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Tempo Livre quer Multiusos rentável. É preciso diferenciar, admite Bragança

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, março 03, 2024
© Direitos reservados
O plano estratégico da régie-cooperativa até 2027 menciona digitalização e crescente promoção da atividade física, sem esquecer o principal equipamento, em tempo de “concorrência feroz e desleal”.

O Multiusos precisa de “redefinir o mecanismo de precificação de forma a promover maior flexibilidade negocial e rentabilidade”, lê-se no resumo do plano estratégico da Tempo Livre para o horizonte 2024 a 2027. Apresentado neste sábado, após a inauguração da Nave António Magalhães, o documento vinca ainda que é preciso “diversificar as fontes de receita e financiamento da Tempo Livre, através da criação de novos modelos de negócio e potenciação de parcerias”.

A propósito dessa orientação, o presidente da régie-cooperativa, Amadeu Portilha, admitiu que aquele equipamento inaugurado em 2001 precisa de se reinventar, apesar de ter registado 27 concertos e o maior número de espetadores de sempre em 2022: 178.800. Para 2024, porém, só há dois concertos agendados para já, num mapa nacional do entretenimento no qual o Norte predomina. “No sul, temos apenas a Meo Arena [Lisboa] e o Multiusos de Portimão, do qual ninguém ouve falar. No Norte, prevê-se que tenhamos 10 espaços como o multiusos. Há uma concorrência feroz, e até desleal”, vincou. O responsável considerou ainda que é preciso rever os valores das taxas exigidas pela Câmara Municipal para os eventos realizados no Multiusos

No ano em que assinala um quarto de século – comemorou o 25.º aniversário em 19 de janeiro -, a Tempo Livre vê a digitalização como outra das prioridades para os próximos quatro anos, assim como a melhoria das instalações, com vista a uma maior competitividade e também a uma maior sustentabilidade ambiental.

Na intervenção que encerrou os discursos por ocasião da homenagem a António Magalhães, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães reconheceu que o Multiusos, um “espaço excecional que continua a ser excecional”, precisa de “um trabalho de diferenciação”. Esse trabalho exige obras e a consequente busca pelas mais adequadas fontes de financiamento.

“Pela concorrência enorme de equipamentos na proximidade, temos de nos diferenciar. O investimento é imprescindível. A Câmara acompanhará no esforço que é necessário. A primeira questão no investimento é saber onde é o financiamento. Primeiro vamos a fontes europeias, a fontes nacionais, a fontes municipais. Se tiver de ser, cruzamos essas três fontes. Se não houver, temos em última instância as fontes municipais”, realçou Domingos Bragança, enaltecendo os “25 anos de trabalho e de sucesso” da Tempo Livre.

 

Valorização do bem-estar aumenta procura desportiva

Além dos desígnios para o Multiusos, Amadeu Portilha referiu que a Tempo Livre tem de estar atenta a três grandes tendências que podem moldar o futuro do desporto, do entretenimento e dos eventos: o crescimento do investimento social privado, que congrega iniciativas concebidas para o benefício da sociedade embora com a preocupação financeira de pelo menos igualar receitas e despesas, a digitalização e o aumento da prática da atividade física, por razões de bem-estar e qualidade de vida, mas também do desporto federado.

O número de entradas em equipamentos da Tempo Livre para atividade física ascendeu, em 2022, às 368 mil, quase igualando as 373 mil de 2019, ainda na fase pré-pandemia. Guimarães apresenta uma taxa de atividade física de 33% da sua população, bem acima da média de Portugal – o país é, aliás, o que tem maior inatividade física da Europa, a rondar os 75% -, mas ainda abaixo da média europeia de 38%.

A Tempo Livre crê que há, contudo, potencial para crescimento, uma vez que 35% da população vimaranense não conhece as iniciativas da Câmara ou da Tempo Livre para a atividade física. A proximidade com as escolas e com a academia é um dos paradigmas que a régie-cooperativa tem explorado e espera continuar a fazer, lê-se no documento.

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