Vitória chega aos 33 mil sócios com “uma margem interessante de progressão”
O Vitória SC atingiu esta sexta-feira 33 mil associados. Um novo máximo no clube, que se tem alavancado nos últimos meses: desde março de 2022, filiaram-se como associados do Vitória SC 3.700 associados, sendo que apenas neste mês de julho são mais de duas centenas os novos sócios.
Em conversa com Armando Guimarães, vice-presidente responsável pela área associativa, o Jornal de Guimarães faz uma espécie de radiografia da realidade associativa do Vitória SC. Quarto clube em assistências na última época, com uma média de 16.116 espetadores no D. Afonso Henriques, o Vitória SC tem atualmente 19 mil associados com a quota de junho, sendo que o mês de agosto costuma ser determinante para se balizar o número de sócios pagantes.
Aproximadamente 45% dos associados do clube têm até 23 anos, sendo também significativa a percentagem de associados bebés (até 3 anos) que ainda não podem entrar no estádio. A ambição é crescer, quer a nível de associados quer a nível de presença no estádio. Várias iniciativas estão a ser preparadas para ir de encontro a essas metas.
[Jornal de Guimarães] O Vitória SC atingiu os 33 mil sócios. Que radiografia é possível fazer deste número, sendo que a última recontagem foi em 2020, a próxima será em 2025, e pelo meio houve um período pandémico?
[Armando Guimarães] É uma realidade, atingimos os 33 mil sócios. O nosso objetivo – que decorre do plano de atividades que apresentámos recentemente – é aumentar pelo menos 10% este número no decorrer da próxima época, na ordem dos 3 mil sócios, que foi um número aproximado que tivemos nesta última época.
Os números dizem-nos que há um mito em relação à pandemia. Não há um número assim tão significativo de perda de sócios: estamos a falar na ordem dos 1500 sócios que deixaram de pagar quotas desde março de 2020. Mas, temos reinscrições na ordem dos 750 sócios, as pessoas que tinham números de sócio altos acabaram por se reinscrever.
Temos a questão do plano prestacional. O Vitória SC não teve perdão de quotas, podemos ou não recuperar estes sócios, é uma questão discutível. Com a anterior direção optou-se por um plano prestacional, teve uma adesão significativa, quase 900 pessoas aderiram, das quais 600 resolveram a questão. Alargamos o prazo até ao final da próxima época e as coisas têm sido resolvidas. Temos 21 pedidos de adesão, dos quais 16 já estão a ser resolvidos. Estamos, portanto, a falar de números residuais.
Em termos de sócios pagantes qual é a situação atual?
No que respeita a sócios pagantes, à data de hoje temos cerca de 19 mil sócios com a quota 6, o que é significativo. A experiência que temos, através dos serviços, diz que o mês de agosto é crucial. Acreditamos que até final de agosto este número vai aumentar significativamente.
E lugares anuais, como está a correr a venda?
Verificamos que este ano conseguimos bater o recorde de renovações de lugares anuais. Em média, teríamos 7 mil renovações; terminámos o período de renovações com mais de 9 mil renovações. Neste momento já estamos quase em 10 mil cadeiras vendidas. O ano passado chegámos às 15.500 cadeiras, o objetivo é chegar às 16.500; acreditamos que vamos chegar a este objetivo durante a época.
Este período que se segue, de sensivelmente quinze dias antes do primeiro jogo oficial em casa, à entrada de agosto, pode exponenciar estes números?
Sim, os serviços transmitem-nos isso. Por norma, em agosto há uma capacidade financeira diferente. Há também a questão da nova época, dos primeiros jogos em casa, este ano temos dois jogos seguidos em casa, para o campeonato, o Vizela e o Gil Vicente, o que vai ajudar.
Depois temos aquele modelo de quotas, sobretudo na população mais jovem, que tem resultado muito significativamente. Quer nos 13 anos, quer nas faixas 14-17 e 18-23 anos temos mais de 50% das pessoas a aderir ao pagamento total das quotas. Neste momento, em termos de pagamento das quotas até ao final da época, já temos mais de 5 mil pessoas, o que é muito significativo, e ainda nem começou a época. Só este mês já entraram 200 novos sócios. Desde março de 2022 até à data de hoje já temos quase 3700 novos sócios.
Também temos verificado, é um estudo que temos feito, que os bebés na faixa etária 0-2 anos tem sido uma faixa cada vez mais forte: já representa quase 20% do universo dos associados. Temos depois a faixa etária de jovens 3-13 anos e 18-23 que representam quase 30%. Na faixa etária 0-23 anos temos sensivelmente 45% dos nossos sócios, o que é muito significativo.
