Bairros Comerciais Digitais aprovados, mas candidatura “não correu bem”
A candidatura da Câmara Municipal de Guimarães ao programa Bairros Comerciais Digitais foi aprovada, mas com financiamento condicionado pela reprogramação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. “A candidatura foi aprovada, mas não correu bem”, admitiu o presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, durante a reunião do executivo municipal.
Ano e meio depois de ter anunciado a intenção de obter um financiamento de dois milhões de euros para as cerca de 500 lojas na Alameda de São Dâmaso, o Toural, a rua de Santo António, a rua Paio Galvão e a rua Gil Vicente, Guimarães obteve o 95.º lugar entre 160 candidaturas, o último que assegura financiamento, embora condicionado. Apresentados pelo Governo na quarta-feira, esses resultados traduzem um financiamento total de 77 milhões de euros a cerca de 25 mil lojas.
Desagradado com a circunstância, um dos vereadores da coligação Juntos por Guimarães, Ricardo Araújo, lembrou que a candidatura de Braga, um dos concelhos vizinhos de Guimarães, obteve a melhor avaliação entre todas as candidaturas e questionou a qualidade do projeto. “O que mais me preocupa não é o projeto ser financiado ou não. O que me preocupa é o que significa a posição de Guimarães neste projeto. Devemos apresentar um projeto que esteja na liderança e na linha da frente. Quando ficamos com esta posição na avaliação o que me preocupa é que o projeto não tenha a qualidade que deveria ter”, vincou.
O vereador que acompanhou o processo reconhece a insatisfação com o resultado, até porque entende haver um projeto “com muita mais qualidade” do que aquela espelhada pelo resultado da candidatura; Paulo Lopes Silva alega que Guimarães ocupava um dos primeiros lugares numa primeira fase de avaliação das candidaturas, pelo que se afirma surpreendido com a classificação final. “Isso levou-nos a fazer uma contestação do processo. Temos confiança absoluta na qualidade técnica do projeto”, refere.
Os Bairros Comerciais Digitais preveem, por exemplo, a instalação de equipamentos digitais nas lojas e de múpis no espaço público com informações sobre comércio, estacionamento, mobilidade e agenda cultural. Guimarães assumiu a intenção de aliar essas valências a uma área mais vocacionada para o peão, o que vai ao encontro da pedonalização da área entre a rua de Santo António e a ala norte da Alameda de São Dâmaso, objetivo assumido pela Câmara.
Oposição estranha parceria da CEVAL. Executivo lamenta falta de união no comércio
Ricardo Araújo manifestou ainda estranheza por ver a candidatura realizada em parceria com a CEVAL, a Confederação Empresarial do Alto Minho, sediada em Ponte de Lima. Na resposta, Paulo Lopes Silva realçou que essa associação integrava a candidatura como parte da ConfMinho, a Confederação Empresarial da Região do Minho, que ainda agrega as sub-regiões do Cávado e do Ave.
Para o vereador responsável pelos sistemas inteligentes e de informação, falta a Guimarães uma entidade que agregue toda a entidade empresarial em Guimarães para entrar com mais força na candidatura, ideia corroborada pela vice-presidente da Câmara, Adelina Paula Pinto. “Temos muito interesse que o comércio na cidade tenha sucesso. Só com este cruzamento vamos conseguir. Os interesses são diversificados, os ruídos são muitos e a fragilidade do movimento associativo existe. Precisamos de uma associação comercial forte. Só unidos, os comerciantes conseguem ter força e impacto”, realçou.
O vereador social-democrata rejeitou que “a má classificação de Guimarães seja culpa do tecido empresarial”, apesar de considerar fazer falta a Guimarães "uma associação empresarial e industrial forte", como sucessora da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, definitivamente extinta em 2021, em assembleia de credores.