Trabalhadores “não se identificam com estratégia da Câmara” - coligação
A Câmara Municipal de Guimarães viu o seu número de trabalhadores aumentar de 1.537 para 1.584, entre 2020 e 2021, mas o facto de haver mais pessoal na estrutura não quer dizer que todos os funcionários estejam em sintonia com a “estratégia” da autarquia. Pelo menos, essa é a visão de Bruno Fernandes, vereador eleito pela coligação Juntos por Guimarães (PSD/CDS-PP), que alertou para “um mal-estar” entre os trabalhadores e “a gestão do município”, após o conhecimento de que alguns quadros deixaram a Câmara, como o arquiteto Filipe Fontes, que deixou a Divisão de Urbanismo.
“O que vamos ouvindo é o sintoma de 33 anos de gestão desta maioria [PS]. Também a estrutura municipal dá sinais de que não se identifica com a estratégia de quem governa este município”, disse, no fim da reunião do executivo municipal de quinta-feira.
Convencido de que “os recursos humanos são o maior ativo dos municípios ou das empresas”, fazendo as coisas “andar bem ou mal”, o candidato à presidência da Câmara nas Autárquicas de 2021 defendeu que o “comandante do barco”, Domingos Bragança”, é que “tem de garantir a valorização dos recursos”, tendo criticado “alguma descoordenação no executivo”, com “consequências no dia a dia da casa”.
“O presidente da Câmara que tome as rédeas do pelouro dos recursos humanos, para acarinhar os seus trabalhadores, dedicados e competentes. Precisam do respeito de quem governa esta casa”, pediu.
Bruno Fernandes avisou ainda que a “comunicação” no seio do município está a falhar, e disse recear a eventualidade de circunstâncias externas ao “essencial” prejudicarem o dia a dia da Câmara: “Se não houver concentração no essencial, podemos ter de dar razão a quem diz que o senhor presidente está no último mandato e já não está preocupado, que há vereadores mais focados em eleições internas do partido do que em gerir os seus pelouros, que parte do executivo é muito jovem e inexperiente para cumprir as responsabilidades”, sugeriu.
“Prevejo dois diretores municipais”
Confrontado com a saída de quadros, o presidente da Câmara alegou que os arquitetos e até outros profissionais da administração pública são “muito cobiçados pelo setor privado”, optando por deixar a Câmara quando “o quadro remuneratório para alguns profissionais não é muito satisfatório”.
A melhoria da coordenação entre departamentos foi outro aspeto que Domingos Bragança realçou, sendo, no seu entender, necessária a contratação de dois diretores municipais, cargo previsto na lei; Guimarães, disse, é “das poucas câmaras da sua dimensão sem diretores municipais”. “Eles têm uma competência de coordenação. Temos os chefes de departamento, os diretores de departamento e os chefes de divisão, mas não temos os diretores municipais, que coordenam vários departamentos”, referiu.
A sua expetativa é abrir concurso para dois diretores municipais: um para reunir as áreas social, da educação, da saúde sob a sua alçada e outro para a “conservação, manutenção e reparação de infraestruturas”.
Disposto a submeter a proposta à próxima Assembleia Municipal, em junho, o autarca crê que os diretores podem “dar maior funcionalidade à estrutura municipal”, num tempo em que as competências das autarquias crescem.