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Uma profissão, uma missão: Ser Solicitador

Filipa Manuela de Oliveira
Opinião \ sexta-feira, maio 09, 2025
© Direitos reservados
Ser Solicitador é uma vocação que se sente e se honra. É uma profissão que exige mais do que saber: exige entrega, responsabilidade, compromisso, ética e humanidade.

Permita-me, caro leitor, que hoje me desvie de forma excecional da partilha habitual de conteúdos práticos ou reflexões jurídicas pensadas para o seu quotidiano. Conceda-me esta liberdade por hoje, para repousar o rigor técnico e dar lugar à emoção. Talvez seja por isso que este seja o artigo que mais tempo me levou a escrever. Há assuntos que não se explicam, sentem-se. E escrever sobre aquilo que se ama e que se faz é, incrivelmente, uma das tarefas mais árduas.

Ser Solicitador não é apenas uma profissão, é um ofício de convicção e entrega. Amanhã, 10 de maio, celebramos o Dia Nacional do Solicitador, evocando com solenidade a memória de um momento fundador: corria o ano de 1468 quando Sua Majestade El-Rei D. Afonso V confere a Brás Afonso o título de “Solicitador régio dos feitos e coisas da Justiça”. Foi esse o primeiro marco escrito e reconhecido da nossa existência profissional que hoje orgulhosamente recordamos como raiz da nossa identidade.

Celebramos, assim, uma profissão nobre e comprometida, dinâmica, resiliente e vibrante. Esta profissão que eu e mais de quatro mil colegas escolhemos, que nos molda e nos inquieta, que nos rouba tempo ao sossego e aos nossos, mas que também nos realiza e nos preenche de um orgulho que pulsa no ofício, nas causas que aceitamos e na Justiça que servimos — este orgulho que se impõe sem ruído, com a força serena de quem sabe que serve com propósito — merece, hoje, este espaço de homenagem.

Ser Solicitador é uma vocação que se sente e se honra. É uma profissão que exige mais do que saber: exige entrega, responsabilidade, compromisso, ética e humanidade. O Solicitador é um artesão do Direito. Não se limita à letra da lei, conhece-lhe as curvas e as formas. É uma presença constante nos momentos-chave da vida: na compra de uma casa, na decisão de constituir uma empresa, na tempestade de uma quezília familiar ou no peso da burocracia enfrentado em tempos de perda de bens ou de entes queridos.

O Solicitador é o ouvinte mais atento e o cineasta mais visionário. Ouve a história toda — incluindo os silêncios — e, com sensibilidade e técnica, projeta o desfecho antes que o enredo se complique. Traduz a complexidade do quotidiano em soluções jurídicas claras, humanas e justas. É guardião de memórias e de documentos que carregam mais do que tinta: são fragmentos de vidas. E, tantas vezes, vê antes dos outros: lê nas entrelinhas, intui os problemas que nem sempre foram confessados e encontra respostas onde o cliente só via incertezas.

Só no concelho de Guimarães, mais de oito dezenas de Solicitadores, todos os dias, abrem as suas portas aos seus clientes, trazendo-lhes a confiança e o alento de quem não percebe, muitas vezes, o que diz um papel ou que diferença a receção de uma carta pode fazer na vida de alguém.

O Solicitador está sempre onde o seu cliente não pode estar, trazendo a clareza onde há dúvida e o apoio onde há angústia. O Solicitador é um profissional liberal de foro que serve a Justiça e os cidadãos. O Solicitador responde às necessidades dos cidadãos e das empresas, tendo como missão primordial auxiliar na proteção dos seus direitos, no alerta para o cumprimento de deveres, dirimindo os problemas comuns no acesso à Justiça e à Administração, por via da representação.

Onde há um Solicitador há um bastião da legalidade, o eco de séculos de uma Justiça servida com honra - sempre viva e sempre em marcha.

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