Voltar a pensar a política dos transportes
Diariamente, milhares e milhares de pessoas circulam dentro de Guimarães – assim como milhares de vimaranenses se deslocam para outras cidades. Quem circula todos os dias nas vias públicas é confrontado com a dura realidade dos transportes e as crescentes dificuldades de circulação em Guimarães, e com a promessa de melhoria, que, por não estar ainda cumprida, torna difícil o dia-a-dia dos que se têm de deslocar distâncias maiores dentro e fora do concelho.
O sistema de autocarros urbanos de Guimarães, desempenha um importante papel na mobilidade dos e das vimaranenses. No entanto, e apesar do mais recente orgulho numa frota 100% elétrica, foi esquecido o mais importante – uma frota suficiente e com horários aprazíveis à vida em Guimarães. O Guimabus ainda não chega a todos os pontos do concelho – e, em determinados casos em que chega, não dispõem de um horário para um trabalhador ou um estudante que necessite do autocarro para se deslocar. Assim, de que modo é que os e as vimaranenses podem frequentar os transportes públicos no seu dia-a-dia?
Contando um exemplo pessoal, em tempos de estudante tive um trabalho de verão, nas Taipas. Sendo eu de Creixomil, e não dispondo de outro meio de transporte, obtive o passe do Guimabus. O trabalho era por turnos, o que implicava, em determinados dias, terminar de trabalhar pelas 20 horas – um horário incompatível com os autocarros que circulam em Guimarães, sendo que o único autocarro que tinha para regressar à central de camionagem era às 22 horas.
Com esta carência de soluções, os e as vimaranenses vão continuar a optar pelo uso de automóveis, o que continuará a prejudicar o dia-a-dia de todos e todas. O uso do automóvel traz problemas – todos vivemos com os fortes congestionamentos e com a pressão sobre o estacionamento, porém o uso excessivo do automóvel na nossa cidade também traz consequências maiores. A poluição do meio ambiente afeta, a longo prazo, a saúde dos seres humanos, trazendo problemas - se pensarmos na polução do ar associada aos automóveis - como doenças respiratórias ou cancro.
Guimarães enquanto cidade turística, cidade de habitação, cidade dos vimaranenses, tem uma crescente necessidade de repensar políticas de mobilidade que promovam alternativas ao carro e, claro, acessíveis a todos e todas. Assim, repensar a mobilidade implica desenvolver um sistema de transportes que sirva todas as freguesias, em horários que realmente coincidam com a vida em Guimarães, e que sejam gratuitos. Com estas medidas, o uso dos meios de transporte públicos será mais apelativo, e melhorará a circulação em Guimarães, contribuindo para uma melhoria do congestionamento da cidade e uma melhoria da questão da poluição do meio ambiente.