Presidente do HSOG defende que ULS vai aproximar saúde das pessoas
A Unidade Local de Saúde (ULS) para Guimarães é uma intenção da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde, publicamente apoiada pelo presidente da Câmara Municipal, Domingos Bragança, desde que veio a público, em dezembro. Essa visão favorável estende-se ao presidente do conselho de administração do Hospital Senhora da Oliveira – Guimarães (HSOG), que vê nesse modelo uma resposta para a crescente “integração de cuidados de saúde” que preconiza entre hospitais e Unidades de Saúde Familiar (USF).
“A integração de cuidados favorece em primeira linha os cidadãos. Atualmente andam tipo bola de pingue-pongue: cuidados primários para hospitais, hospitais para cuidados primários. E o cidadão diz: tenho uma doença e vou parti-la ao meio? Numa parte vou ao hospital e noutra vou ao centro de saúde? Isto não tem sentido”, realçou Henrique Capelas, à margem da abertura do laboratório de hemodinâmica do hospital, na quarta-feira.
Para o responsável, ULS é a denominação portuguesa para um processo que já existe no Canadá, na Nova Zelândia, no Reino Unido, em Espanha, estando recomendada pela Organização Mundial da Saúde desde 2003. E o que é que a designada “integração de cuidados” muda? Para Henrique Capelas, pode corrigir “muitas das anomalias” de uma área, tal como a justiça e a educação, “muito voltada para si mesma, para as organizações, e não para as pessoas”.
Caso a ULS avança, o HSOG e o Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Ave deixam de existir juridicamente; passam a ser a ULS do Alto Ave, na qual os médicos do hospital e os médicos das USF passam a ser “colegas”, numa “cultura organizacional que implica maior responsabilidade” e que pode combater a tendência “hospitalocêntrica” da sociedade portuguesa. “As unidades locais de saúde só poderão ter êxito com foco nos cuidados de saúde primários”, perspetiva, revelando que está em desenvolvimento um “plano para a formação nos cuidados de saúde primários e na investigação”.
Essa ULS vai integrar as 24 USF da atual área da referenciação – Guimarães, Vizela, Fafe, Cabeceiras de Basto e Mondim de Basto – e, para o presidente do conselho de administração, pode até aproximar os profissionais do hospital das populações mais distantes. “Porque é que as crianças de Mondim de Basto ou de Cabeceiras terão de vir aqui ao hospital e não há de ir um pediatra ao centro de Mondim de Basto prestar lá cuidados de saúde. Os médicos especialistas do hospital, naquelas que for possível, terão de prestar serviços aí. Quando prestamos cuidados de saúde mais próximos do cidadão, isso só engrandece o nosso hospital”, aponta.
Quanto aos concelhos com utentes que se servem preferencialmente do HSOG – Felgueiras, Vila Nova de Famalicão e Celorico de Basto, por exemplo -, a ULS estará preparada para os acolher, promete Henrique Capelas. “E os cidadãos de fora da área que se deslocam ao hospital? Vão ser tratados e fazemos o encontro de contas com o Ministério da Saúde. Desejavelmente vão aceder ao hospital, como até agora”, referiu.
Vereadora diz-se “fã incondicional” da ULS
Adelina Paula Pinto considera “importante que nada da rede territorial se possa perder”, assumindo-se, nesse caso, uma defensora da ULS. “Sou fã incondicional da ULS. Acho que vai trazer valor acrescentado ao doente, que é capaz de estar numa rede de saúde que comunica entre si e se consegue articular”, realça.
A vereadora municipal para a saúde usa o exemplo do laboratório de hemodinâmica para referir que não só os utentes de Guimarães têm agora um serviço de maior proximidade. Também os de Cabeceiras de Basto, por exemplo. “Esta unidade hospitalar com território à volta tem de ser salvaguardada. Tendemos a esquecer muitas vezes isso, porque o grosso da população está em Guimarães”, lembra.