Trabalhadores da Santa Casa na rua para pedirem melhores condições
“Misericórdia, escuta: os trabalhadores estão em luta” – esta foi uma das frases que mais se ouviu nas ruas da cidade, por dezenas de pessoas que trabalham para a Santa Casa da Misericórdia (SCM) de Guimarães e que concluem, nesta quarta-feira, uma greve de três dias consecutivos.
Iniciada depois das 10h00, no Toural, com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, a manifestação visou o facto de o “acordo de empresa” estar em negociação há mais de dois anos, sem se chegar a um desenlace com a Santa Casa. Esse acordo visa o estabelecimento de postos de trabalho efetivos, com o “aumento de salários”, a “regulação dos horários de trabalho” e a “liberdade sindical” inerentes. Sem esses direitos garantidos, os trabalhadores queixam-se de “assédio laboral”, sob as formas de “perseguição e censura”, algo, aliás, explícito num dos cartazes da manifestação.
Confrontada com a greve, a SCM de Guimarães afirmou, na sexta-feira, que a iniciativa é baseada em “falsas notícias” e tem o único objetivo de “ofender o bom nome” de uma casa com “500 anos de existência”.
PCP leva caso à Assembleia da República
As reivindicações de quem trabalha na SCM já chegaram à Assembleia da República (AR), através de uma pergunta elaborada pela deputada Diana Ferreira, do PCP.
Nesse documento lê-se que os trabalhadores têm “estado a desenvolver várias ações reivindicativas na defesa de melhores condições de trabalho”, considerando “o significativo agravamento e degradação das mesmas desde o início do surto epidémico”. Os comunistas referem que essa ação tem merecido por parte da instituição “dezenas de processos disciplinares indevidos” a quem esteve “sempre na linha da frente em contexto de epidemia”, frisando que essa atitude espelha “chantagem, pressão e perseguição”.
O PCP pediu que “esse comportamento persecutório seja travado”, tendo perguntado ao Governo se está a par da situação da Santa Casa de Guimarães e que medidas vai tomar para “garantir o cabal cumprimento de todos os direitos dos trabalhadores, incluindo o direito à greve”. A deputada Diana Ferreira quer ainda saber que “ações de fiscalização foram levadas a cabo pela ACT nos últimos 3 anos” e quais os resultados.