
Vimaranense distinguido pela melhor tese de mestrado em arqueologia em 2024
Nascido em Guimarães, em 1970, Luís Manuel Coutinho vai receber o Prémio Eduardo da Cunha Serrão no domingo, por ter escrito aquela que foi considerada a melhor tese nacional de mestrado em arqueologia no ano passado. A cerimónia está marcada para as 16h00, no Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, com José Arnaud, presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a entregar o galardão na 10ª edição da iniciativa.
O trabalho distinguido aborda a representação de equídeos na arte rupestre do Alto Minho. Para escrever “Equídeos gravados entre os rios Minho e Âncora, Noroeste de Portugal. Da inventariação, ao estudo e interpretação”, o investigador da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (UAUM) inventariou 43 superfícies rochosas, com 126 equídeos gravados no total, que foram alvo de análise fotogramétrica, de modo a preservar os vestígios originais e as suas mensagens.
“Aqueles locais foram santuários das populações de finais do terceiro ao primeiro milénios antes de Cristo (Idades do Bronze e do Ferro). Ou seja, ali celebravam ou evocavam divindades ou documentavam narrativas ligadas ao seu mundo social e ideológico”, refere a universidade, em comunicado. O estudo aborda assim a arte rupestre, um património pouco investigado e afetado por incêndios e pela ação humana, mas que constitui um recurso arqueológico relevante, podendo por exemplo integrar rotas culturais, completa a nota.
Segundo Luís Coutinho, os equídeos surgem gravados nas formas esquemática ou sub-naturalista e com uma fisionomia similar à espécie selvagem extinta zebro (Equus hydruntinus), que também habitou a Europa Ocidental e Central. Por outro lado, verificou-se que as representações de cenas quotidianas dos equídeos são mais antigas do que as representações de equídeos montados por cavaleiros (alguns com rédeas e armas de arremesso), sendo estas do primeiro milénio a.C., quando a equitação surgia na região ibérica.
A simbologia dos lugares identificados pode diferenciar-se pela cronologia e pela gramática figurativa gravada. “Pode ser a valorização dos atributos dos equídeos em si, a sua associação a formas circulares remetendo para ideologias do Atlântico Norte que veneravam o cavalo solar ou, no caso dos cavaleiros e armas, demonstra a importância do equídeo como animal de monta, elemento de caça ou eventualmente sacrificial”, justifica o autor.