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“A Política e a Politiquice”

Miguel Oliveira
Opinião \ terça-feira, março 19, 2024
© Direitos reservados
Na política, como em qualquer outra área, a credibilidade “não cai do céu”, é preciso cumprir com a palavra, cumprir com os programas eleitorais e acima de tudo não entrar em demagogias.

Sendo a primeira vez que escrevo para o Jornal de Guimarães, não posso deixar de começar por agradecer o convite que me endereçaram para aqui poder partilhar algumas opiniões. Fazer ainda um pequeno aparte, apesar de estar nas funções de Chefe de Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Guimarães, quero aqui clarificar que, enquanto cidadão, tenho todos os meus direitos e deveres intactos de poder dar as minhas opiniões sobre os assuntos que bem entender, opiniões que só me devem vincular e responsabilizar a mim próprio enquanto Cidadão.

Iniciei a minha vida política, ainda enquanto estudante, penso que ainda não tinha 20 anos, como membro da Assembleia de Freguesia de Pinheiro, depois, com a licenciatura em direito, seguiu-se o estágio na Ordem dos Advogados, tendo aberto escritório próprio, juntamente com a minha esposa e colega e curso, no ano de 2007 (até ao ano 2015). Em 2009 aceitei ser candidato à junta de Freguesia de Urgezes, tendo ganho 3 eleições, permanecendo no cargo até 2021, ano que atingi o limite legal de mandatos.

Estamos num tempo agora que o cidadão comum quase se assusta quando se fala de política! Faz sentido? Há razões para tal acontecer? Se calhar há!

Contudo, sou da opinião que, no geral, se está a confundir Política com “Politiquice”!

Vejamos, política TODOS, repito, TODOS, fazemos!

Para percebermos melhor do que estou a falar, vou contar uma pequena estória, verídica, que se passou comigo há 15 anos, no ano de 2009, quando decidi aceitar o convite de me candidatar à Junta de Freguesia de Urgezes. Entre outras iniciativas, reuni com diversas pessoas, umas para as convidar para o projecto, outras simplesmente para as ouvir e colher contributos. Com algumas (e não foram tão poucas quanto isso), quando iniciava a conversa e lhes dizia o motivo, na maioria quando lhes falava em política, quase que me “fugiam” pela mesa fora, dizendo “eu não percebo nada de política” “, “eu não quero nada com a politica”, “valha-me Deus meter-me na politica”!

Pois bem, perante pessoas tão assustadas, consegui acalmá-las e prometer que não lhes falava mais de política! Dizia-lhes então: “vamos falar sobre a nossa Freguesia de Urgezes, sobre a nossa comunidade, o que precisamos, o que não precisamos, o que está bem, o que está mal, etc.”. Passado poucos minutos, quase todos, que não queriam nem percebiam nada de política, já falavam mais do que eu, cheios de ideias, cheios de projectos, pelo que no final lhes desabafava: “estão a ver que afinal percebem e gostam de política”!

Política é isto, política é tudo que diga respeito ao viver em comunidade, ao viver em sociedade, as necessidades, os projectos, as valências, a saúde, a cultura, o social, a solidariedade, a educação, o desporto, a habitação, etc, etc.

Todos fazemos política, mais não seja a opinar sobre algum assunto, porque entendemos que é melhor ser de uma forma ou outra. E a política não é da exclusividade de quem está em cargos públicos, na Câmara ou nas Juntas, faz política quem dirige os destinos de Associações, IPSS, Paróquias, Clubes, empresas, voluntários, o cidadão comum, todos fazemos política, pode ser política de índole social, desportiva, religiosas, empresarial, etc., sempre numa lógica de oferecer algo à sociedade no geral, ao viver em comunidade.

Com a política as pessoas não têm, nem se podem assustar, bem pelo contrário. Assustam-se porque confundem política com “politiquice”, sobre a qual, por limitação de texto, me vou aqui abster de abordar.

Nos 12 anos que presidi aos destinos da Junta de Freguesia de Urgezes, com o único objectivo de deixar uma Freguesia melhor do que aquela que encontrei. Para tal, apresentei um conjunto de ideias, projectos e obras, que as pessoas sufragaram e aprovaram (no segundo mandato com maior votação do que no primeiro e no terceiro mandato ainda maior votação do que na segunda eleição), e que efetivamente foram concretizadas. Confesso que foi o cargo político que mais me realizou até hoje!

Na política, como em qualquer outra área, a credibilidade “não cai do céu”, é preciso cumprir com a palavra, cumprir com os programas eleitorais e acima de tudo não entrar em demagogias, nem em vaidades de quem só quer ir para os cargos “para se servir” e não para servir, colocar os projetos pessoais á frente dos projetos coletivos, e aí é que temos, na maior parte das vezes, a “politiquice”.

Sim, gosto da política! Sim, todos fazemos política! Sim, sinto-me muito bem, sinto-me muito melhor comigo próprio, em servir e poder ajudar os outros! Fi-lo na Junta de Freguesia, Faço-o na Câmara Municipal, antes e hoje em diversas associações, e é meu desejo continuá-lo a fazer no futuro, contudo, estarei também sempre preparado para deixar a política e regressar à minha atividade de formação, à Advocacia.

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