Microplásticos: o inimigo “invisível”
O termo “microplásticos” refere-se a uma minúscula partícula de plástico, que pode equiparar-se a um centésimo de um fio de cabelo humano, e que é produzida através da fragmentação de plásticos maiores. O plástico é um material produzido em massa desde a década de 1950, período em que o consumo generalizado de bens cresceu. Deste plástico, menos de 10% foi reciclado desde então. Recentemente, um estudo realizado por investigadores do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) da Universidade do Minho revelou ter encontrado a presença destes microplásticos em organismos de três rios do Norte de Portugal, Ave, Selho e Vizela - sendo algumas destas zonas ecologicamente preservadas. Mas quais são as implicações deste fenómeno?
Os microplásticos estão mais perto do nosso quotidiano do que aquilo que imaginamos. Para além de resultarem de fragmentos de plásticos maiores, como a degradação de sacos ou de garrafas, os microplásticos encontram-se presentes, por exemplo, em produtos de beleza e higiene diária. Afinal, quem nunca utilizou uma pasta com “placas” que prometeram branquear os dentes? Estas “placas” não são mais do que resultado de fragmentação de plásticos que, para além de poluírem o meio ambiente, representam uma ameaça para a saúde. Outro exemplo bastante comum do microplástico no dia-a-dia está presente em determinados componentes de roupas que utilizamos, como o poliéster. As roupas sintéticas carregam uma grande percentagem de microplásticos, que são libertados durante a produção da roupa, o uso ou até mesmo, a lavagem. Todos os microplásticos resultantes do uso destes produtos acabam nos ecossistemas, seja através do seu escoamento via esgoto doméstico, ou, por exemplo, por via de descargas industriais.
O debate em torno dos microplásticos não está apenas circunscrito às alterações climáticas - afeta, e muito, a saúde dos seres humanos. E de que modo é feito o consumo de microplásticos? Primeiro, os microplásticos podem ser consumidos por inalação, ou seja, o ar contém microplásticos que são libertados pelo desgaste de objetos de plástico e de tecidos sintéticos. Outro modo de consumo já mencionado, está associado à absorção pelo contacto com a pele, através dos produtos de consumo que, em contacto com a pele, facilitam a presença desta substância no organismo. O terceiro modo como os microplásticos são consumidos diz respeito à ingestão: para além de estarem presentes em bens de consumo fabricados, a crescente presença de microplásticos nas águas e nos ecossistemas, facilitam a sua presença em produtos como o sal ou no organismo de animais que são fonte de alimento, como peixes. Este consumo de microplásticos traz consequências a longo prazo, sobretudo se pensarmos em doenças como cancro.
Mas então, o que podemos fazer para reduzir a quantidade de microplásticos? Para além de promover uma consciencialização para este problema, da monitorização das águas dos rios, e do tratamento de águas residuais, podemos adotar pequenas medidas no nosso quotidiano. Reduzir a quantidade de microplásticos implica pensar na redução do uso de plásticos descartáveis - uma garrafa de água de plástico, por exemplo, pode ser facilmente substituída pelo uso de uma garrafa reutilizável, preferencialmente de aço inoxidável. Outro exemplo em que pode ser utilizada uma opção não descartável diz respeito ao armazenamento de alimentos, que deve ser feito utilizando recipientes de vidro. Adicionalmente, podem ser utilizados sacos reutilizáveis, sobretudo de tecido, em idas ao supermercado. Já no domínio das roupas, a melhor medida para combater o consumo de microplásticos é utilizar peças fabricadas com fibras naturais, ao invés de fibras sintéticas, como o poliéster. Vamos pensar em nós e no Planeta?