Geografia A “agradou” no encerramento da 1.ª Fase dos Exames Nacionais
“Foi mesmo fácil!”, exclamou Lisandro Domingos para Pedro Teixeira, quando cruzou o portão da Escola Secundária Francisco de Holanda, pouco depois das 11h30. Fê-lo com a energia de missão cumprida, após um desafio de duas horas que encapsulou tudo o que aprendeu em Geografia A; o exame referente à disciplina encerrou um ciclo de duas semanas de provas nacionais, iniciado a 02 de julho, com Português.
Enquanto folheava o enunciado do exame nacional com o colega de turma, o aluno do 12.º LH2 (Línguas e Humanidades) dizia ao Jornal de Guimarães que as “questões de interpretação”, de resposta mais curta, eram “diretas e intuitivas” e que as perguntas de desenvolvimento “ainda mais intuitivas eram”.
No documento, as imagens da Europa, do Algarve ou da ria de Aveiro acompanhavam questões sobre “recursos hídricos, União Europeia, o trabalho, a produtividade, zonas urbanas e clima”; estava lá contida a matéria praticamente toda. “De forma geral, gostei do exame. Do que estudei, saiu praticamente tudo”, resume o estudante de 17 anos.
Ao lado, Pedro Teixeira assume ter feito o exame para melhorar a nota de 2019/20, quando estava no 11.º ano e obteve um 14; o resultado até serve para entrar no curso universitário que deseja, mas preferiu voltar à sala de aula para fazer um “exame melhor”. Quanto às matérias inscritas na prova, o aluno de 18 anos considerou-as “acessíveis”. “Saíram umas matérias que até nem acho complicadas e correu bem”, disse.
Mesmo à beira da soleira do portão, um grupo de quatro alunos do 11.º LH3 consultava o enunciado com a ajuda de uma professora; queriam perceber se tinham acertado ou não nas questões. Feita a análise, Vitória Ribeiro estava confiante. “Foi acessível. Estava dentro do que demos nas aulas. Foi só relacionar as coisas”, esclareceu.
Docente de Geografia há 21 anos, 12 deles na Xico, Carla Mota corroborou as palavras dos alunos. “O exame é acessível. Vai ao encontro do que o programa exige. As perguntas são relativamente acessíveis e atuais, que é uma coisa normal nos nossos exames”, indicou ao Jornal de Guimarães.
Uma das questões de desenvolvimento pedia aos alunos para “elaborarem propostas em de criação de um comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid”, descrevendo-se “as vantagens para ambas as cidades”; a ligação à atualidade portuguesa é algo recorrente nos exames de Geografia, o que, para Carla Mota, tem vantagens e desvantagens.
“Tem-se todos os anos que as perguntas incidem demasiado sobre a cultura geral e menos sobre a cultura específica, que são os conteúdos programáticos. Mas isso é um problema inerente à geografia, que se baseia bastante na cultura geográfica do território”, referiu, antes de dizer que, na globalidade, o exame “está bem conseguido”.
Já na Escola Secundária de Caldas das Taipas, cerca de 20 alunos entre os 30 inscritos realizaram a prova de Geografia A nesta sexta-feira.
Menos alunos para provas com questões facultativas
A pandemia alterou as circunstâncias em que os exames nacionais decorrem; desde o ano letivo transato, os estudantes precisam somente de realizar as provas que lhes dão acesso à universidade ou ao politécnico para completarem o Ensino Secundário. Gerou-se assim uma tendência decrescente na comparência aos exames que se prolongou nesta primeira quinzena de julho.
Na Francisco de Holanda, inscreveram-se cerca de 80 alunos para Geografia A, mas nem todos marcaram presença nas salas; havia cinco, com lotação para 16 estudantes em cada. “Houve salas que tinham oito a dez alunos. Outras estavam cheias”, disse Carla Mota.
