuantes sobre a rede, a causarem mossa na receção encarnada.
Assim que o Benfica reduziu para 18-17, a canadiana Avery Heppell foi para a zona de serviço, e o Vitória não teve antídoto. A ponta final do set foi tal e qual a do anterior: a equipa treinada por Rui Moreira rubricou um parcial de 8-1 e fixou o 2-0. Esvaía-se toda a margem de erro para a meia-final: era vencer os três sets que restavam ou ir para casa.
As jogadoras de Hélder Andrade estiveram mais do que à altura do desafio no terceiro set: o acerto da receção cresceu drasticamente e todo o restante jogo ofensivo vitoriano fluiu melhor. Com mais tempo para tomar decisões, Azul Benítez variou mais as opções de ataque entre oposta, Zona 4 e centrais, o que tornou as coisas mais imprevisíveis para a defesa encarnada. A partir do 4-3, a equipa de Guimarães liderou sempre o marcador. Construiu até uma vantagem de seis pontos (19-13), antes de ter de lidar com uma breve reação adversária, frustrada por um derradeiro serviço para fora.
O Vitória elevou-se bem acima da altura da rede no terceiro set, mas não no quarto: ao ver as suas atletas incapazes de responder à eficácia encarnada no serviço e no remate, Hélder Andrade pediu desconto de tempo aos 5-1 e aos 9-3. A formação preta e branca respondeu bem ao segundo tempo, reduzindo de imediato para 9-7, mas a reação estancou de vez nesse momento, quando o técnico das lisboetas respondeu na mesma moeda, com um desconto de tempo. As encarnadas distanciaram-se de novo no marcador e, apesar dos bons desenhos ofensivos a espaços, não havia mais soluções a expor na quadra rumo a outro desfecho. O Vitória perdeu com dignidade frente a um adversário que derrotara com clareza há duas semanas. Bárbara Gomes foi a melhor pontuadora, com 19 pontos, secundada por Florencia Giorgi, com 11.