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Bragança diz que cidade não está pronta para autocarros em faixas dedicadas

Redação
Política \ quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Presidente da Câmara realçou que essa é uma das conclusões retiradas do teste de mobilidade decorrido há uma semana. A experiência falhou por ocorrer num dia chuvoso, reconheceu o autarca.

No teste de mobilidade realizado em 08 de janeiro, uma quarta-feira chuvosa e ventosa, os veículos de transporte coletivo dispuseram de faixas exclusivas na Avenida Conde de Margaride, na rua Paio Galvão e na Avenida D. Afonso Henriques. Realizada em simultâneo com o corte do trânsito entre a ala norte da Alameda de São Dâmaso e a rua de Santo António e com a redução do tráfego na Avenida D. João IV ao sentido descendente, a experiência mostrou que o coração urbano de Guimarães não dispõe de condições para ter faixas exclusivas para autocarros, considerou o presidente da Câmara Municipal.

“Estes testes mostraram que não temos cidade para ter corredores dedicados de transporte. Damos prioridade à pedonalização. A prioridade em todo o concelho é que o autocarro tenha sempre sítio próprio para parar sem perturbar o trânsito. Esses pedidos são sempre complicados juntos da Infraestruturas de Portugal. Na estrada até Lordelo, se tivéssemos paragens fora das faixas de rodagem, a mobilidade melhorava consideravelmente”, realçou, à margem da reunião do executivo municipal de segunda-feira.

Para o autarca, a inadequação de todo o espaço físico à circulação dos autocarros em virtude das alterações de sentidos de trânsito foi um dos erros cometidos no teste: “Os autocarros tiveram dificuldades em momentos de grande tráfego, em momentos em que tiveram de fazer manobras. Na Avenida D. Afonso Henriques, percebeu-se que os ramos das árvores não permitiam a passagem dos autocarros”, acrescentou.

Mas a principal falha da experiência foi a escolha de um dia marcado pela chuva e pelo vento. Inicialmente marcado para a época de Natal, o teste foi adiado – e bem, na perspetiva de Bragança, uma vez que esse período está longe de corresponder ao padrão habitual de mobilidade – e deveria tê-lo sido outra vez. “Foi um erro por parte da Câmara não ter adiado o teste. O teste avalia a mobilidade urbana da cidade, mas correspondente a um padrão normal da mobilidade. Um dia de tempestade seria o primeiro fator para o adiamento, porque não corresponde ao padrão normal da nossa cidade”, explicou.

O presidente da Câmara explicou ainda que o teste serviu principalmente para projetar o futuro da Avenida D. João IV, cuja circulação voltou à normalidade pela hora do almoço, ao contrário do inicialmente previsto, e disse não ter “dúvidas sobre a vantagem competitiva e qualitativa da pedonalização para o comércio do centro da cidade”, até porque “não aconteceu nada de especial” com a continuidade da interdição do eixo que corresponde ao futuro bairro comercial digital.

Na reta final do seu terceiro e último mandato na Câmara, Domingos Bragança vincou ainda que testes de mobilidade como os de 08 de janeiro não se vão repetir. Os modelos preditivos baseados em inteligência artificial serão a opção privilegiada. “Não há necessidade de repetir este teste no centro da cidade. Já colocámos sensores com base na inteligência artificial. Passou a ideia que não estávamos a fazer testes com base na inteligência artificial, mas não é verdade”, realçou.

 

Bruno Fernandes: “Parece que estamos a arranjar pretextos para adiar projetos”

A avaliação de Domingos Bragança ao teste de mobilidade deu-se na sequência de questões levantadas por Bruno Fernandes, da coligação Juntos por Guimarães (JpG). O vereador da oposição realçou que transitar na cidade já é, por vezes, “um teste de stress e de paciência”, face ao “pântano rodoviário” a que se assiste, sem resolução da saída para Silvares na variante de Creixomil, e perguntou se não haveria outros mecanismos para obter os resultados proporcionados pelo teste.

“Não há outra forma de fazer os testes? Com tanta tecnologia, com tanta digitalização e ferramentas ao dispor do decisor, é preciso complicar desta forma a vida aos automobilistas? Haverá outras soluções sem parar tudo, sem alterar as rotinas? Foi uma semana crítica do ponto de vista climatérico, com o regresso dos alunos às escolas”, disse.

O vereador militante do PSD disse ainda que “todo o planeamento falhou”, com a Câmara a “fazer o oposto do que deve fazer” para dar mais conforto pedonal aos vimaranenses, e duvidou da pertinência dos testes numa fase em que, por exemplo, o anteprojeto para a Avenida D. João IV já é conhecido, sendo mais que expectável o impacto da obra na vida das pessoas.

“Este teste da mobilidade trouxe à tona outros problemas. A intervenção na Avenida D. João IV é estruturante. Já sabemos que uma obra vai causar problemas. É preciso que o impacto seja minimizado. Parece que estamos a arranjar pretextos para adiar projetos para este mandato. “Passam mais de seis meses dos projetos preliminares e continuamos sem os projetos finais. Passam os anos e não se percebe o que se quer para o centro da cidade”, realçou.

Convencido de que a pedonalização deve avançar em articulação com a reorganização do trânsito e o comércio de rua, Bruno Fernandes criticou ainda o facto de militantes do PS divulgarem a interrupção do teste de mobilidade na Avenida D. João IV antes de a própria Câmara o fazer por meios oficiais.

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