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Vilar de Mouros, um Festival para Veteranos!!

Pedro Conde
Opinião \ quarta-feira, agosto 23, 2023
© Direitos reservados
Sem me aperceber passei para veterano de Festivais. Vi os Festivais nascer em Portugal, a sua evolução e diversificação. Joguei nos infantis, juniores, seniores e agora passei para Veterano.

Sempre fui um jovem de Paredes de Coura e esse sempre foi o meu Festival de eleição. Aquele anfiteatro natural é ímpar em Portugal (aliás no mundo), e vi lá dos melhores concertos da minha vida. Sou visitante assíduo desde 1998, recordo por exemplo desse ano ver pela primeira vez os Zen ou os Clã ao vivo, bons tempos e grandes concertos. No ano anterior, 1997, tinha feito a minha estreia nos festivais (e em concertos de grandes dimensões), no Imperial ao Vivo, no Porto, onde vi na mesma noite Beck, Smashing Pumpkins e Skunk Anansie, uma grande estreia também. Nessa altura vivíamos em Portugal a transição dos grandes espetáculos em estádios para o aparecimento dos Festivais, e assim vivi em primeira mão o aparecimento de alguns dos grandes Festivais nacionais. De todos nunca nenhum para mim chegou aos calcanhares de Paredes de Coura. Foram verões e verões no Couraíso, com concertos colossais, Korn, Incubus, Arcade Fire, Foo Fighters, Queens of The Stone Age, até Coldplay...

Com o passar dos anos e fazendo “fast forward” para tempos recentes, dei por mim a sentir-me deslocado em Paredes de Coura, no meu Paredes de Coura?? Mas como assim?

Efetivamente 80% do público era mais novo que eu, o recinto onde dantes conseguia ver os concertos superconfortável (muitas vezes sentado) estava agora inundado de público, e beber uma cerveja já não era a tarefa fácil de há alguns anos visto as filas serem cada vez maiores. A nível dos concertos também notei uma mudança. Não vou falar de não conhecer grande parte do cartaz, porque isso sempre foi das melhores características deste Festival, ser surpreendido por concertos fantásticos de bandas que nunca tinha ouvido falar, mas a verdade é que as surpresas foram reduzindo ao longo dos anos, assim como os cabeças de cartaz de peso.  Então dei por mim a pensar: “Mas será que estou a ficar velho demais para Festivais??” Sim, o tempo passou e já não tenho 20 anos, é um facto, e cada vez sou menos paciente, e menos permeável a ouvir coisas que não gosto. Mas terei esgotado a minha validade para Festivais??

Vi por mim assim a entrar numa crise existencial, e a pensar, bem, chegou se provavelmente a hora de arrumar as botas, a tenda, e dar lugar às novas gerações de curtirem o Festival.

Nesse desespero, e sem planear, dei por mim a entrar no recinto de Vilar de Mouros, que já não visitava há uns bons anos. Logo à entrada senti um ambiente diferente, vintage J. Haviam centenas de jovens, mas de há 20 anos atrás, vestidos com as t-shirts de há 20 anos atrás, prontos para dar tudo como há 20 anos atrás... cabelos bastante mais grisalhos, é certo, mas o espírito?? A 110%... Bem, lá entrei meio desconfiado, e a primeira coisa que fiquei admirado foi, em dia “sold out” (com Prophets of Rage e Gogol Bordello) era fácil beber uma cerveja, ver o palco, e se me doessem as costas, sentar-me mais atrás e ver os concertos sem problema. Pensei “Eh lá, o que é isto?!!” As bandas começam, e ora bem, a nível de concertos, não tive grandes surpresas, é verdade, apenas confirmações e espetáculos de primeira liga. Bandas de primeira divisão mundial, todas com décadas de experiencia em Festivais e palcos para milhares.

Devo dizer que fiquei alegremente surpreendido. Na edição seguinte repeti a dose, e ainda foi melhor, com um Iggy Pop como Maestro a ensinar como se faz esta treta do rock com uma categoria que efetivamente só se deve conseguir aos 75 anos de idade... Condições ainda melhores de recinto (com a exceção da cerveja, que se torna difícil de ir buscar, mas é pelo preço!!!), e uma filosofia diferente do resto dos Festivais que visitei.

Então pensei, afinal a idade nada tem a ver, aliás prova é o Iggy Pop que com 75 não está velho. E quando dei por mim o sentimento de peixe fora de água desapareceu...  

Cheguei assim a uma conclusão. Sem me aperceber passei para veterano de Festivais.  Vi os Festivais nascer em Portugal, a sua evolução e diversificação. Por isso no campeonato dos Festivais joguei nos infantis, juniores, seniores e agora passei para Veterano, e Vilar de Mouros é claramente a personificação desta categoria. Vilar de Mouros, como o mais maduro dos Festivais soube reinventar-se e renascer das cinzas, criando um novo tipo de linha e um conceito que efetivamente me surpreendeu direcionado para os mais velhos. É fácil encontrar Avós, filhos e netos no mesmo grupo, assistirem aos mesmos concertos o que eu acho ser uma comunhão cultural verdadeiramente fantástica do gosto pela música. Espero que as pressões e ambições financeiras não o desvirtuem no futuro.

Claro que todos os anos continuo a dar a minha perninha em Paredes, mas efetivamente passei a sentir-me mais no meu ambiente natural em Vilar e este ano voltarei certamente. Ainda mais porque a organização já confirmou que será “Let´s Party like it´s 1999”, lema dos veteranos Limp Bizkit (alusão ao seu concerto mítico no Woodstock 99), que estão já confirmados no “line-up”, por isso esta edição promete.

 

Good Time Locomotive

Relativamente a novos projetos nesta edição vamos falar dos “Good Time Locomotive”. Sediados em Londres, lançaram no passado dia 15 de Maio o seu single de estreia, Lines of Symmetry, acompanhado de videoclip disponível em todas as plataformas digitais da banda. Sonoridade marcadamente pop/rock com um groove fantástico, onde ninguém consegue ficar indiferente. Acrescentar ainda a particularidade de que o “frontman” desta nova banda inglesa é nada mais nada menos que o nosso conhecido Hugo Leite, taipense de gema que partiu há já alguns à conquista do seu sonho da música para terras de sua majestade. Fiquei verdadeiramente feliz ao ver as suas ideias a ganhar forma. Hugo foi vocalista de várias bandas tais como os Ice in Flames ou os Wild Boose. O disco está para breve por isso fica a sugestão!

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