O caminho para a liderança residia na ligação André Silva-João Mendes
A performance de João Mendes nesta tarde teve duas faces e, no fim, prevaleceu a mais resplandecente: o médio teve problemas nos duelos e em alguns movimentos sem bola, mas foi sempre o que mais procurou arriscar nas bolas a endossar a Jota Silva e a André Silva. Com dois avançados predispostos a diagonais (André Silva) e a movimentos corredor fora (Jota Silva), o médio continuou a tentar ruturas perante um Vizela quase sempre compacto na hora de defender e foi recompensado pela sua perseverança: o ex-Chaves entrou na área, arriscou, ganhou o ressalto, depois a linha final e cruzou para o segundo poste, onde André Silva conseguiu o golo que muito ansiava, de cabeça.
Estava assim aberto o caminho para o triunfo, consolidado com um golo do médio de 28 anos, e para a liderança à condição da Liga Portugal Betclic. Este início de campeonato pauta-se por três vitórias, com três treinadores: Moreno, João Aroso e Paulo Turra, que esteve pela primeira vez no banco de suplentes, embora inscrito na ficha de jogo como delegado – tal deveu-se ao processo de obtenção de equivalência ao Nível IV da UEFA, ainda em curso.
No primeiro jogo ao leme, Paulo Turra conservou o modelo que o Vitória adotou neste início de temporada: disposta em 3x5x2, a formação de Guimarães apresentou-se com João Mendes em vez de Dani Silva no onze e quis empurrar o Vizela mal soou o apito inicial de Miguel Nogueira. O cruzamento de Bruno Gaspar da direita, intercetado por Anderson aos 47 segundos, é disso exemplo.
A turma de preto e branco manteve essa onda nos primeiros minutos, mas um remate de Nuno Moreira em posição frontal à baliza ainda de fora da área – foi à figura de Bruno Varela, ao minuto sete – prenunciou uma mudança no curso do jogo. Os anfitriões continuaram com mais iniciativa, mas sucumbiram várias vezes à pressão vizelense no corredor central, ora por erros na circulação de bola, ora por inferioridade numérica no miolo. A circunstância originou vários contra-ataques azuis, alguns deles em igualdade numérica perante a defesa vitoriana, mas sem uma clara ocasião de golo.
Foi preciso esperar até à meia hora de jogo para o Vitória contornar as armadilhas contrárias e conduzir a bola até à área contrária em posse. Ao recompor-se dessa quebra, a equipa vimaranense tornou-se igualmente mais perigosa, com André Silva a desperdiçar por pouco um erro de Buntic na reposição de bola e João Mendes a atirar por cima no mesmo minuto. Ainda assim, faltaram sempre as ocasiões evidentes de golo nas aproximações à área, quer do Vitória, quer do Vizela. Os guarda-redes só tiveram de estar atentos num remate de Samu, aos 37 minutos, e num desvio de André Silva a cruzamento de Jota Silva, aos 45+4.
Muito ativo no lado vizelense, Matías Lacava protagonizou o primeiro remate do segundo tempo, antes de o Vitória se instalar no meio-campo contrário, à frente de um adversário fechado num 5x4x1, à procura de tapar todo e qualquer espaço para a sua baliza. Os homens de Paulo Turra circularam a bola para a esquerda, circularam a bola para a direita e sofreram nas ocasiões em que perderam a bola; entre as várias ocasiões em que o trio defensivo foi pronto-socorro, Essende obrigou Bruno Varela a defender para canto.
A paciência vitoriana acabou por se impor à explosão vizelense, fazendo iluminar os marcadores do Estádio D. Afonso Henriques: João Mendes avançou pelo lado esquerdo da área, foi feliz no ressalto, ganhou a linha final e cruzou direitinho para André Silva cabecear para o fundo das redes sem oposição.
A partir daí, o controlo do desafio nunca mais escapou ao Vitória. O Vizela esboçou novos contra-ataques pelo corredor central, mas o meio-campo revelou-se mais preciso a conter as ameaças a partir daí. E foi precisamente num desses lances a meio-campo que encontrou o atalho para o golo da tranquilidade: Tiago Silva recuperou, André Silva segurou e isolou João Mendes, que atirou cruzado e rasteiro, entre as pernas de Buntic.
Cabia ao Vizela a partir daí lançar-se para o ataque em busca de um outro resultado, mas, com o papel de assumir o jogo, a acutilância do homens de Pablo Villar esvaiu-se. Nem a expulsão de Nuno Santos, cinco minutos após se estrear com a camisola do Vitória, mudou o curso dos acontecimentos.