Numa tarde de sol, um triunfo do Vitória ensombrado pela angústia
O choque, a consternação e, depois, o silencio marcaram uma tarde que, olhando para o resultado final, parecia ter os condimentos para a celebração em comunhão entre os comandados de Moreno e os milhares de adeptos vitorianos presentes no estádio. Afinal o Vitória alcançara o segundo êxito consecutivo e destacara-se na luta pelo sexto lugar, ao chegar aos 47 pontos. Mas o sucedido ao minuto 27 do encontro Vitória e Vizela tudo o que lhe antecedeu e sucedeu no relvado: um espetador no patamar superior da bancada sul do Estádio D. Afonso Henriques caiu para o patamar inferior, ficando ali estatelado.
Perante o choque generalizado, as equipas médicas de ambas as equipas, assim como os elementos da Cruz Vermelha Portuguesa presentes no recinto. O jogo parou por 13 minutos até o adepto em causa ser encaminhado para o Hospital Senhora da Oliveira. A consternação percorria as bancadas em redor, havendo casos de pessoas a sentirem-se mal na bancada Neno (a nascente) e a serem prontamente atendidas.
Mesmo com 20.031 pessoas nas bancadas, o ambiente do estádio não foi mais o mesmo; o silêncio foi o padrão que acompanhou o resto do jogo, ocasionalmente quebrado pelos festejos nos golos de André Silva e de Afonso Freitas e pelos aplausos aos vitorianos substituídos.
Esse acidente marcou assim o triunfo mais confortável da temporada, entre portas, a materializar uma entrada muito forte em campo, o desenho ofensivo certeiro após o reatamento do encontro e o lampejo individual de Afonso Freitas na segunda parte, quando o Vizela ganhava algum ascendente, embora incipiente, apenas perigoso em dois cabeceamentos do central Anderson.
Moreno confiou no mesmo onze que encerrou o jejum de vitórias na Madeira, frente ao Marítimo, e a decisão resultou frente a um Vizela que contou com os regressos de Osmajic e de Nuno Moreira aos titulares. A primeira oportunidade surgiu logo ao segundo minuto, num remate de André Silva que saltitou duas vezes nos ferros, e deu o mote para um quarto de hora de total supremacia, assente na dinâmica de Jota Silva e Mikey Johnston nas alas.
O golo inaugural surgiu, porém, de bola parada: Mikel Villanueva apareceu solto de marcação no coração da área após canto de Mikey Johnston e cabeceou de cima para baixo, para o fundo das redes.
A perder, o Vizela arriscou um pouco mais, mas com pouco incómodo para a baliza de Bruno Varela, até que o acidente do minuto 27 alterou, por completo, a atmosfera em redor do jogo. O Vitória até foi a equipa que melhor respondeu à interrupção, dilatando a vantagem no minuto seguinte: Mikey Johnston, mais uma vez, destacou-se na esquerda e desferiu um cruzamento teleguiado para o cabeceamento de André Silva ao ângulo inferior direito.
O golo dava tranquilidade a um Vitória que geriu a vantagem na segunda parte, mesmo com uma reação mais assertiva do Vizela: Anderson subiu à área contrária e ameaçou as redes vimaranenses em dois cabeceamentos, mas Afonso Freitas esvaziou o ímpeto que restava aos comandados de Tulipa no lance mais bonito do encontro. O lateral esquerdo fletiu da ala para o corredor central e colocou a bola fora do alcance de Buntic. Estavam assim fechadas as contas de um jogo aparentemente tranquilo, ensombrado por um acidente do qual ainda não se conhecem todas as consequências.