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No dia 11 os portugueses escolheram lutar

Francisca Sousa
Opinião \ terça-feira, dezembro 16, 2025
© Direitos reservados
No período pré-greve os estudos diziam que a paralisação do país custaria cerca de 700 mil euros para a economia.

Dia 11 de dezembro de 2025 – greve geral convocada. O motivo? O tão falado pacote laboral que o governo de Montenegro quer impor. Milhares ficaram revoltados, muitos não compreenderam o que isto implica. Para clarificar, o pacote laboral é uma série de medidas que, como é usual, foram divulgadas em linguagem pouco acessível a todos e que visam a redução dos direitos dos trabalhadores em Portugal. De entre essas medidas, é possível destacar, a título de exemplo, a facilitação dos despedimentos – que permite aos empregadores despedir sem justa causa um trabalhador -, o recuo dos direitos de parentalidade e, também, o possível aumento da carga de trabalho, sem qualquer forma de remuneração sobre esse trabalho extra.

Mediante a possibilidade de aprovação deste pacote altamente restritivo, foi, então, convocada uma greve geral. As greves gerais, desde a génese da democracia portuguesa em 1974, ocorreram 11 vezes – a maioria em governos do PSD, sendo a única exceção as greves de 2007 e 2010, nos governos de José Sócrates. Mediante esta tendência, e a tendência para os governos liderados pelo PSD para trazer cortes nas leis laborais e nos direitos dos trabalhadores, era expectável que, com o surgimento da ideia deste pacote laboral, surgisse a possibilidade de uma nova greve. Independentemente de ideologias políticas, ideias e sindicatos, é comum a ideia de que os trabalhadores são o motor do sistema e que não vai ser este governo e este pacote laboral que vai fazer com que anos de luta por mais direitos caiam por terra.

No dia 11 de dezembro, Luís Montenegro faz uma declaração ao meio dia a dizer que “Portugal escolheu trabalhar”. Mas terá sido mesmo assim? No período pré-greve os estudos diziam que a paralisação do país custaria cerca de 700 mil euros para a economia – o que reafirma a ideia de que o motor do nosso sistema são os trabalhadores, aqueles que acordam cedo todos os dias para abrir lojas, trabalhar em fábricas, ou abrir o seu minimercado para a comunidade.

Aqueles que deixam os filhos nas creches e escolas – ao cuidado de mais trabalhadores, que dão o seu importante contributo para cuidar dos outros. No dia 11, todos saíram à rua, num dia em que o país escolheu lutar.

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