O que implica que grande parte dos associados com quotização regularizada, excetuando os menores de três anos – que não podem ir ao estádio – tem hábito de ir aos jogos…
Temos que aumentar. O que vamos verificando é que ainda temos 3 a 4 mil pessoas que não têm essa fidelização: têm cadeira anual, mas não vão aos jogos. A média do estádio também está relacionada com convites, camarotes e toda essa dinâmica. Acreditamos que há uma margem grande de crescimento. O facto de os jogos terem sido ao domingo ou à segunda-feira à noite – o Vitória foi o clube que mais jogos teve à segunda-feira à noite – também influencia, ou então jogos em horários pouco convidativos também desmobiliza uma percentagem de adeptos. Não é significativa, mas há, por isso acreditamos que temos uma margem muito interessante de progressão. Naturalmente que o desempenho desportivo é fundamental. Temos algumas campanhas e iniciativas de aproximação aos adeptos, quer em termos geográficos, vamos começar a fazer isso já na próxima época.
Dado este número de lugares anuais que não são «ocupados» nos jogos, fará sentido pensar em pensar uma forma de disponibilizar esses lugares?
Também é uma coisa na qual pensamos, na recompra de lugar. Mas, neste momento esse conceito não faz sentido, porque não temos uma procura maior do que a oferta. É interessante se não puder ir ao jogo disponibilizar o lugar, mas isso seria muito mais interessante se houvesse mais procura do que oferta. Cultivar a identidade é o trabalho que temos vindo a fazer de uma forma global e queremos continuar a fazer. Ainda há muito para fazer, mas o trabalho incide precisamente nisso, nesta identidade, cultivar este sentimento de pertença ao clube em todas as idades. Felizmente o Vitória tem isso muito presente no estádio, mesmo na questão de género. Há uma tendência grande de se diluir a diferença de género, nos associados, no estádio e até nos jogos fora.
Iniciativas como o débito direto, entre outras, têm ajudado a que seja mais cómoda a condição de associado?
Tem. Trabalhamos com a plataforma SmartFans, no débito direto as adesões têm vindo a aumentar. Vamos continuar a promover isso, temos feito algumas campanhas, porque facilita ao associado, mas também à estrutura uma série de procedimentos. Estamos a trabalhar a mudança de instalações do Atendimento ao Associado para serem mais acessíveis, porque neste momento elas não são acessíveis, pela questão das escadas. O que sentimos é que ao longo da época grande parte das pessoas – esta época é mais específica dada a questão da nova época e dos lugares anuais -, mas ao longo do ano temos percebido que quem se dirige mais ao Atendimento ao Associado são pessoas mais idosas, com mobilidade mais reduzida, e há também a questão dos carrinhos de bebé, e a verdade é que não temos instalações acessíveis. Estamos a trabalhar nisso para que dentro do estádio tenhamos essas condições mais acessíveis e de maior conforto.
A organização dos jogos, com novas iniciativas, é algo que também tem influenciado este aumento do número de sócios?
Entra já na área do marketing. O clube tem tentado promover o match day, tentar contrariar um hábito comum que temos, que é entrar muito tarde no estádio. Pela análise às picagens, temos milhares de picagens dez a quinze minutos antes do jogo iniciar. Estamos a tentar inverter essa situação, sensibilizando e promovendo atrações para que os sócios possam vir mais cedo, com o ‘Chega-te à Frente’. Vamos também agora já no início da próxima época promover a Fan Zone, estamos a trabalhar nisso. A experiência do match day é importante. Fizemos um investimento forte nos bares, em termos de qualidade o feedback é que a melhoria é significativa, quer na oferta quer na comodidade. Estamos a tentar, de forma estratégica e holística, trabalhar cada um destes pontos, seja para aumentar a média de assistência, seja também para trazer os sócios para dentro do estádio mais cedo.
A aproximação ao território, numa interação com as freguesias, nomeadamente a criação de espaços do clube nas freguesias, é algo que continua a estar em cima da mesa?
Não no mesmo modelo que era preconizado, mas sim, pretendemos fazer uma aproximação geográfica às freguesias, ao concelho, até aos concelhos vizinhos numa lógica de proximidade. Vamos começar a trabalhar num serviço de proximidade às freguesias, diretamente no que diz respeito aos associados. Temos um modelo no futebol profissional, o ‘Conquistadores On Tour’, que já foi a Viana do Castelo, Fafe, Famalicão. Isto para dizer que estamos a tentar fazer esta proximidade e alargamento geográfico, seja dentro do concelho, seja nos concelhos vizinhos. Temos trabalhado com algumas juntas de freguesia alguns modelos que vamos lançar, que tem que ver com a responsabilidade social do Vitória, trabalhar a questão da inclusão, que está relacionado com os valores que foram apresentados com os equipamentos e que são os valores do Vitória. Vamos arrancar com um trabalho de proximidade com os associados em termos geográficos, mas também nas instalações do estádio estamos a trabalhar algumas novidades para ter uma proximidade maior, até na relação e no contacto com os associados no dia-a-dia. Fechamos recentemente alguns protocolos que achamos que serão vantajosos para os sócios, vamos dar a conhecer brevemente.