A Biblioteca faz 30 anos. E vai continuar a “fazer leitores” com este Plano
Há 30 anos, o “interior escondido” da Biblioteca Municipal Raúl Brandão (BMRB) diferia muito do que as fachadas albergam hoje. Porquê? Porque cresceu. Em 1992, a BMRB tinha 15 mil documentos, hoje conta com cerca de 300 mil, à qual se junta uma comunidade de 38 mil leitores. Em dia de números redondos – aos 30 anos do polo de conhecimento, os 155 do nascimento do escritor portuense “com alma vimaranense”, Raul Brandão. O dia de comemorações serviu de mote para apresentar o novo Plano Local de Leitura (PLL), que “quer valorizar o trabalho da biblioteca e acrescentar”, ressalvou a vereadora da cultura, Adelina Paula Pinto.
Participação e envolvimento são palavra-chave para um plano que quer ser mais “do que um documento escrito”, assinalou a também vice-presidente do município. “Queremos ajudar a fazer leitores”, ressalvou. Esse será o novo capítulo de uma “história de sucesso”: é que a BMRB “marcou muitos”, recordou. “Comecei a ler na biblioteca, muitos se fizeram leitores aqui”.
E o que quer este Plano Local de Leitura? Fernando Azevedo explica: “O plano tem como lema ‘Ler é Património’”, querendo “funcionar como um instrumento de política integrada de promoção de leitura”. O docente do Instituto de Educação da Universidade do Minho (UMinho) assinalou ainda que o objetivo passa por estabelecer parcerias com instituições e “olhar a todos os parceiros que promovem a leitura”. Entre 2022 e 2027 o município quer, com este programa, incentivar a escrita e reforçar a leitura por prazer no concelho.
O primeiro passo será diagnosticar hábitos de leitura, passando depois à cartografia dos projetos de leitura e aproximar (ainda mais) a Biblioteca da comunidade. “Queremos que as coisas sejam participadas, com o envolvimento da comunidade de escritores, de artistas, das várias comunidades escolares”, referiu a vereadora Adelina Paula Pinto, que lembrou também o trabalho feito pelas 50 bibliotecas escolares do concelho e dos três polos da BMRB descentralizados: Caldas das Taipas, Lordelo e Pevidém.
A aproximação a outros públicos é um dos desígnios e vão ser pensados projetos que não descurem o público sénior, promover encontros com escritores, ou empreender um serviço de leitura no estabelecimento prisional de Guimarães.
Uma biblioteca para combater anseios
Este “polo dinamizador de cultura”, como referiu a diretora da BMRB, Juliana Fernandes, perspetiva já o futuro. “Queremos uma biblioteca moderna, assente em objetivos reais e capaz de acompanhar os anseios da comunidade e dar respostas aos seus problemas”, frisou. Um dos primeiros passos é o Plano Local de Leitura, que quer “tapar carências” e contribuir para a evolução “dos níveis de leitura”.
O PLL quer também contribuir para derrubar alguma “resistência à leitura por parte da nova geração”. A vice-reitora da UMinho para a Cultura e Património, Joana Aguiar e Silva, destacou a leitura como “um veiculo fundamental de construção de cidadania” e um refúgio “contra a solidão, contra o stress, sofrimento”. Em pleno auditório da BMRB, vincou o carácter basilar e persuasivo de qualquer biblioteca física”. “É forçoso proteger os espaços que guardam livros”, rematou.