Vacinação: oposição aponta falhas ao Verbo Divino. Bragança queria INATEL
O centro de vacinação contra a covid-19 em Guimarães funciona no antigo seminário do Verbo Divino desde 27 de novembro. Desde então, utentes e funcionários têm apontado o dedo às lacunas do espaço, seja pelo frio, numa altura em que o Inverno se aproxima, pela falta de conforto das cadeiras, pelo tempo de espera para a inoculação e o recobro ou simplesmente pela logística que fica aquém da do Multiusos, espaço onde se administraram as vacinas desde fevereiro até ao mês passado.
A coligação Juntos por Guimarães (PSD/CDS-PP) fez eco dessas críticas na reunião do executivo municipal decorrida nesta segunda-feira, com Ricardo Araújo a lamentar a difícil acessibilidade à infraestrutura localizada em Azurém, nomeadamente para quem se desloca em transportes coletivos, a falta de estacionamento, as “condições de conforto para a vacinação e para o recobro” e ainda a falta de “potência” energética e de “rede” para equipamentos informáticos. Para o vereador social-democrata, a maioria PS que governa o município deveria ter feito melhor no planeamento e na antecipação dos problemas.
“Não é fácil encontrar uma solução ao nível do exigível, mas, com alguma antecipação, as condições poderiam ser mais bem preparadas”, disse. “Se se consegue compreender a necessidade de mudança do local, já não se consegue compreender que a mudança de local não seja devidamente preparada ou antecipada, para que as condições fiquem as mesmas ou melhores”.
Para Ricardo Araújo, a “deterioração de condições com a mudança de local” é um sinal contrário ao que tem sido dado por municípios vizinhos, capazes, no seu entender, de mudarem as “instalações para melhor”, ainda por cima numa época de frio – “vacinar no verão não é a mesma coisa que assinar no inverno”, reitera.
O membro do executivo alertou também que a pandemia não vai ter “uma solução tão rápida” quanto o desejável, pelo que a Câmara Municipal se deve preparar uma resposta mais a longo prazo, ao invés de reagir ao que acontece sem planeamento.
“O planeamento para o [novo centro da vacinação] não precisava de quatro meses, mas apenas de alguma capacidade de antecipação. Este não é um problema pontual que vai desaparecer de hoje para amanhã”, vincou, dando ainda conta do sentimento de “impotência” dos profissionais que lá trabalham – médicos, enfermeiros, assistentes operacionais – para “corresponderem às necessidades dos utentes”.
Pavilhão do INATEL era a solução inicial. Câmara ainda quer o espaço para maiores de 65
Confrontado com os problemas do antigo seminário do Verbo Divino, o presidente da Câmara, Domingos Bragança, revelou que a primeira alternativa pensada para a substituição do Multiusos foi o pavilhão do INATEL, mas a delegada de saúde de Guimarães recusou. A autarquia tentou então o Verbo Divino, com as autoridades de saúde a entenderem que o espaço dispunha das condições necessárias.
Ainda assim, a autarquia crê que o INATEL deveria acolher os maiores de 65 anos ou as pessoas de mobilidade reduzida. “É para lá que devem ir as pessoas com mais de 65 anos e de mobilidade reduzida”, vincou. “A prioridade é dar todo o apoio à saúde pública, à prestação de cuidados de saúde. Tudo o que nos pedirem, damos. Se nos pedirem mais, daremos mais. O que quiserem da Câmara de Guimarães para melhorarem os serviços disponíveis, nós damos”.
Já Adelina Paula Pinto reconheceu que a mudança poderia ter tido mais “alguma antecipação”, mas adiantou que as questões do “quadro elétrico, do conforto, com as cadeiras, e das acessibilidades, com a sinalização” estão já resolvidas. A vereadora com o pelouro da Saúde lembrou os imprevistos quanto ao funcionamento da vacinação, já que estava previsto o centro de vacinação encerrar em julho e depois em setembro. Depois, decidiu-se reduzir o espaço no Multiusos para cinco boxes, a vacinar em quatro dias da semana, mas com o aumento do número de utentes, a mudança de local revelou-se forçosa, acrescentou.
Mesmo o número de inoculações por dia tem mudado semana após semana, estando agora definido que haja 1000 por dia – 500 de manhã e 500 de tarde. “Tudo isto é na pressão imediata. A velocidade com que a vacinação muda é muito rápida. Na próxima semana, já podem ter de ser mais as vacinas. A vacinação é marcada pela task force, mas está sempre tudo cima da mesa. Estamos a reforçar os enfermeiros”, vincou.
500 testes por dia
A Câmara Municipal vai disponibilizar de novo o posto móvel de testagem à covid-19, esperando realizar 500 testes por dia, informou ainda a vereadora. A autarquia vai pagar os testes na terça e na quarta-feira, uma vez que o Governo só assegura os quatro testes gratuitos por mês a partir de quinta-feira. Quanto às pessoas que o centro vai receber, as que se têm de deslocar ao hospital serão prioritárias, uma vez que podem precisar de fazer mais de quatro testes por mês. Quanto aos adeptos de futebol, agora obrigados a teste para entrarem em recintos desportivos, a vereadora disse que, à partida, não será necessário a autarquia pagar os testes, já que até ao final do ano só por duas vezes os adeptos das duas equipas profissionais de Guimarães – Vitória e Moreirense – irão aos respetivos estádios verem os seus clubes.