
Travel Fest volta para reimaginar o turismo: “Há sempre uma transformação”
Do reconhecimento de um país através dos seus locais mais recônditos ao papel do animal na viagem, da busca por histórias de gastronomia à preocupação com a sustentabilidade, o ABVP Travel Fest regressa ao Teatro Jordão em 10 e 11 de maio para a quarta edição, a terceira na cidade-berço. Tal como em anos anteriores, a proposta é a de transformar perspetivas sobre o ato de viajar e o fenómeno do turismo.
“Todas as conversas de corredor em anos anteriores são exatamente isso. As pessoas vêm cá e há sempre uma transformação. Há pessoas que vieram ter connosco que nunca tinham pensado dessa forma sobre um destino. No ano passado, aconteceu isso com o Bernardo Conde, por exemplo, que esteve em Madagáscar”, adiantou a presidente da Associação de Bloggers de Viagens Portugueses (ABVP), durante a apresentação do evento.
Presidente da associação desde julho de 2024, a vimaranense realçou que o potencial transformador se encontra em todos os oradores, sendo, por exemplo, evidente no alemão Melvin Böcher, fundador da plataforma Travel Dudes, que está a reformular o processo de pesquisa acerca de destinos e viagens. "Apresenta uma forma diferente e disruptiva para as pessoas que pesquisam destinos. Vai mudar o sistema de pesquisa. Um dos primeiros sítios do mundo onde vai apresentar o trabalho é Guimarães”, realça.
Já a sustentabilidade na viagem estará a cargo da italiana Anna Masiello. Fluente em língua portuguesa, a viajante tem um projeto de transformação de materiais aparentemente estragados em novos materiais e vai contar uma viagem ao Japão, desenvolvida de forma lenta, com “formas alternativas de mobilidade”. “O ato de viajar não é dos mais ecológicos, mas é possível fazer isso de forma inteligente”, vinca.
Com uma vida repartida entre Havai, arquipélago norte-americano no Pacífico, e Nice, a norueguesa Anne Bisgaard vai partilhar os seus testemunhos de viagem com a cadela Bia. "É um possível alerta para o abandono de animais de estimação no período de férias. É possível viajar com o amigo de quatro patas, para destinos bastante alternativos. A Bia não é pequenina”, explica Mónica Alves.
O painel conta ainda com Nuno e Érica, casal brasileiro com raízes em Portugal que alimenta o blogue “O Miradouro”. Os dois viajantes têm explorado Portugal, mas segundo locais mais recônditos, desconhecidos da maioria dos turistas. Esse aspeto também é visível no galego Alberto Ribas, que explora locais fora do radar em Portugal, Espanha e França, à procura de histórias para contar, sobretudo relacionadas com gastronomia.
Já a húngara Diana Lesko vai falar sobre uma viagem ao Afeganistão, exemplo da “predileção por destinos perigosos e menos seguros”. “Viajou sozinha sem rede de contactos. Ela vai partilhar a experiência dela na primeira pessoa, há poucos meses. O mundo é mais seguro do que imaginamos, do que vemos nas notícias. Devemos ter segurança, mas sair da zona de conforto”, analisa a dirigente.
Portugal estará representado por Tiago Salazar, jornalista e escritor, autor de livros como “A escada de Istambul”, que vai testemunhar uma forma diferente de viajar – “vai partir tudo”, promete Mónica Alves. O fotógrafo António Avelar vai apresentar a sua experiência na Eritreia, país africano na costa do Mar Vermelho.
“Temos oradores nacionais e internacionais com vivências específicas. A ideia é que não haja um português sem razão para não vir cá. Fizemos questão de escolher um painel atrativo para qualquer um de nós”, completou.
“Faz todo o sentido que os vimaranenses venham”
Depois de edições com 200 a 250 pessoas diariamente no Teatro Jordão, Mónica Alves espera uma afluência semelhante em 2025. Com os bilhetes disponíveis online, a dirigente realça que a maioria da plateia é de fora de Guimarães e convida os vimaranenses a marcarem presença.
“Temos de trabalhar a mensagem de que Guimarães não é só cidade a acolher. Faz todo o sentido que os vimaranenses venham. Guimarães não é só a cidade que nos vai acolher. Também são bem-vindos”, realça Mónica Alves.
Presente na apresentação decorrida no Teatro Jordão, o vereador municipal para a cultura e o turismo, Paulo Lopes Silva, realçou que o evento não é só para especialistas e produtores de conteúdos, mas também para público não especializado. A seu ver, o ABVP Travel Fest é “uma das apostas estratégicas” mais importantes da autarquia para promover o pensamento sobre o turismo.
"O turismo é indústria da paz. Que territórios sem paz consigam encontrar no turismo a possibilidade de se interligar com outros povos e ficarmos com mais sensibilidade às outras populações para promover a paz no mundo. É com grande benefício para ambas as partes que acolhemos o evento”, referiu.
Para Paulo Lopes Silva, o ABVP Travel Fest influencia também o movimento na cidade durante o fim de semana em que decorre e no resto do ano. “Há um lastro que o evento deixa ao longo de todo o ano. Não apenas quem vem visitar naquele momento, mas também a atratividade gerada durante o festival. As publicações dos visitantes acontecem nos conteúdos ao seu ritmo”, assinalou.