Censos 2021: Guimarães é o município que mais jovens perde no Quadrilátero
Trabalho gráfico: Pedro C. Esteves e Tiago Mendes Dias
Em 2011, Guimarães tinha 19.956 habitantes entre os 15 e os 24 anos de idade. Em 2021 década, o município acolhe 17.410 residentes jovens.
Numa década, a população nessa faixa etária encolheu 12,8%, a diminuição mais acentuada entre os municípios do Quadrilátero Urbano e a segunda mais elevada entre os 24 concelhos do país com mais de 100 mil pessoas, apurou o Jornal de Guimarães a partir dos resultados provisórios do Censos 2021.
A diminuição de jovens é assim um dos fatores que explica a quebra de população de Guimarães nos últimos 10 anos. No restante Quadrilátero, Braga praticamente manteve a população entre os 15 e os 24 anos – desceu 0,4% de 22.098 para 22.017 habitantes. Famalicão, por seu turno, viu essa franja diminuir 6,2%, ficando com 15.025 residentes, enquanto Barcelos reúne 13.991 pessoas, após uma quebra de 10,8%.
Já na comparação com os sete municípios vizinhos, Guimarães apresenta uma diminuição superior às de Braga e de Famalicão, já referidas, bem como a da Póvoa de Lanhoso (7%) e inferior às de Vizela (13,2%), Fafe (13,5%), Santo Tirso (14,4%) e Felgueiras (16,9%).
Quanto aos concelhos mais populosos de Portugal, só o Funchal apresenta uma redução mais acentuada face a Guimarães: 16,6%, das 13.316 para as 11.106 pessoas entre os 15 e os 24 anos. Na outra ponta do espectro, Setúbal registou o maior aumento percentual (8,4%) nessa faixa etária, seguido de Oeiras (8,3%) e de Cascais (8,3%). A diminuição sentida em terras vimaranenses superou a de todo o território nacional (5,1%) e a da região Norte (9,4%).
Além da diminuição, Guimarães apresenta o rácio mais baixo de população jovem face à população total no Quadrilátero, embora um dos mais elevados do país, o que confirma as menções à juventude quando se fala do Minho. Entre os 156.849 habitantes do concelho do Vale do Ave, 11,1% tem entre 15 e 24 anos. No lote dos maiores concelhos nacionais, a percentagem é apenas superada por Sintra (12,1%), Barcelos (12,0%), Braga (11,4%) e Famalicão (11,2%). Matosinhos apresenta o resultado mais baixo nesse capítulo: 9,8%.
Crianças já são menos de 20 mil após quebra de mais de 20%
Segundo o mais recente Censos, Guimarães tem, em 2021, 19.587 habitantes entre os 0 e os 14 anos; esse número significa uma quebra de 20,7% face há 10 anos, quando se incluíam 24.707 pessoas nessa faixa etária. A diminuição foi ligeiramente inferior à do Norte (21,7%), mas superior à variação média nacional (15,3%).
A diminuição acompanhou a tendência de Vila Nova de Famalicão (descida de 20,8%) e de Barcelos (quebra de 26,4%), bem como dos restantes municípios vizinhos – a perda de crianças foi mais acentuada em todos eles, à exceção de Braga. No município mais populoso do distrito, a população entre os 0 e os 14 anos diminuiu 9,8%, dos 29.667 para os 26.756 habitantes.
No lote dos 24 maiores concelhos nacionais, as perdas mais vincadas distribuíram-se pelo Norte e pela Madeira: Guimarães apresentou a sexta diminuição mais saliente, acima de Famalicão, Gondomar (20,8%), Santa Maria da Feira (22,1%), Funchal (22,9%) e Barcelos, que apresentou o resultado mais negativo.
Com a diminuição verificada, Guimarães tem agora 12,5% de pessoas nessa faixa; assim, um em cada oito vimaranenses tem entre 0 e 14 anos. É o rácio mais pequeno entre os municípios do Quadrilátero - em Braga, as crianças perfazem 13,8% da população, em Famalicão 12,8%, e em Barcelos 12,6% - e o quinto mais baixo do lote nacional, com o Porto a apresentar o mais baixo (11,6%).
Quadrilátero apresenta as maiores percentagens de população adulta
Nos concelhos com mais de 100 mil habitantes, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão – por esta ordem – são os que apresentam as mais elevadas percentagens de adultos; em Braga, os habitantes entre os 25 e os 64 anos perfazem 56,6% da população total do concelho, em Guimarães, essa percentagem é de 56,4% e em Famalicão é de 56,3%. Barcelos fica-se pelos 55,7%, o sexto maior valor nacional, depois da Maia (56,0%) e do Funchal (55,9%). O rácio mais baixo (51,4%) pertence a Oeiras.
Quanto aos municípios mais próximos, Vizela (57,8%) e Felgueiras (57,1%) apresentam percentagens superiores de adultos a Braga e a Guimarães, que, ao longo da última década, perdeu 3.338 habitantes nessa franja, fixando-se nos 88.523 em 2021; a diminuição foi de 3,6%.
Ainda assim, essa variação foi a oitava melhor numa tabela nacional liderada por Braga, que foi o único município com a população adulta a crescer; tem agora 109.397 habitantes nessa faixa, após subida de 3,4%. Já Famalicão registou uma quebra de 3,4% nessa franja e Barcelos uma diminuição de 4,6%. A descida mais acentuada verificou-se em Matosinhos: a população adulta caiu de 103.230 para 94.443 habitantes (8,5%).
Um concelho mais velho: um em cada cinco vimaranenses supera os 65 anos
Guimarães foi o terceiro município em que a população mais velha cresceu, quer entre vizinhos, quer entre os maiores de Portugal. Há 10 anos, o concelho albergava 21.564 pessoas com mais de 65 anos. Hoje tem 31.239 nessa condição. Em virtude da subida de 45,3%, Guimarães apresenta 20% de população acima dos 65 anos: em 2021, um em cada cinco vimaranenses está nessa faixa etária.
Entre os vizinhos, apenas Vizela – crescimento de 53,8% - e Braga – 47,2% - sentiram um crescimento mais acentuado. O município dominado pela cidade dos Arcebispos registou, aliás, o maior crescimento entre os mais populosos do país, seguido do Seixal (46,7%).
Apesar do crescimento da população idosa estar em plena aceleração, o Minho é ainda a região onde as franjas de pessoas acima de 65 anos são globalmente mais baixas. Guimarães apresenta o quarto rácio mais elevado entre os vizinhos, atrás de Santo Tirso (24,6%), de Fafe (23,1%) e da Póvoa de Lanhoso (22,4%), e o mais elevado do Quadrilátero, mas o sétimo mais baixo no país.
Abaixo de Guimarães, encontram-se Barcelos e Famalicão (ambos têm 19,7%), Maia (19,4%), Vila Franca de Xira (18,5%), Braga (18,2%) e Sintra (17,9%). Já o Porto é o município onde a população acima dos 65 anos mais se evidencia: perfaz 26% do total.