Voltas do Pão: com expressões artísticas é possível “reforçar a memória”
O que é que a música, o teatro e outras expressões artísticas têm em comum com o processo tradicional de confecionar o pão à maneira antiga, como se fazia nos moinhos? Tudo, se nos estivermos a reportar à iniciativa Voltas do Pão, promovida pel’A Oficina; ela “reforça e constrói a memória do processo de fazer pão, para que as gerações mais novas percebam como é que as coisas se faziam e como é que os cereais chegam à mesa em forma de pão”.
Inserido no âmbito do Remoinho, “um projeto participativo com base na investigação feita por Liliana Duarte sobre o património molinológico” foi passado do património material para o imaterial, através deste legado, explica Catarina Pereira, diretora artística da Casa da Memória de Guimarães. “Reunimos vários artistas locais para trabalharem com as pessoas estas várias expressões artísticas”, lembrando a música com Samuel Coelho, o canto com Luís Almeida e Madalena Gonçalves, ou o teatro com Manuel Ferreira.
Entre atividades na Casa da Memória ou no terreno, como por exemplo no Moinho do Pigeiro, em Santa Maria de Souto, o projeto é feito para que “as pessoas reúnam” e interajam com expressões artísticas em torno de uma “memória ainda viva, que pessoas de gerações mais velhas vão contando e têm presente”. “Hoje já há pouca gente a fazer o pão, e a moagem está mesmo em vias de extinção”, aponta Catarina Pereira, concluindo que essas reflexões “através do pensamento artístico” servem para a comunidade decidir, em conjunto, se a tradição é “para preservar ou não”.
O projeto tem um ano de duração, com encerramento agendado para maio. Para já, considera a diretora da Casa da Memória, “o feedback é positivo”, com os “grupos ecléticos de pessoas”, de idades entre os nove e os 60 anos a divertirem-se. “No dia 26 de maio, faremos o encerramento do projeto em São Torcato: um lanche comunitário com música e com os fornos do terreiro de São Torcato a funcionar”, finaliza, em jeito de convite.