Os jogos a eliminar são fantasmas que habitam o D. Afonso Henriques
A síndrome de clube com mais eliminações por equipas de escalões inferiores conheceu um novo episódio este sábado, em pleno Estádio D. Afonso Henriques, desta feita a contar para a Taça da Liga. O Vitória recebeu o Tondela e perdeu com a formação que ocupa o 16.º lugar da Segunda Liga e só vencera um jogo nesta época; muito compactos na defesa e sempre aptos a encontrarem rotas para o contra-ataque, os beirões acabaram por justificar o triunfo por 1-0 e ao apuramento para a fase de grupos da Taça da Liga, pese o golo feliz de Daniel dos Anjos.
O ponta de lança brasileiro decidiu a partida aos 55 minutos num livre direto em que a bola tabelou na barreira vitoriana, traindo Bruno Varela, que se esticou para chegar à bola, sem sucesso. Estava assim selado o infortúnio do Vitória, naquela que até parecia a melhor fase da equipa de Paulo Turra em campo.
A história da partida da segunda fase da Taça da Liga quase se pode resumir à etapa complementar; a primeira foi um longo bocejo. O Vitória circulou, circulou e circulou para trás e para os lados, mas raras foram as ocasiões em que atalhou caminho para a baliza à guarda de Ricardo. Com Tomás Ribeiro em vez de Villanueva no lado esquerdo da defesa e Jota Silva encostado à esquerda para suprir a lesão de Afonso Freitas – Safira ocupou o seu lugar na frente de ataque -, a equipa de Paulo Turra foi quase inofensiva; as exceções foram dois lances criados por André Silva – jogador com uma exibição um degrau acima dos colegas – e concluídos por Safira. A pontaria esteve desafinada… por pouco, aos 33 e aos 45 minutos. Antes, o Tondela ameaçou num lance do ex-vitoriano Abdoulaye Ba.
O contexto do encontro motivou Paulo Turra a trocar Miguel Maga e Alisson Safira por Bruno Gaspar e por Nuno Santos ao intervalo; a equipa pareceu despertar da letargia com uma série de movimentos que causou sobressaltos na área beirã. Essa onda praticamente morreu com o golo dos auriverdes. O Tondela agarrou-se com todas as forças à vantagem, fechou-se em torno da sua área e travou a manobra ofensiva vitoriana com concentração, antecipação e poder de choque; foram muitos os duelos físicos ganhos pelos homens de Tozé Marreco.
Forçado a vários passes laterais, o Vitória entregou-se ao desespero dos cruzamentos para a área, mas sem sucesso. Abdoulaye e Luís Rocha estavam lá para anular a reação vitoriana, cada vez mais ténue e desorientada à medida que o cronómetro avançava.
Manuel Oliveira apitou pela última vez e a eliminação consumou-se: depois da eliminação da Liga Conferência Europa às mãos do Celje, na segunda pré-eliminatória da prova, o Vitória SC está de fora de outra competição. Restam-lhe duas para a temporada 2023/24: o campeonato e a Taça de Portugal.