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Ténis produzidos em Guimarães estão a mudar vidas de “manteros”

Carolina Pereira
Economia \ terça-feira, junho 15, 2021
© Direitos reservados
Amishoes, um empresa de Guimarães é a principal fábrica da cooperativa Top Manta, um projeto que ajuda vendedores de rua senegaleses a regularizar a sua situação legal.

Vendedores de rua (“manteros” como são conhecidos em Espanha) é um emprego informal, o único a que podem aspirar os migrantes sem papéis, que chegaram do Senegal sem autorização de trabalho, a fugir de um país onde os navios pesqueiros europeus deixam o mar sem peixes e a juventude sem futuro. A hipótese que encontraram para sobreviver em Espanha foi a criticada venda de peças falsificadas, que grandes firmas internacionais da moda denunciaram com o argumento industrial “se quiserem vender ténis, desenhem vocês!”.

E assim o fizeram. Um grupo de manteros, fundou a associação Top Manta há quatro anos e desde então produz t-shirts e sweatshirts, e durante este tempo já conseguiu fornecer um contrato de trabalho a 120 pessoas. Em Espanha, com um contrato de um ano, as pessoas migrantes ganham acesso à autorização de trabalho e, portanto, já podem regularizar a situação legal. “É bonito vermos como, com o esforço destes anos, muitas pessoas deixaram de vender nas ruas, arranjaram emprego e melhoraram as suas vidas”, diz Aziz Faye, da cooperativa. 

A Top Manta lança agora os ténis Ande Dem desenhados pelos vendedores com a ajuda de uma arquiteta e uma designer locais, e que traduzindo do idioma uolof – falado sobretudo na África Ocidental e pela maioria destes vendedores – significa "caminhando juntos".

Guimarães incorpora-se neste projeto enquanto principal fábrica produtora deste calçado. Cristina Soares, gestora comercial da Amishoes, uma empresa familiar com 80 trabalhadores, explica “O projeto da Top Manta é fenomenal e admirável”. A gestora acrescenta que “os manteros poderiam ter facilmente tentado produzir os ténis em países onde os produtos são muito mais baratos, recorrendo a trabalhos sem condições ou a mão-de-obra infantil. No entanto, optaram por dar a oportunidade a uma empresa onde as pessoas trabalham com dignidade e salários justos. É a prova de que no final, todos ganhamos em ser bons”.

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