skipToMain
ASSINAR
LOJA ONLINE
SIGA-NOS
Guimarães
16 abril 2025
tempo
18˚C
Nuvens dispersas
Min: 17
Max: 19
20,376 km/h

Vereadora reconhece falta de professores para AEC de artes performativas

Tiago Mendes Dias
Política \ terça-feira, abril 08, 2025
© Direitos reservados
Adelina Paula Pinto reconhece que, por norma, faltam 15 professores em relação aos 80 que eram supostos. Já o número de funcionários supera o rácio exigido, mas imprevisibilidade dificulta gestão.

Embora seja um “problema nacional”, a escassez de professores para as atividades de enriquecimento curricular (AEC) aflige os agrupamentos de escolas de Guimarães, reconhece a vereadora municipal com o pelouro da educação, Adelina Paula Pinto. Se as AEC de atividade física têm “corrido bem”, com professores para todas os horários e a oferta de mais uma hora extracurricular face ao que está previsto, dedicada à prevenção da obesidade infantil, nas artes performativas o cenário é diferente.

“Nas artes performativas, estamos com problemas e estamos sempre com 14 a 15 professores a faltar relativamente aos 80 que deveríamos ter. É um número muito móvel. Isso está a causar-nos algumas dificuldades”, disse, aos jornalistas.

A falta de professores de música é uma evidência, razão pela qual o município já equacionou parcerias com o Conservatório de Guimarães e com o Conservatório da Academia de Música Fernando Matos, em Caldas das Taipas, para a realização das AEC. Outra solução pensada pelo município é a colaboração da Biblioteca Municipal Raul Brandão, do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta e do centro Curtir Ciência, em Couros, nas AEC. “Não temos encontrado boas soluções, mas as que temos vão dando ocupação aos alunos, mesmo sem a qualidade desejada”, assume.

No entender de Adelina Paula Pinto, as dificuldades das AEC resultam da “escola a tempo inteiro”, um modelo a seu ver ultrapassado. “Isto exige uma reformulação do próprio Ministério da Educação. Este modelo ultrapassado tem de ser repensado, porque precisamos de trabalhar mais a autonomia das crianças e da criatividade e inovação. Não esta questão de aulinha atrás da aulinha, que está a ser pouco digna. Temos vindo a repensar nisto. Precisamos de revitalizar o brincar sem orientação. Notamos a falta de autonomia das crianças. Estão sempre mandadas”, acrescentou.

A propósito do tema, o vereador da coligação Juntos por Guimarães (JpG), Ricardo Araújo, realçou que não vale a pena o município “debitar teoria” sobre a escassez de docentes para as AEC, um problema que constatou na visita ao Agrupamento de Escolas de Briteiros, por ocasião da Semana Aberta daquela unidade de ensino. “Como o município não está a ser capaz de dar resposta a proporcionar as aulas extracurriculares, acabam por ser os assistentes operacionais a ter de tomar conta dos meninos durante esse período. A verdade é que isso não substitui as atividades extracurriculares e a sua qualidade. Este é um problema para o qual temos vindo a alertar e que se mantém”, vincou.

 

Funcionários e reparações nas escolas

O vereador e candidato social-democrata às Eleições Autárquicas de 2025 também criticou os problemas associados aos assistentes operacionais. Apesar de serem cumpridos os rácios para as escolas, muitos funcionários são obrigados a trabalhar além da “sua obrigação ou função estreita”. Para Ricardo Araújo, a Câmara Municipal precisa de mecanismos “rápidos e ágeis” para evitar a “sobrecarga muito grande” que se vê nas escolas.

As reparações foram outro tópico mencionado pelo vereador da oposição, que apontou “problemas de eficácia” na mudança de lâmpadas ou em pequenos vidros. “A Câmara não tem um procedimento ágil para fazer essas reparações num tempo útil e ágil, com a celeridade que se deseja. São reparações que aguardam meses pela aprovação da Câmara. Há um sistema de tickets, mas que não é ágil nem está a funcionar como seria esperado”, vincou.

Em resposta, Adelina Paula Pinto vincou que o rácio estabelecido pela Câmara leva a que haja mais 70 funcionários nas escolas do que os exigidos pelo Governo. Ainda assim, a média de assistentes operacionais em falta é de 60, num universo de 800. As baixas médicas e a imprevisibilidade associada à situação dificultam a gestão. A vereadora da educação crê também que há áreas onde os funcionários não deveriam intervir, sobretudo no que respeita à autonomia das crianças. “Estamos a colocar muitos funcionários nas escolas. As crianças têm de trabalhar a autonomia. Nas escolas da Europa, não há funcionários nas escolas. Nós estamos num crescendo de funcionários”, referiu.

Quanto às reparações, a vereadora municipal frisou que as respostas para escolas do 1.º ciclo foram delegadas às Juntas de Freguesia, que têm sido “bastante proativas”, com um “trabalho vai muito além do que lhes compete”. Quanto às Escolas Básicas, a Câmara assume que tinha muitas reclamações nos 14 estabelecimentos, com os seus funcionários incapazes de lidar com a situação. Nesse sentido, a vereadora anunciou a transferência de verbas para as próprias escolas assumirem as reparações.

“Atribuímos uma verba a cada escola para cada tipo de reparação e estamos a dar mais dinheiro quando não é suficiente. Nós ficamos com as situações mais específicas, como é o caso das casas de banho, que são resolvidas através de requalificações mais profundas feitas por empreiteiros, como fizemos em Brito, Abação, Pinheiro e vamos fazer agora na Cruz d’Argola e Souto Santa Maria. São escolas do Plano Centenário [projeto de construção de escolas pelo Estado levado a cabo entre 1941 e 1969] onde estão, obviamente, a surgir alguns problemas”, referiu.

A manutenção de jardins e áreas exteriores das escolas, bem como de parques infantis foi entregue à Vitrus.

Podcast Jornal de Guimarães
Episódio mais recente: O Que Faltava #93