Na Escola Secundária Martins Sarmento, havia 60 inscritos no exame de Geografia A e compareceram 30. A disciplina seguiu o padrão das outras, adiantou ao Jornal de Guimarães Ana Maria Silva, diretora do antigo Liceu desde 2017: manutenção do número de alunos, após a redução de 2019/20. “No ano passado, houve uma redução. Neste ano, tivemos um número quase igual”, descreveu. A discrepância entre as várias disciplinas: em Matemática A, cerca de 300 fizeram o exame. No Desenho, foram 27.
Na orla do Parque da Cidade, a Escola Básica e Secundária Santos Simões teve 320 alunos a realizarem exames. No caso de Geografia A, compareceram somente oito entre os 20 inscritos. “Há alunos que se inscrevem e depois verificam que, atendendo à média interna e aos cursos que pretendem seguir, não precisam do exame, neste caso de Geografia”, explica Benjamim Sampaio, membro da direção do Agrupamento de Escolas Santos Simões desde 2007.
O exame com mais presenças foi o de Português, face aos inúmeros cursos a que garante acesso, e depois os de Matemática, de Física e Química e de Biologia e Geologia – nestas duas últimas disciplinas, cerca de 60% dos alunos fez as provas, revela.
O professor aproveitou ainda para projetar uma descida nas notas médias dos exames nacionais; a razão é o aumento do peso das respostas obrigatórias face ao das respostas facultativas, introduzidas em 2019/20. “Nessas respostas, há, por exemplo, cinco valores que resultam de dez questões. Podem responder às dez, mas se acertarem cinco e errarem cinco, têm os valores todos”, explicou.
Alguns desses exercícios facultativos estavam em Geografia A. E foram uma ajuda para os estudantes. “Dão uma maior liberdade aos alunos na escolha das questões. E também uma maior confiança, porque sabem que, se alguma pergunta correr menos bem, têm outras com que podem compensar”, observa Carla Mota.
Provas mais difíceis? Talvez a de Matemática A
Fechada a 1.ª Fase de exames, Benjamim Sampaio admite que o “grau de dificuldade” nos exames de Matemática A, de Física e Química e de Biologia e Geologia “aumentou ligeiramente”, com base nas perceções dos alunos e dos professores que são júris.
No caso da Martins Sarmento, a diretora realça somente a Matemática como disciplina em que a dificuldade foi “maior; a partir dos testemunhos dos alunos e dos professores coadjuvantes, Ana Maria Silva realça que a prova foi sobretudo trabalhosa. “Os alunos tiveram 150 minutos mais meia hora de tolerância e precisaram do tempo todo. Era muito trabalhoso em termos de cálculo. No Desenho, também aumentaram o tempo de realização do exame durante a própria prova”, frisou.
Fáceis ou difíceis, os exames tiveram de se realizar sob condições de segurança que evitassem a propagação do novo coronavírus. No antigo Liceu, os alunos distribuíram-se por mais salas, o que obrigou a uma presença reforçada de professores. O mesmo processo foi levado a cabo na Santos Simões, com os alunos a serem aconselhados a chegarem à escola pelas 8h30 (nos exames matinais), por razões logísticas. “Para que tudo corra em segurança, pedimos para virem mais cedo. Corre bem, porque há uma entrada lateral do próprio edifício que serve só para a realização dos exames”, explica Benjamim Sampaio.
Um caso de covid-19 na Martins Sarmento e dois nas Taipas
A incidência cumulativa da covid-19 subiu em Guimarães ao longo do último mês, causando um ligeiro impacto na realização dos exames. Na Martins Sarmento, houve uma aluna que ficou em isolamento profilático e que falhou a 1.ª Fase, sendo obrigada a realizar as provas na 2.ª, em setembro.
“Só houve um caso na escola, de uma menina. As coisas estiveram muito calmas a esse nível. É uma situação equivalente à de um acidente ou à de um aluno que é internado. Temos de solicitar autorização para que o aluno possa realizar exame na 2.ª Fase”, explicou Ana Maria Silva.
* com Hugo Marcelo e Pedro C. Esteves