António Almeida & Filhos tem passivo de 23,4 milhões de euros
Já havia rumores, mas agora é certo que a António Almeida & Filhos (AAF) está em processo de insolvência. Fundada em 1956, a empresa de Moreira de Cónegos é a única que resta ao grupo MoreTextile, após a venda da JMA, de São Martinho do Campo, à Felpinter e a venda da Coelima à famalicense Mabera. E agora os 185 trabalhadores que ali laboram têm o seu futuro em risco.
Um dos anexos da declaração de insolvência, consultado pelo Jornal de Guimarães, mostra que o passivo da têxtil ascende aos 23,4 milhões de euros, repartido por 414 credores. O Novo Banco é a instituição com mais créditos junto da AAF, totalizando 9,2 milhões de euros (39% do total).
Parte dessa verba está relacionada com o acordo-quadro de reestruturação financeira, celebrado com diversas instituições bancárias em 8 de abril de 2011, altura da restruturação dos passivos do trio de empresas que constituiu a Moretextile. O documento indica que “parte significativa” do valor desse crédito é assegurado por hipotecas sobre imóveis do grupo têxtil.
Entre os restantes credores, incluem-se o Fundo de Recuperação, simultaneamente acionista indireto e credor da AAF, com 950 mil euros (4% do total), o Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas, com quase 900 mil euros, e o Banco Comercial Português, com 143 mil euros. A Morecoger, entidade associada à Moretextile para a cogeração de energia elétrica, e a própria Moretextile são os outros principais credores.
Quanto aos prazos do passivo, o de curto prazo ascende a 19,72 milhões, respeitando a financiamentos (38%) e a dívidas a fornecedores (36%), na sua maioria.
Administrador da Insolvência é Bruno Pereira
A sentença de declaração de insolvência, proferida pelo Tribunal Judicial de Guimarães na quarta-feira, nomeou Bruno Pereira como Administrador da Insolvência da AAF. O documento esclarece ainda que qualquer credor tem 30 dias para reclamar os créditos.
A assembleia de credores vai ser marcada para o “45.º dia seguinte à declaração da insolvência”, pelo que decorrerá a 27 de agosto, indica o documento. O objetivo, lê-se, é “deliberar a venda do estabelecimento comercial a um terceiro” no âmbito de “um processo transparente e competitivo”.
A empresa tem atualmente 185 trabalhadores, sem quaisquer salários em atraso. Nos documentos, a AAF justifica a “apresentação à insolvência com a insuficiência de fluxos operacionais” para “fazer face ao passivo corrente da sociedade”, no contexto da incerteza global que emergiu em 2020”, em resultado da pandemia de covid-19. A atividade nos principais mercados onde a AAF operava ficou restringida.
Em 2020, a faturação caiu 46% face ao exercício anterior, o que, na perspetiva da AAF, determina “impossibilidade” de se cumprirem as obrigações a “muito curto prazo”.