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“Voltámos a ativar a vida da Casa do Povo de Ronfe”

Bruno José Ferreira
Sociedade \ domingo, outubro 22, 2023
© Direitos reservados
A mais antiga do concelho em funcionamento ultrapassou a crise destas estruturas nos anos 80 do século XX e “afirmou-se como um polo dinamizador de atividades culturais, recreativas e associativas”

Há uma década, a Casa do Povo de Ronfe (CP Ronfe) praticamente estava sem atividade. A mais antiga do concelho em funcionamento ultrapassou a crise destas estruturas nos anos 80 do século XX e “afirmou-se como um polo dinamizador de atividades culturais, recreativas e associativas”. Capaz de envolver a comunidade da vila de Ronfe, com Daniel Rodrigues ao leme foi possível recuperar o edifício, mas ainda há obra a fazer.

 

A CP Ronfe, a mais antiga do concelho em atividade, está prestes a completar 90 anos, sendo que está na presidência há sensivelmente uma década. Como olha para o percurso que tem sido feito?

Quando cheguei à CP Ronfe, as dificuldades eram muitas, a instituição estava praticamente com a sua atividade suspensa. Voltámos a ativar a vida desta instituição, criando novamente o grupo de folclore, secções como atletismo, música, dança ou teatro. Ao fim de 10 anos, podemos dizer que a Casa do Povo voltou a estar viva, a ter atividade, e a estar ao serviço da sua comunidade.

Neste percurso foi necessário fazer um conjunto de obras, já que o edifício estava em muito más condições. Fizemos a recuperação do edifício, começámos com uma obra logo em 2013/2014 e a última foi na altura da pandemia. Foram gastos cerca de 70 mil euros no edifício. Tivemos o contributo, em parte, da Câmara Municipal de Guimarães, e o resto são receitas nossas que fomos angariando ao longo destes anos, com uma gestão muito rigorosa. Trata-se de um edifício que foi inaugurado a 1 de maio de 1939, um edifício já muito antigo, um dos mais bonitos em Ronfe. Por isso a conservação é muito importante para nós.

 

Numa fase em que o associativismo passa por tempos complicados, em que o voluntariado não é o mesmo de outros tempos, a CP Ronfe tem conseguido regenerar-se?

É verdade que o voluntariado não é o mesmo, as pessoas estão muito afastadas. A nossa estratégia, desde início, passa por dar autonomia às secções e é com essa autonomia que conseguimos dar liberdade para que as pessoas desenvolvam a sua atividade, como é o caso do judo, do rancho folclórico e do atletismo. Temos também parcerias com outras associações da terra, como a Associação de Agricultores de Ronfe, que faz várias iniciativas tradicionais, como, ou a Associação Juvenil Voar Alto, com quem também desenvolvemos iniciativas. No fundo, damos autonomia às nossas secções e criamos parcerias com outras associações que possam utilizar as instalações da Casa do Povo de Ronfe e aí desenvolver a sua atividade. Dessa forma conseguimos combater este problema do afastamento das pessoas das associações.

 

Como está a CP Ronfe a nível de associados?

Não tem muitos, até porque o nosso objetivo não é cobrar quotas, é tentar ter pessoas a trabalhar na Casa do Povo, e temos tido nos últimos anos. Temos cerca de uma centena de sócios ativos neste momento, mas temos mais de duas centenas de pessoas envolvidas nas atividades da associação. Às vezes nem é a questão do sócio, que pode pagar a sua quota e não contribuir com nada. O importante é ter pessoas envolvidas na dinâmica.

 

Trata-se, portanto, de uma associação importante para a vila de Ronfe.

A CP Ronfe está a ter o seu papel de ser uma força viva na vila de Ronfe. As Casas do Povo tiveram um percurso, desde 1934, no fundo para ajudar os agricultores na questão das reformas e outros aspetos. Nos anos 80, muitas foram transformadas em IPSS, com lares e creches, e outras tornaram-se associações culturais e recreativas, como é o nosso caso. Em Ronfe, a vertente social está ligada ao Centro Social de Ronfe – e está bem entregue –, e a CP Ronfe acabou por estar muito tempo sem atividade; encontrou o seu espaço como um polo dinamizador de atividades culturais, recreativas e desportivas. É este o nosso papel. Recentemente fizemos um trail e uma caminhada solidária, em que estiveram 1500 pessoas em Ronfe, não só de Ronfe, mas do sul do concelho. Antes tivemos o festival de folclore, depois uma chega de bois e garraiada e após isso o trail. Em duas semanas tivemos três atividades.

 

Depreende-se, por isso, que a CP Ronfe tem oferta diversificada que dá resposta a todas as franjas da população.

Sim, é isso. Tentamos ter oferta para quem gosta de desporto, de cultura, de tradições, um pouco de tudo. Para quem gosta de correr, ou jogar à bola, mas também para quem gosta de música, de dança e de cinema. Tentamos desenvolver atividades que sirvam toda a população. É esse o nosso papel.

 

Que objetivos tem para o futuro da instituição?

No edifício principal, as obras foram, essencialmente, na parte de fora, mas ainda faltam algumas coisas no interior e falta também, no terreno junto ao edifício, na parte de trás, criar condições que permitam quer a Associação de Agricultores quer o folclore, desenvolverem a sua atividade, para que as nossas secções possam trabalhar, com espaços renovados, melhores, em que possam ter as suas coisas.

“Há gente para dar continuidade a este trabalho”

Daniel Rodrigues, advogado de profissão, está à frente da Casa do Povo de Ronde há sensivelmente uma década, função que exerce depois de ter sido presidente da Junta de Freguesia de Ronfe por um período semelhante. Em conversa com o Jornal de Guimarães, o atual líder máximo da instituição admite que “não esperava estar tanto tempo à frente da Casa do Povo”.

Ainda assim, recordando a década que esteve a liderar a autarquia local, considera que é “tempo suficiente” como “contributo a esta terra”. A sua ambição passa por terminar este mandato, no qual serão assinalados 90 anos da Casa do Povo de Ronfe no próximo ano.

“Quero festejar os 90 anos da Casa de Povo de Ronfe como presidente da direção, no próximo ano, e terminar o meu mandato, mas depois penso que, obviamente, existem pessoas que poderão dar continuidade aos destinos desta associação”, defende Daniel Rodrigues.

Lembrando que, em 10 anos praticamente reativou a associação e fez intervenções consideráveis no seu património, o advogado é da opinião que as pessoas não se devem perpetuar nos cargos. “Sou daqueles que defende que as pessoas não devem estar muito tempo nos cargos, devem cumprir o seu papel, a missão a que se propõem; neste caso o meu papel e a minha missão foi recuperar a casa, proporcionar que voltasse a ter atividade, o que foi conseguido”, sustenta.

Em relação ao futuro, Daniel Rodrigues diz que “faltam fazer algumas coisas”. Vai continuar a trabalhar em parceria com o município e com o Estado, através de candidaturas, para proporcionar as melhores condições possíveis às secções da Casa do Povo de Ronfe, acreditando que “há em Ronfe gente que pode dar continuidade a este trabalho”.

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