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Valorização de resíduos também dá conhecimento pronto a usar às empresas

Tiago Mendes Dias
Ciência & Tecnologia \ quarta-feira, julho 20, 2022
© Direitos reservados
Conduzido pelas investigadoras Margarida Soares e Nádia Valério, projeto Wast’Awareness visa melhorar a “sustentabilidade” da economia e é apresentado esta quarta-feira, nos 20 anos do CVR.

Num dos laboratórios do Centro para a Valorização de Resíduos (CVR), Margarida Soares e Nádia Valério percorrem as bancas repletas de equipamentos de investigação, antes de chegarem à área mais restrita, bem iluminada, onde as amostras se sujeitam à objetiva do microscópio. Mas o dia a dia das investigadoras está longe de se restringir às paredes do laboratório: elas também se desfazem das batas para enfrentarem o ecrã do computador e o contacto com as empresas que precisam do conhecimento que ali se gera.

Esse cruzamento está precisamente no cerne do seu projeto mais recente, com apresentação marcada para a tarde desta quarta-feira; chama-se “Wast’awareness” e visa a transferência de tecnologias prontas a serem utilizadas por empresas das regiões (NUTS II) do Norte, do Centro e do Alentejo, com foco nos setores agroalimentar e metalúrgico. “Basicamente, passa pela transferência de tecnologia para a valorização de resíduos e para a sustentabilidade. O mais importante do projeto é sistematizar informação e tecnologias, otimizá-las e transferi-las”, esclarece Margarida Soares, mestre em engenharia biológica pela Universidade do Minho, em declarações ao Jornal de Guimarães.

Mestre em Microbiologia pela Universidade de Aveiro, Nádia Valério dá conta das transformações que as empresas podem operar graças ao projeto que arrancou a 01 de janeiro de 2022: incorporação de resíduos em pavimentos, processo referente à construção civil, valorização das lamas, resíduo “muito problemático e até perigoso” na indústria, ou aproveitamento energético das biomassas.

Da experiência que a investigadora tem no contacto com o tecido económico, “a maior dificuldade é levar a que as empresas queiram desenvolver o trabalho”, daí que a investigação prestes a ser apresentada tenha tido em conta os números. “Se tentarmos introduzir estes conceitos de sustentabilidade e de valorização de resíduos, e mostrarmos as vantagens económicas de introduzir isto, elas vão aplicar o projeto mais facilmente”, acrescenta Margarida Soares.

Levado a cabo pelo Departamento de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, liderado por Joana Carvalho, doutorada em engenharia biológica, o “Wast’Awareness” requereu um orçamento de 387.500 euros, tendo sido financiado em 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. A sua apresentação é uma das iniciativas que assinalam os 20 anos do CVR, instituição fundada a 08 de julho de 2022, a partir das 14h00 desta quarta-feira.

Intitulada “Descobrir a Ciência: 20 anos de CVR”, a cerimónia acolhe também intervenções sobre biorrefinarias, por Margarida Gonçalves, da Metrics, entidade associada à Universidade Nova de Lisboa), e sobre as fibras do futuro, por Raul Fangueiro, da Fibrenamics, vinculada à Universidade do Minho). A abertura do evento vai merecer a representação da Câmara Municipal de Guimarães e da reitoria da Universidade do Minho e da Câmara Municipal de Guimarães.

 

Mestre em microbiologia, Nádia Valério é uma das investigadoras envolvidas no Wast'Awareness

Mestre em microbiologia, Nádia Valério é uma das investigadoras envolvidas no Wast'Awareness

 

“Resíduos são recursos”. E dão futuro

As responsáveis pelo “Wast’Awareness” estão há cinco anos numa instituição com 18 pessoas, cujo volume de negócios ronda o milhão de euros por ano. Nádia entrou aquando do Res2ValHum, projeto criado para “a valorização de resíduos orgânicos” com vista à “produção de substâncias húmicas” – misturas que provêm de matéria decomposta por micro-organismos. Já Margarida desenvolveu, com sucesso, um bioplástico a partir de casca de batata como substituto do plástico dos sapatos; fê-lo em parceria com uma empresa de Guimarães.

Grata por fazer “coisas diferentes” desde que está vinculada ao CVR, Margarida Soares vê futuro na investigação ali nutrida. “Temos muitos projetos nacionais e internacionais. Trabalhamos em todas as áreas inerentes aos resíduos, da engenharia civil à eletrónica, e vejo muito futuro”, descreve.

Nádia Valério também vê a multidisciplinaridade do CVR como um “desafio” que a motiva e sente que o conhecimento que germina entre aquelas paredes é cada vez mais procurado pela sociedade. “Vemos os resíduos como recursos. Cada vez mais a população vai ver que é fundamental investir nesta área. Vemos mais procura desde que cá estamos”, reitera.  

 

Margarida Soares vê futuro na investigação em resíduos

Margarida Soares vê futuro na investigação em resíduos

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